Estante do Persona – Setembro de 2024

Imergindo no universo literário, o Persona marcou presença na maior edição dos últimos dez anos da Bienal Internacional do Livro de São Paulo (Texto de Abertura: Jamily Rigonatto / Arte: Aryadne Xavier)

Chegando a sua 27ª edição, a Bienal Internacional do Livro de São Paulo –  o maior evento literário da América Latina – ocorreu dos dias 06 a 15 de Setembro de 2024. A editoria do Persona esteve presente no primeiro domingo, 08/09, para conferir lançamentos, estandes e discussões que compuseram a programação do dia. Os integrantes acessaram o espaço credenciados como Imprensa para realizar a cobertura.

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Beckham: por trás de todo homem, nem sempre há uma Spice Girl

Fotografia de David e Victoria Beckham veiculada no documentário Beckham. Da esquerda para a direita na imagem, David e Victoria sorriem para a câmera que, por sua vez, os capturam a partir dos bustos. Ele é um homem branco de cabelos e olhos claros, enquanto ela é uma mulher branca de cabelos e olhos escuros. David veste um terno preto sobre uma camiseta azulada e uma gravata de estampa, já Victoria veste um vestido preto de manga longa. Ao fundo, o cenário é a vista de um camarote para um campo de futebol enorme, de grama bem verde.
Com o sucesso de Beckham, a Netflix já garantiu a produção de uma série documental sobre a Posh Spice (Foto: Netflix)

Nathalia Tetzner

Há muito tempo, dizem que por trás de todo homem há uma mulher. Beckham, série documental sobre um dos maiores jogadores de futebol da história da Inglaterra – e uma das figuras mais propagadas em campanhas globais para marcas gigantescas –, coloca a prova esse ditado. Demonstrando, também, que a razão pelo insucesso de muitos seja, talvez, por não ter uma Spice Girl como Victoria Beckham em suas trajetórias.

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Após 24 anos de Segura a Onda, Larry David não aprendeu nenhuma lição

Cena da série Segura a Onda. O protagonista Larry David é um homem branco, calvo, com cabelos brancos nos lados da cabeça e óculos. Ele está sentado em uma mesa de tribunal, de costas para as pessoas sentadas nos bancos atrás dele. Ele está com os braços levantados e as mãos atrás da cabeça
A última temporada de Segura a Onda fecha as portas no estilo que Larry David sabe fazer melhor (Foto: Max)

Giovanna Freisinger

Eu tenho 76 anos e eu nunca aprendi uma lição em toda a minha vida”. Essa é uma fala de Larry David no último episódio da décima segunda temporada de Segura a Onda (Curb Your Enthusiasm, no original). Quando a série começou a passar na TV, em 2000, o cenário cultural dos Estados Unidos e do mundo era bem diferente. Desde então, os tempos mudaram, mas Larry não. A comédia concorre pela última vez ao Emmy 2024, em quatro categorias, inclusive a de Melhor Série de Comédia. Ela aparece consistentemente nas indicações da premiação desde o seu início, acumulando ao todo 55 indicações e – inexplicavelmente – apenas duas vitórias.

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A segunda temporada de Invencível não faz jus ao nome e perde outra batalha

Cena da 2 temporada de Invencível. Da esquerda para a direita, temos a presença de Eve Atômica/Samantha Eve Wilkins, uma jovem branca, com olhos verdes e cabelo ruivo, ela está vestindo um uniforme e um capacete rosa. Ao seu lado temos a presença de Invencível/Mark Grayson, um jovem de dupla nacionalidade (norte americano e coreano), com cabelo preto. Ele também está vestindo um uniforme e uma máscara de super heroi na cor amarela, azul e preta. Ao seu lado, mais ao fundo, temos a presença de Rudy/Rudolph Conners, um robô laranja de olhos verdes. Ao lado temos o Imortal, um homem adulto, branco, de cabelo e barba escura. Ele está vestindo um uniforme de heroi na cor azul, branca e amarela. Depois temos o Supermorfo, um jovem branco, com cabelo castanho. Ele está vestindo um uniforme azul e laranja. Ao lado está a Menina Monstro, uma jovem branca, de cabelo comprido castanho claro, ela está vestindo um macacão azul. Por último está Sansão Negro, um homem adulto, negro, de olhos escuros e careca. Ele está vestindo um uniforme cinza claro com detalhes de cinza escuro. Eles estão em uma espaçonave cinza, com assentos e uma tela de comando.
Após quase três anos de hiatus, Invencível retorna ao catálogo do Amazon Prime Video com uma narrativa mais melodramática e escolhas nada óbvias (Foto: Amazon Prime Video)

Ludmila Henrique 

Ser um herói configura em deixar sua marca por onde passa, seja isso algo bom ou ruim. Agir em defesa da vida de uma sociedade tem seu peso e nem sempre pode sair da maneira em que foi planejado, ainda mais quando o destino do defensor não está alinhado com fazer o bem. Indicado pela primeira vez ao Emmy, na categoria de Melhor Dublagem de Personagem, Invencível renasce das ruínas e apresenta um roteiro maduro em comparação à temporada anterior, explorando as conexões emocionais de seus personagens. 

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Não tem nada de errado em ser um dos The Other Two

Cena da série The Other Two. Nela, observa-se os personagens Cary, de cabelo preto liso e camisa marrom com uma jaqueta marrom clara, e Brooke, uma mulher branca com cabelos louros e que usa uma camisa roxa com uma jaqueta preta por cima. Eles estão olhando para frente com as sobrancelhas franzidas.
O astro é o irmão mais novo; os outros dois são apenas normais (Foto: Max)

Guilherme Machado Leal

No Emmy, as séries de comédia são um universo à parte: todo ano, as categorias que prestigiam as melhores obras de 30 minutos são cheias de surpresas. Das sitcoms aos mockumentaries, o texto é parte fundamental dos seriados televisivos, porque é a partir deles que os roteiristas possuem o traquejo de escrever piadas e imprimir o tom que ditará o rumo do produto. É nesse contexto em que as duas indicações de The Other Two, ambas em Melhor Roteiro em Comédia pela terceira temporada, se encontram.

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Bebê Rena é o retrato de uma sociedade corrompida pela obsessão

Cena da série Bebê Rena. Na imagem, Donny, interpretado por Richard Gadd, um homem branco de cabelos e olhos claros, está sentado em um sofá olhando para algo que está atrás da câmera. Ele é um humorista, por isso, veste um terno xadrez todo colorido que se assemelha aos trajes de um palhaço de circo. Ao fundo, o cenário desfocado se trata de uma sala de madeira com sofás vermelhos e iluminação quente.
Bebê Rena estreou no streaming com pouca audiência até viralizar duas semanas depois (Foto: Netflix)

Nathalia Tetzner

Em 2024, a mensagem “Enviado do meu Iphone” – que, normalmente, acompanha os e-mails dos usuários de dispositivos da ‘marca da maçã’ – passou a aterrorizar as pessoas. O motivo é a minissérie britânica Bebê Rena, sucesso da Netflix que disputa 11 categorias no Emmy 2024. A trama, inspirada no caso verídico de stalking ocorrido com o ator Richard Gadd, esbarra em temas extremamente sensíveis e coloca em discussão o modo como a obsessão corrompeu a nossa sociedade, principalmente com o avanço da tecnologia e a consequente deturpação do limite que separa o real do virtual.

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Griselda tem ressalvas, mas continua viciante

na imagem, está retratada a atriz Sofia Vergara enquanto interpreta Griselda Blanco. Ela tem cabelos castanhos ondulados na altura dos ombros e pele clara. Usa óculos escuros que cobrem a maior parte de seu rosto, além de batom vermelho escuro, um colar com um grande pingente redondo e uma camisa preta com listras brancas. Atrás da personagem, podemos ver carros e ônibus cujos passageiros com malas formam uma fila ao lado de fora.
Sofía Vergara utilizou próteses no rosto durante as gravações de Griselda para se desvencilhar da personagem que interpretava em Modern Family (Foto: Netflix)

Esther Chahin 

Em 2024, Sofía Vergara recebeu sua primeira indicação ao Emmy como protagonista. A colombiana concorre na categoria de Melhor Atriz em Série Limitada ou Antologia ou Telefilme. Por sua vez, o título que lhe rendeu o destaque foi Griselda, lançado pela Netflix em Janeiro. A produção, dirigida por Andrés Baiz, debruça-se sobre a história da narcotraficante natural da Colômbia, Griselda Blanco. Ela fundou um dos cartéis de tráfico mais lucrativos da história e dominou o comércio de cocaína em Miami durante as décadas de 1970 e 1980, sendo assassinada em 2012, aos 69 anos. 

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A Noite que Mudou o Pop: um encontro imperfeito, mas emocionante

Cena de A Noite que Mudou o Pop. Na imagem, parte dos 45 artistas convocados para cantar aparecem posicionados em um estúdio de gravação. Em frente a todos eles está Quincy Jones, um homem negro, produtor da música We Are The World. Ele veste roupas casuais e usa um fone de ouvido. O cenário é composto por tons amarronzados, espumas nas paredes e um telão ao fundo dos cantores.
O documentário estreou em primeiro lugar na lista de produções mais assistidas da Netflix (Foto: Netflix)

Nathalia Tetzner

O cenário é o estúdio de uma clássica gravadora em Los Angeles. No ambiente, as espumas nas paredes evidenciam o cantarolar de uma voz familiar e icônica; Michael Jackson ensaia We Are The World sozinho, enquanto Lionel Richie orquestra, nos bastidores do American Music Awards, o que pode ser considerado o mais importante encontro da história da Música. Seguindo o embalo de tantas vozes que marcaram gerações, A Noite que Mudou o Pop emociona, ainda que seja um documentário tão imperfeito quanto a tentativa de unir timbres diferentes em uma só faixa e atenuar egos inflados em prol de uma causa humanitária: a fome no continente africano.

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Difícil é não perder o fôlego em Black Bird

Cena da série Black Bird. Dois homens se encaram separados por uma mesa de madeira com seis pássaros esculpidos em madeira e alguns itens de carpintaria em cima dela. Atrás deles estão janelas com grades. O homem à esquerda é branco, forte e possui um topete loiro escuro e penteado. O homem à direita é branco, gordo, possui barba e costeletas castanhas, um cabelo também castanho penteado para baixo com aparência úmida. Ambos usam o uniforme azul da prisão.
Nada prepara alguém para estar na pele de Jimmy Keene (Foto: Apple TV+)

Agata Bueno

Às vezes, o rumo de uma história leva um personagem comum do céu ao inferno, transformando-o num mocinho ou num bandido. Em certos enredos, dois passados ordinários podem se cruzar e dar lugar a um único e excruciante presente, que vai além do maniqueísmo dos livros de faz de conta. Em Black Bird, por sua vez, a angústia que acompanha cada indivíduo da trama não foca em heróis ou vilões, mas deixa claro o que é certo e o que é errado; e como os caminhos se cruzam, independentemente do seu passado. Uma percepção que ultrapassa as ideias de bem e mal – se é que é possível separá-las -, e questiona o quão ingênuo ou arrogante alguém pode ser.

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Reality shows são uma mentira – e Jury Duty é uma muito engraçada

Cena da série Jury Duty.
Depois de arrancar risadas, Jury Duty abocanhou quatro indicações ao Emmy (Foto: Prime Video)

Vitória Gomez

12 jurados participam de um julgamento relativamente simples nos Estados Unidos. Um funcionário versus uma empregadora que o acusa de destruir o patrimônio de sua empresa. Por lá, o júri é formado apenas por civis e é dever constitucional de cada um comparecer quando for convocado – então por que não filmar o processo? É assim que Ronald Gladden acaba entre o grupo de 12 pessoas da vez, com a promessa de participar de um documentário sobre esse rito da justiça no país. O que ele não sabe é que ele é o único que está lá com esse propósito: todo o resto, incluindo os outros 11 jurados, os agentes federais, o juiz, a acusadora e até o réu são uma mera armação para emboscá-lo nas situações mais constrangedoras possíveis.

Jury Duty já deixa o público ciente da grande pegadinha acontecendo ali desde o primeiro momento. Apesar de algo realmente estar sendo gravado naquela corte, não é nada parecido com um documentário. No entanto, ao invés de se escorar em um mero programa de chacotas que caçoa do protagonista desavisado, a série cresce justamente por causa da humanidade de Ronald. No estilo mockumentary, a estrela da produção (que sequer sabe que é o centro das atenções) encara o dia a dia do julgamento com a certeza de que tudo está sendo registrado, mas ignorante às reais intenções das câmeras.

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