Tim Maia: o sonho todo azul que se tornou realidade

É tempo de reviver o ‘síndico’, os primeiros LPs retornaram às vendas

“Este país não pode dar certo. Aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita.”, um dos grandes axiomas de Maia
“Este país não pode dar certo. Aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita.”, um dos grandes axiomas de Maia

Heloísa Manduca

Preto, gordo e cafajeste. É assim que o pai da Soul Music brasileira, Tim Maia, se reconhecia. Autor de declarações críticas que incomodavam a sociedade, Tim era notado por sua sinceridade exagerada sobre tudo e todos, além da exigência com a inseparável banda ‘Vitória Régia’. Para ele, música era coisa séria. O som devia estar sempre perfeito, do contrário, o responsável era advertido assim mesmo, no meio no show.

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A literatura peculiar de Belle & Sebastian

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Gabriel Leite Ferreira

No dia 13 de outubro, uma quarta-feira, o anúncio de que o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 2016 era nada mais, nada menos que Bob Dylan pegou muitos de surpresa. Seguiu-se um debate acalorado: vale conceder um prêmio literário a um cantor e compositor? “Banalização da literatura!”, pretensos especialistas de internet decretaram. É fato que há casos em que as palavras são tão ou mais importantes que a música em si. Dylan é a mais plena personificação disso. Stuart Murdoch, um de seus tantos herdeiros, também.

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Loveless e Mulholland Drive: a estética moderna do onírico

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Nilo Vieira

A relação de produções artísticas com o onírico é intrínseca desde as primeiras tentativas humanas em se expressar. De lá pra cá, artistas nos mais diversos segmentos marcaram época utilizando a estética dos sonhos em seus trabalhos: o pintor Salvador Dalí, o cineasta Luis Buñuel e o músico Jimi Hendrix são alguns exemplos mais básicos e conhecidos de arte surrealista, mas seria possível ficar meses comentando obras menos conhecidas que também merecem atenção. Por hora, vamos nos ater a duas, aniversariantes recentes: o disco Loveless, da banda My Bloody Valentine, e o filme Mulholland Drive (no Brasil, virou Cidade dos Sonhos), do cineasta David Lynch. Continue lendo “Loveless e Mulholland Drive: a estética moderna do onírico”

Guns N’ Roses em São Paulo: os embalos da chuva de novembro

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A banda em seu show na cidade de Porto Alegre

João Pedro Fávero

A reunião mais esperada dos últimos vinte anos chegou ao Brasil. Em sua sétima passagem pelo país, o Guns N’ Roses trouxe a nostalgia do hard rock do começo dos anos 90 e lotou o Allianz Parque que esperava para ver Axl Rose, Slash e Duff McKagan lado a lado na Not In This Lifetime Tour.

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A poesia prevaleceu no adeus de Leonard Cohen

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Nilo Vieira

E 2016 continua impiedoso: começou levando o maior artista da década de 70, depois ceifou a figura mais emblemática da década seguinte e agora levou um dos grandes nomes dos anos 60. Morreu no último dia 7 o poeta, compositor e cantor canadense Leonard Cohen, aos 82 anos de idade e em menos de um mês após lançar seu mais recente álbum de estúdio, o bom You Want It Darker – escolhido por nossa curadoria mensal como um dos melhores álbuns do mês passado. Continue lendo “A poesia prevaleceu no adeus de Leonard Cohen”

O Lar das Crianças Peculiares: quando as mudanças resvalam na superficialidade

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Guilherme Hansen

Tim Burton é um dos diretores mais famosos do cinema atual. Por consequência, todos os seus novos filmes sempre são cercados de grandes expectativas por parte do público. E não seria diferente com o seu mais último trabalho de direção, o longa O Lar das Crianças Peculiares (Miss Peregrine’s Home for Peculiar Children, baseado no livro homônimo de Ransom Riggs), lançado no dia 29 de setembro aqui no Brasil. Continue lendo “O Lar das Crianças Peculiares: quando as mudanças resvalam na superficialidade”

40 anos de Ramones: Reacionarismo e revolução

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Da esquerda para a direita: Johnny, Tommy, Joey e Dee Dee. Guarde esses nomes!

Gabriel Leite Ferreira

1976. Seis anos sem os Beatles. O rock’n’roll havia alçado voos mais altos na era da psicodelia; o próximo passo foi a sofisticação do rock progressivo de Pink Floyd e Yes, que já soava redundante. Mesmo os expoentes com proposta mais direta apresentavam sinais de desgaste: o reinado do Led Zeppelin estava nos momentos derradeiros e a fase clássica do Black Sabbath findava com a saída do vocalista Ozzy Osbourne. Os rockstars, figuras com uma aura própria, entravam em decadência pelos excessos tanto musicais quanto pessoais. O Verão do Amor enfim tornara-se inverno. Ninguém esperava que a resposta a essa crise de identidade viesse na forma de quatro nova-iorquino maltrapilhos de semblante apático encostados a um muro.

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O palco como uma plataforma de encontros em Pupik – Fuga em 2

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Foto: Bruna Garcia/Arte e Ativismo

Felipe Monteiro

O Teatro Municipal de Bauru recebeu na noite de quarta-feira, 26 de outubro, Naomi Silman e Yael Karavan, duas atrizes estrangeiras que carregam um laço de amizade e profissionalismo que as une uma vez por ano para contar a incrível história Pupik – Fuga em 2. Mais que um espetáculo, a vida das atrizes com todas as suas vivências e bagagem cultural nos é contada com delicadeza, emprestando elementos do onírico, do cômico e da arte para tecer a narrativa como em uma rede que prende a atenção do espectador do começo até o fim. Partindo de um movimento do eu para o mundo, as atrizes contam a sua história, ou a nossa história, a história da humanidade. Continue lendo “O palco como uma plataforma de encontros em Pupik – Fuga em 2”

Dr. Estranho, mas nem tanto

Dr. Estranho

João Pedro Fávero

A nova empreitada da Marvel Studios não mostra nada de estranho em comparação aos outros filmes da produtora, apesar do título do filme. O enredo de Dr. Estranho mantém o padrão de uma história de origem de um super-herói, mas se encontra nos efeitos visuais e nas atuações de Tilda Swinton e Benedict Cumberbatch. Continue lendo “Dr. Estranho, mas nem tanto”

Cantata para um Bastidor de Utopias: Alerta! Desperta! Ainda cabe sonhar.

Julia Mendonça

“Os colegas que vieram ontem me disseram que eu PRECISO assistir a essa peça! Vamos?”, comentou uma amiga minha. Chegamos então curiosas e animadas ao Teatro Municipal de Bauru em uma terça-feira chuvosa para assistir a peça de nome peculiar: Cantata para um Bastidor de Utopias.

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