Há males que vêm para o bem: 5 anos da catarse de Katy Perry em Witness

Capa do álbum Witness de Katy Perry. Na imagem que captura do pescoço para cima, a cantora de pele branca e cabelos claros tampa os seus olhos com as mãos. A sua boca aberta revela um olho azul. Na esquerda, uma assinatura onde se lê “Katy”. Ao fundo, um plano branco com bordas roxas.
A arte de capa do Witness foi inspirada no surrealismo de Salvador Dalí (Foto: Capitol Records)

Nathalia Tetzner

O ano era 2017 e Katy Perry dava início ao seu tão ansiado quarto álbum de estúdio com o seguinte questionamento: “se eu perdesse tudo hoje, você ficaria?”. E, não é que ela perdeu tudo mesmo? Autêntico, inovador e coeso; todos esses adjetivos são o que Perry e a sua equipe esperavam que o seu mais novo projeto fosse. A realidade é que a artista e a sua obra passaram a coexistir em um só estado de espírito e, naturalmente, seus conflitos foram refletidos em suas composições. Vicioso, genérico e confuso: Witness é o registro da catarse pessoal e artística de uma das maiores hitmakers do século que, depois de tamanho sucesso, ainda não havia experimentado o gosto traumático e amargo da quebra de expectativa.

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Quem somos e para onde vamos: a Utopia de David Byrne

Cena do especial David Byrne’s American Utopia. A imagem mostra David Byrne, um homem branco de meia-idade, sentado à uma carteira escolar e segurando um modelo de um cérebro de plástico. Ele o estende à sua frente segurando-o com sua mão esquerda, enquanto aponta para ele com a mão esquerda apoiada. Ao fundo desfocada, há uma cortina feita de correntes finas prateadas.
O especial foi responsável por 6 das 130 indicações da HBO no Emmy 2021 (Foto: HBO)

João Batista Signorelli

Quem precisa de cabos? Eles enrolam, estragam, dão nó, e não te deixam sair do lugar. Se isso já é um pesadelo pra mim, que tenho que lidar com um computador que não funciona com internet sem fio e precisa ficar ligado na tomada pra não morrer, imagina para um grupo musical que precisa enfrentar todo dia uma teia de aranha no palco? David Byrne também se questionou, e chegou à conclusão de que dividir o palco com um emaranhado de cabos definitivamente não estaria mais em seus planos.

O resultado dessa simples decisão foi o gigantesco David Byrne’s American Utopia, um show que lotou teatros em 2018 e 2019, em uma aclamada turnê ovacionada pela crítica e pelo público, e que marcou passagem inclusive pelo Brasil, com apresentações em Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, e no Lollapalooza de 2018 em São Paulo. Paralisada pela pandemia, a performance já tem data marcada para voltar aos palcos da Broadway.

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