Meu amor, isso é Batidão Tropical Vol. 2!

Capa do álbum "Batidão Tropical Vol. 2". Na imagem vemos Pabllo Vittar, drag queen de cabelos pretos, com uma feição de prazer no rosto. A artista veste uma calcinha preta. Na parte superior encontra-se escrito o nome do projeto “Batidão Tropical Vol.2”, escrito nas cores vermelho, amarelo e laranja. Na parte inferior direita está escrito “Pabllo Vittar” em vermelho. Ao fundo, o ambiente se assemelha com uma praia, em tons quentes.
Batidão Tropical Vol. 2 obteve 4,7 milhões de streams nas primeiras 24 horas de lançamento (Foto: Gabriel Renne)

Vitória Borges

O Batidão Tropical Vol. 2 está entre nós e a drag queen mais amada do Brasil mais uma vez não nos decepciona. Trazendo suas raízes do forró do Nordeste e Norte do país, Pabllo Vittar faz a releitura de alguns clássicos que marcaram sua vida, além de cantar músicas inéditas. O projeto da artista dá continuidade ao Volume 1 do álbum homônimo, que também conta com regravações de hits,  como Zap Zum da Companhia Calypso.

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A autoaceitação é o que faz Um milhão de finais felizes

Capa do livro Um milhão de finais felizes. Na imagem há o tronco de um jovem branco, ele veste uma camiseta preta e um avental com tema de galáxia, nas cores lilás, roxo e azul pastel. Há três adereços pendurados no avental, um deles é boton de um pirata branco de cabelos castanhos, o outro um boton de pirata branco de cabelos ruivos e o terceiro um pin em formato de foguete. Um dos pulsos do jovem tem uma pulseira com as cores da bandeira lgbt, enquanto na outra mão segura um caderno de anotações. Sobre o avental está escrito “Um milhão de finais felizes” em letras pretas e logo abaixo o nome do autor “Vitor Martins”. O fundo da capa é vermelho sólido.
Lançado em 2018, Um milhão de finais felizes nos mostra que tudo passa (Editora Alt)

Jamily Rigonatto 

Existir enquanto uma pessoa LGBTQIA+ é estar cercado de incertezas. Não se sabe em quem confiar, se seus comportamentos estão minimamente condizentes com o que a sociedade espera ou sequer se sua vida, antes de se descobrir, continua fazendo parte de quem você é. Apesar de acontecer de forma distinta para cada pessoa, esse processo sempre vem acompanhado de inseguranças. Retratando esses elementos pela visão do protagonista Jonas, Um milhão de finais felizes explora isso enquanto valoriza o resultado das etapas conturbadas: a cura.

Longe de se tratar de uma espécie de ‘cura gay’, essa descoberta está ligada ao próprio ser, a restauração que acontece em nós quando percebemos que não há nada de errado em ser como somos – seja na esfera da sexualidade, na forma como reagimos à vida ou até sobre a aparência física. Por meio dos receios do personagem, o autor Vitor Martins renova o fôlego de uma juventude que só quer amar e ser amada, sem sentir que o peso do mundo está prestes a desmoronar sobre os seus ombros. 

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Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo mas não encontram a moral da história

Aristóteles e Dante, dois adolescentes sentados em uma parada de ônibus amarela, localizada em uma área rural, com montanhas ao fundo. À esquerda, Aristóteles veste uma camiseta cinza e shorts vermelhos, enquanto o à direita, Dante veste uma camiseta listrada azul e branca, shorts brancos e óculos de grau.
Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo captura com precisão o início de uma amizade na adolescência (Foto: Blue Fox Entertainment)

Arthur Caires

De tempos em tempos, surge uma história de romance adolescente que se passa em um verão calorento e que envolve duas pessoas que acabaram de se conhecer. Um formato clássico sempre bem-vindo e que, se bem executado, pode facilmente entrar na lista de obras reconfortantes que revisitamos com carinho. O filme Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo almeja esse status e, de certa forma, quase chega lá, mas perde seu propósito no meio do caminho.

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Em The Rise and Fall of a Midwest Princess, Chappell Roan sai do armário rumo ao estrelato

O nome artístico da cantora é uma homenagem ao sobrenome de seu avô somado a música favorita dele (Foto: Island Records)

Guilherme Veiga

Eu sou a artista favorita do seu artista favorito. Eu sou a garota dos sonhos da sua garota dos sonhos”. Foram com essas palavras que Chappell Roan se apresentou ao mundo, ‘de supetão’ mesmo. E nada mais justo. Hoje, o pop se mostra um gênero extremamente cruel, onde se consolidar nele é como lutar por sobrevivência na savana africana. E não foi só com sua personalidade, mas também com seu disco de estreia, The Rise and Fall of a Midwest Princess, que a intérprete chegou para impor seu lugar e permanecer no estilo.

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A melhor forma de resistir é permanecer: a força de Paris Is Burning para a comunidade LGBTQIAPN+

 

a drag queen negra, Pepper LaBeija, desfila em um salão. Ela está vestindo um suntuoso vestido com lantejoulas douradas e mangas bufantes. Além disso, ela também utiliza luvas pretas até os cotovelos, óculos escuros, batom vermelho e um chapéu com penas verde-escuras e amarelas.. Ao redor de Pepper, estão alguns homens que, espalhados pelo salão, admiram o desfile. O local está tomado por mesas e cadeiras e, ao fundo, há portas de vidro. A parte superior das paredes é vermelha com detalhes prata e uma cabeça de animal é empregada na decoração.
Pepper LaBeija era a mãe da House of LaBeija na época das gravações de Paris Is Burning (Foto: Miramax Films)

Esther Chahin

“É como atravessar o espelho para o País das Maravilhas. Você entra nos bailes e sente-se 100% bem em ser gay. Não é assim no mundo, e deveria ser”

 – Paris is Burning

Madonna, Ryan Murphy, RuPaul e diversos outros nomes influentes da cultura pop inspiraram-se na mesma fonte para criação de alguns de seus trabalhos. Estamos falando da cultura Ballroom, que dominou a cena afro-descendente, latina e LGBTQIAPN+ da periferia nova-iorquina em meados da década de 1980. As diversas categorias que compunham os bailes e parte das narrativas sensíveis dos membros da comunidade queer à época são expostas no documentário Paris Is Burning. Lançada em 1991, a obra foi produzida e dirigida pela cineasta Jennie Livingston, obtendo seu reconhecimento com prêmios como Teddy Award, no Festival de Berlim, e de Melhor Documentário, no Festival de Sundance.

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Os 40 anos da epopeia de sentidos em Stop Making Sense

Cena de Stop Making Sense. Nela, vemos David Byrne, um homem branco de cabelos pretos. Ele veste um terno cinza e uma camisa cinza. O terno é consideravelmente maior que o corpo do cantor, ficando bastante folgado. Byrne está em pé, de olhos fechados e com a boca aberta em frente a um microfone. O fundo é preto.
Cabeças falantes nem sempre precisam fazer sentido (Foto: Arnold Stiefel Company)

Guilherme Veiga

Um tablado preto de teatro. Uma luz no fundo, de onde vem um par de pernas que veste uma calça cinza clara e um sapato terrivelmente branco. Essas pernas chegam até um microfone e então é posto um rádio ao lado. A mão do corpo a quem pertence tais pernas dá play no aparelho, e então uma bateria digital começa aquela que seria uma das versões mais emblemáticas de Psycho Killer. A câmera sobe até o vislumbre de um jovial David Byrne e o resto é história. Assim começa aquela que, posteriormente, seria considerada a obra definitiva quando o assunto é filmes-concerto: Stop Making Sense.

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Em Numanice #3 (Ao Vivo), Ludmilla sabe que a preta venceu

Capa do álbum Numanice 3. Na imagem, a cantora Ludmilla está centralizada com foco em seu tronco e rosto. Ela é uma mulher negra retinta com olhos castanhos escuros e cabelos pretos lisos de comprimento médio. Está sorrindo e veste um top cropped de mangas, que é metade laranja e metade amarelo. Ao fundo, elementos gráficos nas cores amarelo e laranja se inserem formando uma espécie de aura ao redor da artista.
Cada vez mais perto do ouro, Ludmilla mete marcha no doce do eclético (Foto: Warner Music Brasil)

Jamily Rigonatto 

Descrever Ludmilla em termos simplistas e centralizados é uma tarefa cada vez mais difícil, afinal, a cantora está Do funk ao pagode, dominando tudo”, com uma maestria que a MC Beyoncé – primeiro vulgo da artista – provavelmente não imaginava. Em faixas envolventes e dignas de serem chamadas de Arte, o trabalho mais recente da cantora, Numanice #3 (Ao Vivo), é um deleite para as mulheres que amam suas mulheres, as minas de periferia e, é claro, os apaixonados por sunsets e bons pagodes. 

Com 18 faixas e sete parcerias, o disco gravado ao vivo materializa a brisa quente de uma tarde de domingo em volta da churrasqueira. Na multiplicidade de influências rítmicas que se juntam ao pagode, a sensação de improviso acertado das milenares rodas de samba se intensificam. Apesar de calculado, o mérito de Numanice #3 (Ao Vivo) está na facilidade com a qual conversa com diferentes manifestações musicais e seus públicos. 

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Há 20 anos, Beatrix rompia seu ciclo de violência em Kill Bill – Volume 2

Cena do filme Kill Bill - Volume 1. Na imagem, vemos a personagem de Uma Thurman, vestida com um uniforme amarelo, com alguns detalhes em preto e manchado de sangue. Ela está segurando uma espada para enfrentar a personagem de Lucy Liu, que também segura uma espada e está vestida toda de branco. Elas estão em um jardim, está de noite e nevando.
O uniforme todo branco de O-Ren lembra o da Yuki, principal personagem de Lady Snowblood (Foto: Miramax Films)

Guilherme Moraes

Apostar em uma maior cadência depois do sucesso do primeiro filme, que foi inspirado no clássico Lady Snowblood, é um desafio. No entanto, Kill Bill – Volume 2 mostra que essa foi uma escolha acertada ao encerrar a saga dando mais substância à protagonista. Quentin Tarantino nos surpreende ao diminuir a violência em tela, mostrando que o caminho que a personagem trilhava era em direção ao fim do ciclo sangrento em que ela vivia, mas que, paradoxalmente, exigia o sacrifício de mais alguns personagens.

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That! Feels Good! transporta a Música disco reimaginada ao contexto do pop contemporâneo

: Capa do álbum “That! Feels! Good!”, uma fotografia da cantora Jessie Ware, mulher branca de cabelos longos lisos, em um fundo rosa claro, de costas olhando de lado para nós. Ela usa um coque alto preto, delineador preto, um brinco de pérola branco na orelha direita, e alguns colares de pérolas brancas de diferentes comprimentos. Ela está descamisada, e segura o braço direito um pouco acima do cotovelo com a mão esquerda, sugerindo que ela está de braços cruzados
Fazendo jus ao título, That! Feels! Good! entrega sensualidade, energia, glamour e elegância (Foto: Andrew Benge)

Gustavo Capellari

Em 2020, a cantora Jessie Ware, já consolidada na época no mercado fonográfico britânico com três álbuns lançados, entrava em uma empreitada importante para sua carreira: o lançamento do seu quarto disco, intitulado What’s Your Pleasure?, que trouxe uma sonoridade diferente da que a artista vinha explorando anteriormente. Naquele ano, Ware explorava a pergunta “qual é o seu prazer?”. Já em 2023, That! Feels! Good! é lançado e faz uma afirmação na qual o prazer é celebrado. Esse pequeno detalhe, embora pareça pouco importante, nos ajuda a entender as transformações nos estilos explorados pela cantora.

O que os dois álbuns mais têm em comum talvez seja a presença da Música disco, juntamente com as letras e melodias cativantes que compõem a trajetória da diva. Investindo em ritmos dançantes e com um apelo comercial maior do que seus primogênitos – Devotion (2012) e Tough Love (2014) –, ela passa a ganhar cada vez mais espaço nos charts e admiração da crítica.

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A moda feminina salvou o tapete vermelho do Met Gala 2024

O tema do Met Gala de 2024 foi Jardim do Tempo (Arte: Aryadne Xavier)

Sinara Martins

A primeira segunda-feira de Maio é sempre marcada pela cerimônia do Met Gala, que simboliza a abertura da exposição anual do Metropolitan Museum Of Art (MOMA), em Nova Iorque. Todo ano há um código de vestimenta para os convidados, sempre relacionado a exibição. Para o tapete vermelho de 2024, o tema estabelecido foi Jardim do Tempo.

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