Trama Fantasma: a graça desconfortável de Paul Thomas Anderson

Lucas Marques dos Santos

O cineasta Paul Thomas Anderson comentou recentemente, em conversa com o jornalista Bill Simmons, que não entende por que as pessoas ficam tão sérias assistindo a seus filmes. O diretor não consegue conter a risada, por exemplo, nas conversas melodramáticas do último ato de O Mestre, enquanto o público coça a cabeça em busca de interpretações. Se o humor cruel e escondido na essência é uma marca na estética de Anderson, sua última obra, Trama Fantasma, retira lentamente os fios dramáticos do novelo que se mostra cada vez mais sombrio e absurdo. Não por coincidência o pano de fundo social é a aristocracia e seus rituais, normas e camadas de aparência prontas para serem reveladas. Continue lendo “Trama Fantasma: a graça desconfortável de Paul Thomas Anderson”

Corpo e Alma: sentimento, a todo custo

#nv

Dentre os indicados à Melhor Filme Estrangeiro do Oscar 2018, The Square talvez seja o mais distante do perfil da premiacão – curiosamente, a vitória da Palma de Ouro em Cannes o torna favorito para arrebatar a estatueta no próximo domingo. Interessante notar, porém, que a selecão na categoria este ano é tao boa que até filmes “do jeito que a academia gosta” são marcantes. Corpo e Alma, representante húngaro, é um bom exemplo. Continue lendo “Corpo e Alma: sentimento, a todo custo”

Três Anúncios para um Crime e a banalidade da violência

n.v.z.

Considerando o aspecto politizado que cada vez mais toma conta das discussões sobre arte, não é de se espantar que Três Anúncios para um Crime (Three Billboards Over Ebbing, Missouri) seja pauta quente nas conversas cinéfilas de 2018. O filme foi indicado em sete categorias do Oscar e retrata a saga de Mildred Hayes (vivida pela ótima Frances McDormand), uma mãe que resolve questionar a incompetência da polícia local (em especial, do xerife Bill Willoughby) por meio de três outdoors – colocados em uma estrada pouco movimentada do município de Ebbing. Continue lendo “Três Anúncios para um Crime e a banalidade da violência”

Viva! mostra que a Disney não cansa de produzir clássicos da animação

Guilherme Hansen

Que a parceria Disney/Pixar é garantia de sucesso, isso já é fato conhecido por todos. A fusão de boas histórias com qualidade visual faz com que grandes animações sejam produzidas e agradem a todos os públicos. O mais novo sucesso dos dois estúdios é Viva – A vida é uma festa, lançada no Brasil em 4 de janeiro deste ano.

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A insuficiência de Lady Bird

Gabriel Leite Ferreira

Lady Bird pode parecer um nome deslocado no Oscar 2018. Em um ambiente dominado por veteranos, a estreia da atriz Greta Gerwig como diretora não inspira tanta confiança quanto seus concorrentes. A aposta em uma atriz em ascensão para a protagonista também parece pouco ambiciosa. É um filme simples, na trama e na execução. Seria o suficiente para levar o prêmio mais cobiçado da noite?

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Pantera Negra: uma mensagem de diversidade

Em seis dias, o filme já conquistou a quinta maior bilheteria de estreia da história (Reprodução)

Pedro Fonseca E. Silva

Há 10 anos, a Marvel Studios iniciou um projeto ousado que renderia bilhões nas bilheterias mundiais com o filme Homem de Ferro (2008). Desde então, a empresa já conta com mais de uma dezena de filmes sobre super-heróis, conquistando um espaço único para si com sua famosa “Fórmula Marvel”. Enquanto muitos esperam a consagração de toda essa jornada com Vingadores: Guerra Infinita, recebemos um presente antecipado com a estreia de Pantera Negra, que traz consigo um ar revigorante para as adaptações de quadrinhos.

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Cineclube Persona – Janeiro/2018

What a story, Mark!: Tommy Wiseau no Globo de Ouro, com sua estileira muito mais foda ainda

O primeiro cineclube de 2018 discute títulos premiados no Globo de Ouro e indicados ao Oscar, bem como mostra que há vida pulsante fora de Hollywood. Confere aí:

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Cineclube Persona – Dezembro/2017

Luke Skywalker e Johnny, de The Room: uma boa metáfora do que foi 2017

Apesar de tenso, o ano de 2017 encerrou com saldo positivo na sétima arte. Para iniciarmos 2018 com o pé direito, nada mais justo do que prosseguir com o Cineclube Persona no mesmo tom, atento ao que acontece de mais impactante no mainstream e também no underground. Estes foram as alternativas escolhidas para quem não quis passar o fim de ano na praia:

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Os melhores filmes de 2017

Não é exagero dizer que o cinema teve um ano de renovação em 2017. Velhas franquias tiveram coragem de ignorar os fãs mais chatos e propor ideias novas. Os cinemas comerciais receberam com amor e ódio diretores antes relegados a nichos. Até o tão estagnado cinema de terror recebeu um polêmico prefixo “pós”, tamanha a diferença das temáticas abordadas nos filmes.

As escolhas pessoais dos participantes do Persona refletem esse ânimo por discutir cinema nas mais distintas áreas. Continue lendo “Os melhores filmes de 2017”

Cidade de Deus e Tropa de Elite: as duas faces de uma guerra

Gabriel Leite Ferreira

Fazer cinema no Brasil é uma batalha. De um lado, há a supremacia de Hollywood na maioria das salas de cinema, que domina o gosto do público; de outro, o monopólio da Globo Filmes sobre os lançamentos nacionais mainstream. Superar ambas barreiras é um feito para poucos. Dois aniversariantes desse ano conseguiram tal proeza: Cidade de Deus (2002) e Tropa de Elite (2007).

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