Larissa Vieira
Na entrada do verão norte-americano, a maior plataforma de streaming, que vem sofrendo com a concorrência de sucesso ultimamente, Netflix, buscou inovar ao trazer uma trilogia de filmes, lançados em 3 semanas consecutivas. Baseada nos livros de R.L. Stine, Rua do Medo conta a história da pequena cidade Shadyside, que sofre com uma série de massacres, de anos em anos. Mas, até então, ninguém tinha sido nerd o suficiente para enfrentá-los ou até mesmo tentar conectá-los, apenas os ligando, de maneira irônica, a uma antiga lenda de uma bruxa local.
No entanto, quando a estrela de Stranger Things, série que parece ter construído os rumos retrô da trilogia, Maya Hawke, é morta nos primeiros minutos de cena por um novo assassino, as coisas começam a mudar. Enquanto os moradores se veem mais uma vez refém dos crimes, a perfeita cidade vizinha, Sunnyside, parece ter tudo sob controle, menos seus estudantes.
A série de crimes então une os jovens. São eles a adolescente rebelde Deena Johnson (Kiana Madeira), seu irmão nerd e obcecado pelos crimes, Josh Johnson (Benjamin Flores Jr.), sua ex-namorada que agora vive na cidade vizinha, Samantha Fraser (Olivia Welch), a amiga patricinha Kate Schmidt (Julia Rehwald) e o (des)necessário elo cômico, Simon Kalivoda (Fred Hechinger).
A produção dirigida por Leigh Janiak e escrita por Phil Graziadei, então, caminha de um modo imaginável, com o grupo de adolescentes tentando resolver a série de massacres na cidade, trazendo alguns rasos pontos que os conectam com as histórias do passado. Mas, mesmo assim, é apenas em seus últimos minutos, quando tudo está resolvido, que o filme abre o gancho para a sequência da trilogia, tirando todo aquele interesse que o espectador tinha ao ver o mistério intrigante e que parecia conectar 3 filmes com diferentes estéticas a todo momento.
Mas, se a continuação fosse feita daqui um ano, ou até mais, seria desnecessário rever a produção anterior, ou até mesmo tê-la assistido, já que a conexão entre elas é bem rasa e deixa bastante a desejar, quando comparado ao trailer lançado pela Netflix, que pareceu apenas querer atrair o público para mais um de seus clichês, vendendo-o como uma grande obra inovadora.
Não só durante a história, mas também com seus personagens, Fear Street: 1994 deixa de intrigar, principalmente com a série de assassinos. Todos eles são apenas uma fantasia de Halloween estadunidense, que não trazem nenhum elemento relevante e emocionante para a história. Além disso, a escolha de quem serão os grandes vilões ainda é bem superficial, e parecerá ser somente bem explorada no 3º filme da trilogia, quando na verdade, deveria ser intrigante desde os primeiros minutos de tela dessa Parte 1. Afinal, eram para ser os responsáveis pelo massacre aqueles que geram medo no espectador e não risadas por suas vestimentas improvisadas.
Vale, no entanto, destacar alguns pontos da obra: as atuações não são dignas de Oscar, mas vale ressaltar destaque para a protagonista interpretada por Kiana Madeira. A todo momento era impossível não a comparar com outras produções de terror adolescente, traçando diferentes paralelos entre ela e Spencer Hastings, de Pretty Little Liars, que pode ser considerada outra grande inspiração para a obra. Mas, ainda assim, a atriz parecia ter um poder de atração interessante, que além de ser a peça principal da história, te faz querer manter o foco nela, e não no grupo de amigos sem características interessantes.
Além disso, podemos dar atenção a algumas sequências de cena. Como a primeira do filme, ambientada no shopping, já que ela é muito bem construída, e com uma decorrência de fatos interessantes e significativos para a abertura da obra, que te deixam com a ilusão, assim como o trailer, de que aquilo será mais que um clichê; o que decai decepcionantemente ao decorrer dos próximos minutos.
Apesar de um trailer intrigante e uma ideia de lançamento interessante, Rua do Medo: 1994 – Parte 1 deixa a desejar ao se tornar mais um clichê de terror, ambientado em uma pequena cidade norte-americana, que vive uma série de assassinatos, com um grupo de adolescentes que “salvam” tudo. Além disso, o filme decepciona mais ainda a deixar poucos, ou melhor, irrelevantes ganchos, para os dois filmes seguintes, que serão lançados nas próximas semanas, fazendo com que o interesse em vê-los seja quase zero. Com isso, as sequências terão que não só se diferenciar do mesmo visto no primeiro filme, mas também entregar, nos primeiros minutos, algo que prende aquele que já quase não deu play novamente na história.