Woody Guthrie: da poeira ao povo

O caubói de Oklahoma

Gabriel Rodrigues de Mello

Um som quebrava o ruído das máquinas no hospital. De um quarto pequeno, soava um violão. “We come with the dust and we go with the wind” (‘viemos com o pó e vamos com o vento’), Arlo Guthrie cantava para o seu pai, Woody; este que reagia com um olhar cansado, mas com um sorriso discreto. Continue lendo “Woody Guthrie: da poeira ao povo”

Blecaute! Uma década da ruína pública de Britney Spears

Leandro Gonçalves

Alternativa aos poderosos vocais, de Whitney Houston à Mariah Carey, e às açucaradas boybands e girlgroups vibrantes que dominavam as paradas musicais, Britney Spears surgiu como uma promessa revigorante ao cenário pop no final dos anos noventa. A ambígua imagem feminina da jovem conquistou rapidamente o público, e seu estrondoso sucesso fez com que seu nome fosse comparado, ainda que precocemente, a grandes mulheres da indústria, como Madonna. A figura eloquente que reunia nuances de inocência com características de Lolita encarnava a virtude atrativa do feminino, instrumento lucrativo aos monopólios fonográficos. Continue lendo “Blecaute! Uma década da ruína pública de Britney Spears”

Paul McCartney toca São Paulo

Noite de clássicos (foto: Marcelo Brandt/G1)

Camila Araújo

Paul mandou quase três horas de um set bem elaborado, escolhido a dedo para agradar os corações beatlemaníacos no Allianz Parque. Mesmo com uma voz rouca – provavelmente devido ao tempo inusitado de São Paulo que resolveu fazer frio e tempo de chuva de última hora – e com 75 anos nas costas, as músicas foram tocadas com perfeita maestria, de um veterano de guerra que há meio século convive com o mesmo repertório.

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Radiohead, a era digital e o fator humano

Eu tenho muitas amizades virtuais, eu bato-papo pelo meu computador

N. V. #41

Um texto sobre OK Computer (1997) estava na agenda para o primeiro semestre deste ano. O terceiro álbum do Radiohead é um dos mais aclamados da década de 90, e não à toa: a música mescla diversas influências (DJ Shadow, Pink Floyd, R.E.M, Can) em um produto grandioso e distinto, enquanto as letras já adiantavam a ansiedade e isolamento proporcionados com a chegada da era digital – sem contar os belos clipes e o encarte críptico. Continue lendo “Radiohead, a era digital e o fator humano”

Melhores discos de Setembro/2017

O soulman Charles Bradley, falecido este mês: carreira curta e tardia, legado imediato e imortal

Adriano Arrigo, Matheus Fernandes e Nilo Vieira

Assim como ano passado, setembro veio para quebrar a sequência de meses de vacas magras na curadoria. O resultado é a seleção mais extensa já registrada nesta seção, abrangendo os mais diversos estilos. Com a benção do finado Charles Bradley, seguem nossas escolhas: Continue lendo “Melhores discos de Setembro/2017”

Godspeed You! Black Emperor e o anarquismo simbólico

O Canadá de 1997 resumido em uma foto

Nilo Vieira

Em 1997, o rótulo post-rock era recente e até fazia sentido em bandas diferenciadas como o Godspeed You! Black Emperor. Os pilares centrais do rock (guitarra, baixo e bateria) estavam ali, mas eram utilizados em composições mais próximas a Steve Reich e Ennio Morricone – riffs e solos eram substituídos por texturas e orquestrações, peças de longa duração eram regra. Continue lendo “Godspeed You! Black Emperor e o anarquismo simbólico”

Bon Jovi em São Paulo: We will “always” remember you

Banda encerra turnê em São Paulo com show de arrepiar

Heloísa Manduca

No último sábado, dia 23 de setembro, a banda americana Bon Jovi encerrou sua turnê “This house is not for sale” pelo Brasil. O grupo passou por três capitais, sendo elas: Porto Alegre no dia 19, Rio de Janeiro no dia 22 e encerrando em São Paulo. Um show de arrepiar, digno para ninguém colocar defeito!

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20 anos de Homogenic: Björk retorna ao lar

(Foto: Phil Poynter)

Leonardo Teixeira

Em uma entrevista concedida à revista americana Raygun, Björk afirmou que “Possibly Maybe” (quinto single de seu segundo álbum solo, Post) é uma canção que lhe causava “vergonha”. A islandesa sentia-se constrangida por ter composto uma música que não desse esperança às pessoas. Com o estrelato trazido por seus dois primeiros trabalhos, ela se jogou nas maravilhas do mundo para divulgar sua arte. Continue lendo “20 anos de Homogenic: Björk retorna ao lar”

Pet Shop Boys em São Paulo: o pop que une gerações

André Siqueira e Bárbara Alcântara

Os Pet Shop Boys vieram ao Brasil pela primeira vez em 1994, em um show memorável no antigo Metropolitan, no Rio. E eu estava lá. Sozinho. Um amigo desmarcou em cima da hora, e – por mais incrível que possa parecer hoje – naquele fim de século 20 não era muito fácil encontrar companhia para um show tão associado ao universo gay, caso você não pertencesse a ele. O duo inglês ainda estava no seu auge, e encheu a casa de cores, som e um seleto público, predominantemente LGBT. Antes de entrar, tive que vender o ingresso que sobrou, e esbarrei com ninguém menos do que Renato Russo – que, infelizmente, já tinha seu bilhete. Continue lendo “Pet Shop Boys em São Paulo: o pop que une gerações”

Nirvana e Philip Glass: o popular no Ibirapuera

Nirvana Taking Punk to the Masses Samsung Exposição Ibirapuera
Come as You Are: entrada da exposição sobre a banda no Ibirapuera (foto: Jesus Cristo)

Nilo Vieira

A popularidade talvez seja o único aspecto inquestionável nas discussões sobre o Nirvana, a banda que uniu todas as tribos, em 2017. Apesar do status de clássico, Nevermind (1991) permanece um álbum mais discutido do que ouvido: revolucionou o rock ou é um plágio superestimado de antecessoras menos conhecidas? E o tal grunge, foi movimento ou só rótulo da MTV? Continue lendo “Nirvana e Philip Glass: o popular no Ibirapuera”