Os melhores filmes e séries de 2019

O fim da década fechou o ano do cinema com chave de ouro. 2019 apresentou inovações em cada gênero. Seja na animação, terror ou mistério, tivemos obras que reinventaram e escreveram da sua maneira história audiovisuais únicas e emocionantes. No Brasil, o cinema foi tema do Enem e alvo do governo, porém, lá fora se mostrou vivo percorrendo festivais, ganhando prêmios e alcançando a tão aguardada indicação ao Oscar. Foi difícil, mas nosso time selecionou as principais obras que marcaram cada um no ano passado.

No ramo das séries, nossa curadoria reflete a diversidade temática das produções em alta: tem cinebiografia de personalidades da literatura mundial, ficção científica, drama, comédia romântica e muito mais. Por outro lado, também apontou um dado problemático: nossa dependência em serviços de streaming.

Então, sem mais delongas, eis a curadoria Persona de Melhores Filmes e Séries de 2019:

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Frozen II amadurece as personagens e aprofunda seu universo

As irmãs precisam mais uma vez partir para salvar o futuro de Arendelle (Foto: Reprodução)

Gabriel Oliveira F. Arruda

Desde o seu primeiro trailer, a sequência da aclamada animação de 2013 da Disney, Frozen: Uma Aventura Congelante já parecia interessante, de um ponto de vista narrativo. Com uma atmosfera misteriosa e sombria, o teaser de quase 2 minutos contava com vocais da cantora norueguesa Aurora ao fundo, e pouco antes do título aparecer sob um fundo negro, a sucessão de clipes terminava com as protagonistas encarando um novo horizonte, distante da conhecida Arendelle, prometendo uma nova aventura fantástica. Será que o estúdio que não é exatamente conhecido por sequências fortes seria capaz de entregar algo tão ambicioso?

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O hipnotizante Farol de Robert Eggers

Apesar do empenho e da transformação, Robert Pattinson foi mais uma vez ignorado pela Academia no Oscar deste ano (Foto: Reprodução)

Egberto Santana Nunes

Em uma remota ilha isolada no norte da Inglaterra do século XX, um jovem é contratado para ser zelador de um grandioso e obscuro Farol. Em meio à agitada e vazia água do mar, sua única companhia durante a estadia é o chefe, o dono e cuidador da casa de luz. A simplicidade da trama escrita e dirigida por Robert Eggers é palco para uma agoniante história de horror cujo mote central é a relação tensa e hipnotizante dos dois faroleiros obsessivos pelo alucinógeno Farol. Este é o segundo longa do diretor do aclamado A Bruxa, um dos pilares do “novo horror”.

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Entre Facas e Segredos revitaliza e homenageia um gênero clássico

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O longa de Rian Johnson já arrecadou mais de 200 milhões de dólares internacionalmente (Foto: Reprodução)

Gabriel Oliveira F. Arruda

Depois de escrever e dirigir Star Wars: Os Últimos Jedi em 2017, um dos grandes sucessos da década, Rian Johnson retorna com um trabalho autoral que o destaca como um dos melhores cineastas da atualidade. Além disso, o americano prova sua habilidade em preservar a tradição sem ignorar a inovação. Entre Facas e Segredos conta com um elenco de peso, um mistério familiar, e uma abordagem singular aos dilemas que assombram o gênero detetivesco.

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Adoráveis Mulheres foge do tédio das adaptações e reaquece o clássico

(Foto: Reprodução)

Laryssa Gonçalves de Lima

“Se eu fosse uma menina em um livro, isso tudo seria mais fácil.’’ A reflexão de Jo March (Saoirse Ronan), diante de suas angústias e a idealização de vida construída sob os livros durante sua formação, molda as percepções de vida da personagem e, também, do espectador. É realmente fácil sonhar com uma vida que pode não agradar as expectativas impostas socialmente sobre uma mulher? Apesar de ser uma obra historicamente um tanto quanto defensiva aos valores morais e civismo, na direção de Greta Gerwig, a mais nova adaptação de ‘Adoráveis Mulheres’, leva as personagens de Louisa May Alcott traçarem os caminhos que sempre sonharam e deixam questionamentos pontuais, contrariando a posição das mulheres da época.

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Cats é o filme que você não quer ver

A dama Judi Dench em cena (Foto: Reprodução)

Ana Laura Ferreira

A arte pode ser dividida em sete pilares principais, sendo eles música, teatro, pintura, escultura, arquitetura, literatura e cinema. Porém, quando uma obra migra de um pilar para outro, partes de sua forma e beleza podem acabar se perdendo pelo caminho, resultando em um verdadeiro desastre.  Desengonçado, mal dirigido e esteticamente medonho, Cats chegou aos cinemas do país como um presente de natal de mal gosto. Importado dos palcos da Broadway, o longa é a maior decepção de 2019.

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Uma Mulher Alta: o olhar da mulher russa sobre a guerra

Isabella Siqueira

O drama histórico Uma Mulher Alta, ou Beanpole, é a aposta da Rússia para Oscar 2020. O filme do diretor Kantemir Balagov é emocionante e brutal. A inspiração vem do livro A Guerra Não Tem Rosto de Mulher da escritora Svetlana Aleksiévitch, vencedora do nobel de literatura de 2015. Na trama, duas mulheres que lutaram no exército vermelho enfretam as consequências do pós-guerra. Ao se basear nessa obra corajosa que dá espaço à vozes esquecidas, Kantemir criou um roteiro original que transborda força e violência trazendo também o espírito da escrita de Svetlana. 

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Retrato de uma Jovem em Chamas ressignifica a dor

(Foto: Reprodução)

Jho Brunhara

Alguns filmes são bons para se assistir e passar o tempo, outros para se emocionar e debulhar-se em lágrimas, outros para morrer de rir. Mas talvez um dos maiores problemas da velocidade em que consumimos arte audiovisual na era da informação – ainda mais após a popularização da Internet – é que nem tudo é memorável. Muito do que assistimos é esquecível, ou é visto com um sentimento de indiferença, sendo só mais um para a lista. Retrato de uma Jovem em Chamas é o completo oposto disso. O longa da diretora francesa Céline Sciamma é como uma marca na alma, uma queimadura deixada por um rastro de fogo. Aquela cicatriz que ao se olhar remete à uma memória intensa, que por mais dolorida que tenha sido em um breve momento, carrega consigo algo muito maior – uma lembrança boa. 

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O Irlandês assusta pela comodidade

O Irlandês é o filme mais importante lançado pela Netflix até hoje, tanto pelo orçamento astronômico quanto pelos nomes por trás do projeto (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Martin Scorsese é um diretor de excessos. O gênio do cinema já se aventurou por uma série de gêneros e estilos, todavia, foi contando histórias de mafiosos e italianos que ele encontrou louros. É claro que não podemos definir e limitar seu cinema a isso, algo assim seria um equívoco sem igual. Mas o imaginário popular e qualquer busca rápida sempre leva o nome de Scorsese casado à produções como Os Bons Companheiros (1990) ou Cassino (1995). O elemento que amalgama a arte de Martin, e seu discurso cinematográfico como um todo, é também o cerne das aventuras que decide contar: o legado que os homens deixam para o futuro. E em O Irlandês, no terreno conhecido de caras maus e crimes à luz da lua, Scorsese maquina seu primoroso pedaço de arte.

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Elena: um retrato sensível e necessário para debater suicídio e depressão

Aviso de Gatilho: Elena pode conter elementos prejudiciais àqueles sofrendo com depressão ou pensamentos suicidas.

Cena do filme Elena. A imagem mostra duas mulheres flutuando num rio de águas escuras. As duas mulheres estão do lado esquerdo da imagem, e a primeira está na parte de baixo, na horizontal, com a cabeça para o lado direito e os pés em direção ao centro da imagem, virados para o lado esquerdo; e a segunda na parte de cima, de cabeça para baixo, na diagonal. As duas usam vestidos longos em tons de bege. O fundo é preto.
O documentário Elena mistura realidade e ficção para contar a história de vida da irmã da cineasta Petra Costa, diretora de Democracia em Vertigem (Foto: Busca Vida Filmes)

Raquel Dutra 

O segundo longa-metragem de Petra Costa leva o nome de sua irmã mais velha, a atriz Elena Andrade. Sob a premissa de retratar a história da jovem e os sentimentos que a família conserva por sua memória, Elena toca em debates ultra sensíveis acerca de suicídio e depressão, ao mesmo tempo em que carrega o valor de ser considerada como uma obra marcante da documentarista. No filme, tudo tem um único fim: construir um retrato íntimo e profundo da vida de Elena, que aos vinte anos, tratando de doenças psicológicas e tentado se reerguer de desilusões profissionais, findou a sua própria vida.

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