Ana Laura Ferreira
Depois de quase dois anos completos em casa, aos poucos estamos voltando a vida normal, tendo a possibilidade de reencontrar amigos, família e até mesmo nossos ídolos. Com uma espera de oito anos sem pisar em terras brasileiras, e uma demora agravada pela pandemia, o fandom do cantor Louis Tomlinson finalmente pôde desfrutar dos vocais perfeitos e da presença de palco impecável do britânico em sua primeira turnê solo. Intitulada Louis Tomlinson World Tour (LTWT), a sequência de shows que vem rodando o mundo desde fevereiro de 2022 mostra o poder que o ex-One Direction tem para cativar, apaixonar e esgotar milhares de ingressos por onde quer que passe.
Divulgando seu álbum solo de estreia, Walls (2020), Tomlinson dá continuidade em uma carreira sólida que se iniciou doze anos atrás, junto com outros quatro cantores, no programa de talentos The X-Factor UK. Fazendo o movimento inverso do que estamos acostumados a ver na indústria, Louis passou de estádios de futebol lotados com a antiga banda, para casas de espetáculos menores. Mas isso não é nenhum demérito! Prova incontestável de seu sucesso é a facilidade de venda de ingressos, os quais, no Brasil, se esgotaram em menos de 10 minutos para as três noites disponíveis, totalizando mais de 30 mil bilhetes.
E por mais que uma conta rápida de matemática nos mostrasse que Louis é, sim, capaz de lotar o Allianz Park, essa diminuição de escala tem um propósito que rege toda a carreira solo do cantor: a aproximação com o público. Com um grupo mais nichado de fãs fiéis, Tomlinson mostra uma preocupação constante em se fazer presente e oferece aos seus espectadores uma conexão entre músico, música e plateia. Entregando exatamente o que promete, as três noites de shows pelo país provaram que mesmo com uma fanbase numericamente menor do que estava acostumado em sua época de One Direction, o amor de seus admiradores apenas se potencializou com o passar dos anos.
A espera realmente foi longa, já que a última passagem de Louis por terras tupiniquins foi em 2014, durante a turnê do álbum Midnight Memories, mas podemos dizer com todas as letras que valeu muito a pena. Com um cuidado primoroso em definir a experiência que deveria ser sentida durante seus shows, Tomlinson vem, durante toda a LTWT, apoiando artistas independentes e os trazendo como bandas de abertura. Para o Brasil, o grupo escolhido foi a Sun Room, os mesmos responsáveis por abrirem os concertos do músico durante sua passagem pelos Estados Unidos.
Empolgados, novos e ao mesmo tempo nostálgicos, os integrantes da Sun Room souberam como esquentar a plateia da maneira correta, com músicas de autoria própria que, ao mesmo tempo que contrastam bastante com o tipo de som do próprio Tomlinson, complementam o ambiente passando uma leve sensação de estarmos em um festival. É por sua singularidade que a banda de abertura ganhou o carinho do público, trazendo um tipo de arranjo que mistura, de maneira impecável, influências do rock dos anos 60 e 70 com uma pitada de modernidade muito bem-vinda. Ao olhar para a Sun Room no palco, foi impossível não pensar neles como uma representação do The Six.
Logo após este esquenta, as coisas começaram a se animar ainda mais e o clima de espera se tornou uma ansiedade palpável para aqueles presentes no show. Com um Smiley Face, marca registrada do cantor, grande e reluzente adornando o palco, pudemos sentir o chão literalmente tremer ao que os primeiros acordes de We Made It começaram. E não havia trilha melhor para a abertura, já que Tomlinson realmente conseguiu estruturar uma carreira fiel aos seus princípios e personalidade, que agora chega ao coração de milhares de fãs pelo mundo.
Se há uma coisa que precisa ser elogiada quando falamos da LTWT é sua banda. É verdade que Louis domina o palco e consegue fazer sua presença imponente naquele espaço, mas nada disso seria possível sem os arranjos precisamente trabalhados dos músicos que o acompanham na tour. Com um destaque especial para o solo do guitarrista Michael Blackwell durante Fearless, a banda conseguiu hipnotizar a plateia e transmitir tamanha harmonia que pudemos sentir que eles se divertiam tanto quanto nós durante a uma hora e meia em que estiveram no palco.
E parece até um pouco redundante falar, mas poucas palavras descrevem os shows de Tomlinson no Brasil melhor do que impecável. Sensacional também seria uma boa escolha, e até mesmo nostálgico, quando falamos sobre a setlist da noite. Com músicas de seu álbum Walls, alguns novas canções que provavelmente farão parte de seu próximo disco e até mesmo covers de bandas como Kings of Leon e Catfish and the Bottlemen, os fãs que aguardavam por ouvir ao vivo os vocais de Louis puderam também desfrutar da menção honrosa a algumas faixas de sua antiga banda.
Seja pulando durante Through The Dark, erguendo bandeiras durante Only the Brave ou gritando o mais alto possível a frase “come so far from Princess Park” durante Habit, o público também teve sua participação para que a noite fosse esse grande evento. Se por vezes era difícil escutar o próprio Tomlinson, dada a altura que os fãs comemoravam e cantavam as músicas, a atmosfera de devoção chegou a emocionar e encantar Louis, que não cansou de repetir, show após show no Brasil, que nunca tinha visto uma plateia tão comprometida quanto seus fãs da América Latina.
Todos os elementos sonoros e visuais do show, fossem eles partidos de Louis ou dos fãs, como a chuva de confetes durante Walls e as luzes de Kill My Mind, contribuíram para que essa se tornasse um noite inesquecível para ambas as partes. Parece um pouco piegas dizer que era como se todos os corações batessem em uma mesma frequência, mas podemos afirmar com certeza que eles estavam compassados com cada nota entoada pela banda. E talvez tenha sido motivado por esse sentimento de união e proximidade que Louis literalmente se jogou no meio da plateia, para que pudesse estar fisicamente ainda mais perto dos fãs.
Para alguém que acompanha Tomlinson há mais de uma década e que aguardava ansiosamente pela oportunidade de vê-lo ao vivo pela primeira vez, é difícil explicar a sensação e tudo que pudemos viver naquelas noites. Não há palavras boas o suficiente para descrever como é sentir as batidas de Little Black Dress pulsando em suas veias, ou a animação de Always You em meio a quase 10 mil pessoas. E talvez, inesquecível, inigualável e incomparável sejam as melhores maneiras de, minimamente, contar como foi a passagem de Louis Tomlinson pelo Brasil.
perfeito,definiu tudo que se sente quando vai no show dele, é um artista de mão cheia!!!
Amei a matéria! Mostrou tudo muito bem <3
amei demais o texto, conseguiu passar exatamente a emoção do momento! <3