Third, do Portishead, foi escrito para mim

Adriano Arrigo

O trio inglês Portishead foi achado em um momento de transição quando eu tinha, mais ou menos, 18 anos. Minha transição foi religiosa. A típica frase “minha religião não permite” era bem clara para mim, mas isso não deixava que eu tivesse no meu Winamp hits como “Glory Box”, “It Could be Sweet” e “Roads”. Por incrível que pareça, esta última me foi apresentada por um menino neopentecostal. Os primeiros toques pesados e melancólicos de Beth Gibbons cantando Oh, can’t anybody see?” já eram o suficiente para cultivar uma melancolia que eu fazia ligação com o que me acontecia naquele momento. Mas ao final, eu nem sabia exatamente sobre que ela estava falando.

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Slipknot: o horror cotidiano, de Iowa a Botucatu

Adote animais e louve o Cramunhão

Nilo Vieira

O segundo disco do Slipknot é uma audição dolorosa (já comecei o texto dando piada de graça pra detratores). Urros quase ininterruptos, linhas percussivas marretadas, guitarras de afinação baixa com timbres que beiram o nojento, intervenções eletrônicas barulhentas. Pra coroar, a masterização, vítima da loudness war, joga todos os níveis no vermelho. 14 faixas, 66 minutos de duração. Continue lendo “Slipknot: o horror cotidiano, de Iowa a Botucatu”

Nirvana e Philip Glass: o popular no Ibirapuera

Nirvana Taking Punk to the Masses Samsung Exposição Ibirapuera
Come as You Are: entrada da exposição sobre a banda no Ibirapuera (foto: Jesus Cristo)

Nilo Vieira

A popularidade talvez seja o único aspecto inquestionável nas discussões sobre o Nirvana, a banda que uniu todas as tribos, em 2017. Apesar do status de clássico, Nevermind (1991) permanece um álbum mais discutido do que ouvido: revolucionou o rock ou é um plágio superestimado de antecessoras menos conhecidas? E o tal grunge, foi movimento ou só rótulo da MTV? Continue lendo “Nirvana e Philip Glass: o popular no Ibirapuera”

20 anos depois, Dominatrix mostra que o riot grrrl não morreu

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old is cool

Bárbara Alcântara

“Depois eles falam que as mulheres não são unidas”, ironizou a vocalista da banda paulistana Dominatrix, Elisa Gargiulo, no último sábado (22). Ela disse isso no camarim da Associação Cultural Cecília, logo após se apresentar na 3ª edição do Distúrbio Feminino Fest – em comemoração aos 20 anos de lançamento do álbum de estreia da banda, Girl Gathering (1997). Continue lendo “20 anos depois, Dominatrix mostra que o riot grrrl não morreu”

Tribalistas e a minha velha infância

tribalistas capa 15 anos já sei namorar

Elisa Dias

A possibilidade de escrever crítica musical foi anulada automaticamente do meu plano de ideias no momento em que a cogitei. Simplesmente porque, em segundos, um pequeno fluxo de pensamentos a respeito me mostrou quão complexa é a minha relação com a música. Complexa porque, a meu ver, a minha visão a respeito é a mais baudelairiana possível, sem indícios de qualquer análise técnica que comprove de alguma forma o que eu quero dizer. Um texto crítico sem embasamento é mais um achismo pro mundo – e o mundo já está bem cheio disso, convenhamos. Continue lendo “Tribalistas e a minha velha infância”

Pavement e o impulso para seguir em frente

screw the RIAA (não fui eu que botei isso aí mas concordo)

Nilo Vieira

Discutir música é um negócio complicado, seja pelo nível de abstração da arte ou pelo quão obsessivo (tradução: mala) você seja em relação ao assunto; “música é difícil de explicar porque ela é muito fácil de se entender”. Não sei se é uma citação real, mas faz sentido o suficiente: às vezes, exercícios solitários acerca da arte são mais proveitosos do que discussões coletivas. Se divertir com as próprias interpretações é um belo alimento pro ego e divertidíssimo, afinal. Continue lendo “Pavement e o impulso para seguir em frente”