Thuani Barbosa
“Se você não viu, não aconteceu”. Frases de efeito, várias descobertas, dois finais diferentes e ainda mais complexidade nas salas. Escape Room 2: Tensão Máxima nos promete tudo isso e entrega, ainda que deixando outras lacunas. O suspense traz salas mortais se assemelhando a Jogos Mortais de uma forma menos cruel, mas ainda assim arrepiante. O filme também tem sua pegada de thriller psicológico, como O Poço, de uma maneira muito diferente, mas que causa a mesma sensação aflita na espera do próximo minuto. O torneio dos campeões chegou às telas de cinema arrasando na bilheteira e deixando os fãs sem ar – literalmente.
Lançado em 2021, o filme é uma continuação de Escape Room, o primeiro longa que teve destaque mundial, arrecadando 155,7 milhões de dólares e conquistando fãs ansiosos pela franquia. A temática de salas de sobrevivência tem sido extremamente explorada no século da geração Z, principalmente se tratando do contexto asiático. Títulos como Round 6, a nova série queridinha da Netflix, e sua precursora, Alice In Borderland, tem chamado atenção dos amantes de thrillers e elevado o conceito das salas de fuga.
A trama se inicia com Zoey (Taylor Russell) e Ben (Logan Miller) planejando uma viagem para descobrir quem está por trás do jogo que quase os matou, para assim, finalmente enfrentar seus demônios interiores. Mas o que os surpreende é que eles caem mais uma vez na teia tecida pela Minus, e se deparam em um vagão de metrô com mais quatro participantes/sobreviventes de outras salas de fuga.
Um problema com continuações é que a comparação com a obra original jamais vai embora. Assim, é fato dizer que a segunda produção deixa a desejar no sentido de envolvimento com os novos personagens. De certo modo, isso é compreensível, pois os produtores priorizaram os antigos como Ben, Zoey e até Amanda (Deborah Ann Woll), para manter as histórias linkadas, mas ainda assim, a falta de ligação com o novo elenco deixa a sensação de algo incompleto. Diferentemente do primeiro longa, onde se tinha tempo e oportunidade para se apaixonar ou odiar o cast, no segundo, não somos servidos dessa vantagem de conhecer bem a vida de cada um.
Em Escape Room 2, um momento a se destacar é o contato entre Rachel e Zoey, quando elas conversam e se descobre que Rachel sofre de uma doença que a impede de sentir dor física. Diante desta informação, os desafios são elevados a um maior nível de sofrimento, e já que por uma certa repetição do Cinema o telespectador espera que alguns personagens sobrevivam, este sofrimento repentino aumenta a adrenalina e expectativa do público.
O uso da vida de Sonya (Tanya Van Graan), filha de Amanda, foi muito interessante para o jogo e também para os fãs atentos, que pegaram as pistas no decorrer da história e puderam se satisfazer com a surpresa de rever uma personagem antiga. Mesmo assim, a sensação de que a história está incompleta é incessante. Já o fato de descobrir que o que não é visto pode não ter acontecido nos faz imaginar o futuro do padre que foi soterrado pela areia no terceiro desafio, e esperar pelas próximas surpresas.
O final divulgado nos cinemas é extremamente inteligente, fazendo o público retomar o fim do primeiro longa e ainda relembrar o trailer de uma forma sutil e quase inconsciente, o que deixa a cena do avião mais intrigante, deixando os fãs na espera de uma continuação para assim finalizar a história de Zoey. Já o final da versão estendida, que traz a filha de Sonya, é totalmente inesperado, abrindo um questionamento sobre a linha de tempo da narrativa. Em entrevista, o diretor Adam Robitel disse imaginar um crossover com Matrix, o que deixa os fãs da franquia imaginando se ele já não está fazendo isso.
Os defeitos de Escape Room 2 são facilmente ofuscados pela confusão de pensamentos que os dois finais juntos deixam na mente dos fãs, e a expectativa para a continuação da franquia é incessante. Diante de tantos desafios mortais, o que mais fica gravado na mente do espectador é a possibilidade que os finais trazem para a sequência, ainda mais com a atuação impecável da possível sociopata Claire interpretada por Isabelle Fuhrman.