Lavínia Battoni Ferreira
Após o sucesso da primeira temporada, Bridgerton tem seu segundo ano focado em Anthony Bridgerton (Jonathan Bailey), o primogênito, que decide encontrar uma viscondessa. Ao longo dos oito episódios, é possível acompanhar a trajetória do personagem desde o seu passado até o que virá a se tornar seu futuro. Sem apelação com cenas explícitas, a estreia rendeu para o público, mesmo com algumas ressalvas. A sucessão foi de agrado da crítica, não surpreendendo por mais duas indicações ao Emmy para sua coleção.
Assim como em O Visconde Que Me Amava, foi possível rir, se emocionar, se apegar e desgostar de alguns personagens. Fugindo um pouco do livro, a série trouxe diferenciais para a história. O feito dividiu a opinião de alguns fãs, já que a primeira temporada acabou sendo fiel a O Duque e Eu, mas, por outro lado, também recebeu críticas pela quantidade de cenas explícitas nos episódios. Com personalidades e acontecimentos diferentes, algumas figuras não se tornaram tão queridas como nas páginas. Isso faz o público acreditar que daqui para frente a tendência seja apenas usar o nome dos livros e dos personagens, ainda levando em consideração que a terceira obra foi totalmente ignorada pelo streaming da Netflix ao anunciar a terceira leva sobre Colin Bridgerton.
Bridgerton também estreou duas novas personagens extremamente importantes para toda a história. A atriz Charithra Chandran deu um show durante toda a temporada e recebeu muitos elogios no papel de Edwina Sharma. Além dela, Simone Ashley, depois do papel em Sex Education, se tornou a grande queridinha ao interpretar a irmã mais velha de Edwina, Kate Sharma. Entretanto, mesmo com os diversos elogios, nenhum ator foi indicado ao Emmy, premiação que reconhece os melhores da TV. Para mais, as demais figuras continuam presentes, com exceção do amado Duque de Hastings (Regé-Jean Page), o qual teve seu arco totalmente finalizado na primeira temporada. O ator disse em abril do ano passado que não voltaria para a série, e recentemente reforçou isso através do seu Instagram. Phoebe Dynevor, a mais nova Duquesa, fez aparições em alguns episódios, e é perceptível que a tendência seja apenas essa.
A narrativa não deixa a desejar. Deixando de ser apenas mais um romance de época, a trama trata do triângulo amoroso entre duas irmãs e um dos homens mais influentes da Inglaterra do século XIX. Com direito a muito fofoca, especulação e flashbacks, o telespectador fica esperançoso para que finalmente todos descubram quem é Lady Whistledown, já que, na finale da primeira temporada, é revelado ao público quem está por trás da fofoqueira mais amada e odiada da cidade.
Em paralelo, no último episódio do segundo ano, é apresentado o grande plot: Eloise (Claudia Jessie) descobre que sua melhor amiga está por trás do folhetim que espalhou seu grande segredo. Lady Whistledown sem dúvidas foi um grande destaque dos capítulos, tanto nas mãos de Nicola Coughlan quanto na voz de Julie Andrews, que, pelo papel, concorreu ao Emmy de Melhor Performance de Voz pelo capítulo Um Grande Libertino. Não restam dúvidas que o trabalho da intérprete com sua voz foi excepcional, criando uma identidade própria para a personagem.
Ainda sobre Eloise Bridgerton, nesse ponto da história a figura mostra sua personalidade forte ao engajar em temas sociais, fugindo totalmente do rumo que se esperava de uma dama de 1800. Talvez seja por isso que a quinta irmã receba um carinho tão grande do público. Assim como ela, Kate expressa fortemente sua vontade de não casar todas as vezes que insistem em perguntar para a garota como ela ainda não arrumou um marido. Por conta disso, e de que em certo momento houve uma interação entre as duas sobre o assunto, se esperava maior desenvolvimento nessa amizade, que infelizmente não aconteceu. O que cabe agora é esperar para ver se esse sonho realmente vai se concretizar.
No segundo ano de Bridgerton destaca-se também a trilha sonora nas redes sociais. Sucessos como Material Girl, da Madonna, Diamonds, da Rihanna e Wrecking Ball, da Miley Cyrus, compuseram a incrível playlist da série. Assim como foi feito na primeira temporada, as canções foram regravadas em sua versão instrumental, deixando apenas a melodia ao som de uma orquestra. Nem mesmo Harry Styles escapou, e Sign of The Times tocou em um dos momentos mais marcantes e polêmicos: o grande casamento. Porém, para a tristeza de muitos, a série não entrou para a categoria musical do Emmy neste ano.
Bridgerton carrega um grande histórico de indicações no Oscar da TV, mesmo com apenas duas temporadas. Em 2021, a produção foi indicada a 12 categorias, mas venceu apenas uma: Melhor Penteado de Época e/ou de Personagem, pelo episódio A Arte de Desfalecer. Em 2022, no entanto, a obra recebeu três indicações: Melhor Figurino de Época, para Danny Glicker, Jessica Fasman e Adam Girardet, Melhor Penteado de Época e/ou de Personagem, para Erika Okvist, Jenny Rhodes-McLean e Sim Camps, e Melhor Performance de Voz, para Julie Andrews, por Um Grande Libertino, respectivamente. A série levou para casa o prêmio técnico de Melhor Penteado, graças ao episódio O Visconde Que Me Amava.
Por mais que o Emmy não tenha sido entregue para Julie Andrews em 2021 e 2022, que ficou para Chadwick Boseman e sua interpretação de T’Challa em What If…?, é inegável a expectativa que se teve para as edições da premiação. Quanto aos figurinos da série, ainda que se tenha contradições quanto a imprecisão dos trajes da época, o trabalho feito entre a fusão de referências do período com as modernas resulta em uma grande admiração pelo trabalho. Porém, tal admiração não garantiu que Bridgerton levasse todos os prêmios aos quais foi indicado nas noite do Creative Emmy Awards.