A Redoma de Vidro: o último suspiro sufocado de Sylvia Plath

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No dia 11 de fevereiro de 1963, a escritora Sylvia Plath se suicidou. Não demorou para que se tornasse uma espécie de mártir: além de sua obra poética ter cativado muitas pessoas de modo profundo, o relacionamento abusivo com Ted Hughes, também escritor, veio à tona e desde então é praxe em conversas sobre Plath. A morte de Sylvia aconteceu apenas semanas após a publicação de seu único romance, A Redoma de Vidro (The Bell Jar), e é peculiar observar a relação entre estes dois momentos.

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Após 10 anos, a lógica de Fun Home ainda é funcional

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Adriano Arrigo

É muito estranho pensar que um filme como Velozes e Furiosos 6 tenha passado no Teste de Bechdel. Para quem não conhece, é um teste nada científico que leva somente em consideração prática a representação das mulheres em filmes. Se houver pelo menos duas delas e as mesmas aparecem conversando entre elas sobre algum tópico que não seja homens, esse filme passou no Teste de Bechdel. Parece simples, mas é assustador a quantidade de filmes que não conseguem passar nesse sistema criado pela cartunista americana Alison Bechdel, autora de Fun Home.

Numa brincadeira de uam tirinha, BEchedel criou um teste compeltamente legitimo sobre a representação feminina em filmes. (Reprodução)
Numa brincadeira de uma tirinha, Bechedel criou um teste completamente legitimo sobre a representação feminina em filmes (Reprodução)

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A utopia da realidade horrenda: Ainda nos restam 50 anos de solidão

Edição especial de 50 anos de Cem Anos de Solidão, da editora Record.
Edição especial de 50 anos de Cem Anos de Solidão, da editora Record.

César Cabral

Cem Anos de Solidão, ganhador do 79º Nobel de Literatura, em 1982, do escritor colombiano Gabriel García Márquez, reúne acontecimentos reais e ficcionais – incestos, frieza, tapetes voadores, guerras civis, fantasmas e crianças com rabo de porco – que nos causam estranhamento. É um romance do gênero  realismo fantástico, ou seja, uma história em que elementos mágicos, irreais acontecem e são aceitos de forma natural.

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Fahrenheit 451: Alienação, ideologia e fogo

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Vitor Guatelli Portella

“Onde se lançam livros as chamas, acaba-se por queimar também os homens”.

A leitura é ferramenta mais poderosa de esclarecimento da humanidade. Livros são objetos de valor inestimável para uma sociedade. Um mundo sem livros é um mundo à mercê do supérfluo, da ignorância e da submissão. Somos formados pelo o que lemos, pelo o que nossos pais leram e pelo o que os pais de nossos pais leram. A emancipação vem da reflexão. Continue lendo “Fahrenheit 451: Alienação, ideologia e fogo”

João Gordo: para o bem geral, um traidor

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Nilo Vieira

Não é de hoje que biografias de artistas nacionais causam polêmica no Brasil. Entre grupos de artistas consagrados propondo censura e livros que mais parecem lavação de roupa suja, poucos títulos recentes parecem se importar em cumprir o básico exigido pelo formato. Nem mesmo nas telonas a coisa melhora, com resultados variando entre o pouco aprofundado, desfiles de clichês e retratos romantizados ao extremo. Continue lendo “João Gordo: para o bem geral, um traidor”

A Nova York dos anos 20: o cenário de O Grande Gatsby

Capa da edição original do livro
Capa da edição original do livro

Camila Ranzzi

A proibição da produção e consumo de álcool, somado ao aumento do crime organizado, foram aspectos relevantes para a criação do ambiente da obra literária O Grande Gatsby, no contexto histórico da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), escrito por F. Scott Fitzgerald. O autor é considerado um dos maiores expoentes da literatura americana do século XX, e seus trabalhos revelam o estado de espírito da época da chamada “geração perdida”, sendo inclusive o ídolo da juventude insatisfeita com o seu tempo. Continue lendo “A Nova York dos anos 20: o cenário de O Grande Gatsby”

O atual Admirável Mundo Novo de Huxley

João Pedro Pinheiro

Completaram-se, em 2016, os 75 anos da primeira edição brasileira (1941) de Admirável Mundo Novo, principal obra do escritor e visionário britânico Aldous Huxley, publicada inicialmente na Inglaterra, em 1931. E, embora escrito há mais de oito décadas, o livro continua surpreendendo com sua atualidade.

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O Cemitério, de Stephen King, enterra os receios do autor e (res)suscita uma história sóbria, intensa e muito assustadora

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Guilherme Reis Mantovani, estudante de Jornalismo da Unesp Bauru

O Cemitério (do original Pet Sematary – sim, a famosa música dos Ramones de mesmo nome é uma homenagem referencial à obra literária) é um romance de terror escrito por Stephen King na década de 80.  É interessante ressaltar que o autor revelou repulsa à sua própria criação em entrevistas pós-publicação, por sentir um pessimismo incômodo e irredutível no desfecho da história, bem como uma mensagem intrínseca repulsiva. Na verdade, após sua mulher também ter rejeitado o manuscrito original, King pretendia engavetar “n’O Cemitério”. O livro, no entanto, era parte de um imbróglio contratual do autor com a editora norte-americana Doubleday e precisava ser publicado. Pois aí estava a solução: livrar-se da obrigação contratual e do “livro visceral” ao mesmo tempo… Continue lendo “O Cemitério, de Stephen King, enterra os receios do autor e (res)suscita uma história sóbria, intensa e muito assustadora”

O impacto do maior conflito da história traduzido em palavras

Max Hastings evoca uma visão histórica, original e necessária acerca da Segunda Guerra Mundial, numa obra que elucida os anos de 1939 a 1945 com sobriedade e autoridade.

Guilherme Reis Mantovani

A literatura sobre a Segunda Guerra Mundial e seus desdobramentos é vastíssima, por se tratar justamente de um assunto de vital relevância na história da humanidade. Entretanto, o ambicioso Inferno – O Mundo em Guerra: 1939 – 1945 (Intrínseca, 2012) se destaca por evidenciar não apenas as estratégias militares minuciosamente detalhadas através de mapas exibidos no próprio livro (ao todo, são 48 páginas dedicadas à fotografias da época, além de vinte mapas propriamente ditos), as jogadas políticas oriundas de gabinetes dos países beligerantes e as causas e consequências do conflito devidamente analisadas, mas também por evocar o sentimento de pessoas aparentemente comuns – soldados e civis – que vivenciaram o dia a dia da guerra. Para tanto, o autor, britânico, historiador militar e renomado jornalista Max Hastings, permeia a escrita com cartas, trechos de diários e outros documentos de cidadãos que encararam a Segunda Guerra Mundial, mostrando que, se existe alguma glória em tal conflito, neles deve residir. Continue lendo “O impacto do maior conflito da história traduzido em palavras”