“Eu Nunca…” ensinou como séries teens devem ser feitas

Maitreyi Ramakrishnan (Devi) teve o primeiro papel da sua carreira como protagonista em uma série da Netflix (Foto: Reprodução)

Natália Santos

Depois das polêmicas com o final da primeira temporada de 13 Reasons Why (2017) e da queda instantânea – e previsível – de Insatiable (2018), a Netflix USA deu uma segurada nas produções teens norte americanas. Nesse cenário fracassado, a empresa de streaming decidiu investir em novas vozes e expandir o território ao apostar em seriados para jovens feitos em outros países. Foi assim que nasceu a espanhola Elite (2018) e a britânica Sex Education (2019) – ambos seguindo a mesma fórmula de sexos e drogas.

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Ouvir The 1975 virou uma experiência quase religiosa

Capa do quarto álbum de estúdio do The 1975 (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Os meninos do The 1975 nunca foram tão cirurgicamente prepotentes. A banda de Manchester que fez seu nome rimando a sujeira das vielas em Sex e o ciúmes carcomido em Somebody Else, agora não busca mais solucionar os problemas do mundo, nem mesmo entendê-los. As 22 faixas de Notes on a Conditional Form ‘apenas’ documentam essa pós-modernidade em que vivemos. O disco soa como uma progressão natural e orgânica da arte de Matty Healy e cia, com mais anos de experiência e propriedade para endereçar os vícios de uma sociedade ególatra e despreocupada. Notes encontra espaço para estudos a respeito de Deus, da amizade e do aquecimento global. E todas essas arestas particulares formam um quadro que, em suma, pinta as qualidades e falhas dos artistas.

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Disque Amiga para Matar tece uma narrativa de erros

O texto contém spoilers apenas da 1ª temporada, cuidado (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

A turma do Scooby-Doo sempre se metia em enrascadas antes de solucionar seus mistérios. Daphne, Velma, Salsicha, Fred e Scooby fazem o bem, geralmente erram no meio, mas o final é feliz. Disque Amiga para Matar, protagonizada por Linda Cardellini, a Velma dos filmes dos anos 2000, segue a mesma premissa. Sua personagem Judy Hale se junta à Jen Harding (Christina Applegate) para se equivocar e meter os pés pelas mãos. A dupla continua encobrindo assassinatos na 2ª temporada mas, acreditem, é tudo com boas intenções.

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Minha História: Documentário sobre Michelle Obama é um ato político e de liberdade

No site oficial da Casa Branca, Michelle é a única primeira-dama que, ao ser descrita, tem a sua profissão citada antes de ser nomeada como “esposa do 44º presidente dos Estados Unidos” (Foto: Netflix)

Natália Santos

Depois de levar a estatueta do Oscar de melhor documentário com “Indústria Americana” (2019), a Higher Ground Productions, produtora do casal 20 Michelle e Barack Obama, retomou a parceria com a Netflix para dar continuidade ao que prometeu ao abrir a empresa: “cultivar vozes criativas e auxiliá-las no processo de contar suas histórias”. Dessa vez, a escolhida para compartilhar algo, na nova produção do casal, foi 46ª primeira-dama dos Estados Unidos, conhecida também como Michelle Obama. 

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De histórias amargas Hollywood já está cheia

Através da figura de Eleanor Roosevelt, a série sublinha a importância da arte e seu poder político: ‘you have more power to change the world than a government does’, declara sobre a escalação de uma negra como protagonista (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Quando o super produtor Ryan Murphy se afastou da Fox, casa de suas grandes obras, e assinou com a Netflix, a surpresa foi grande. O mega contrato de Murphy começou com The Politician (2019), uma dramédia política que servia aos agrados do protagonista Ben Platt. A segunda investida no streaming chegou em meio ao isolamento social, na forma da minissérie Hollywood. Centrada num grupo de jovens que sonham em ascender na terra do cinema, a afinada produção busca reescrever a história, sob tutela otimista e humor para abafar injustiças.

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Ciranda de Pedra: Natércio amava Laura que amava Daniel

Edição de 2009 pela Companhia das Letras (Foto: Reprodução)

Isabella Siqueira

Em seu primeiro romance lançado em 1954, a dama da literatura brasileira Lygia Fagundes Telles propõe falar sobre identidade e a noção de pertencimento. Em Ciranda de Pedra, essa que foi a única mulher indicada a um Nobel de Literatura no país entrega na obra uma narrativa comovente, cheia de poesias e metáforas que acompanham mesmo depois da leitura. A trama segue a jovem Virginia na infância e começo da vida adulta, o que chama atenção é a possibilidade de se ver na menina que está sempre fora da “ciranda”.

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Fiona Apple dita suas próprias regras em como criar um clássico instantâneo

O título do álbum quota uma fala da série britânica ‘The Fall’, na qual a personagem de Gillian Anderson, que investiga crimes sexuais, encontra o antigo cativeiro de uma garota torturada, e pede que tragam um alicate para poder entrar no local (Foto: David Garza/Epic Records)

Carlos Botelho

Após oito longos anos de espera, o aguardado quinto álbum de estúdio de Fiona Apple, Fetch The Bolt Cutters, chegou fazendo barulho na internet. Além de arrancar notas máximas das principais publicações da crítica especializada, o disco ainda entrou pro seleto grupo a receber um 10.0 da polêmica Pitchfork. O último lançamento a conquistar este feito foi o monumental My Beautiful Dark Twisted Fantasy de Kanye West, dez anos atrás. 

O que faz este álbum ganhar status de clássico instantâneo é o fato de Fiona Apple ter transformado sua própria casa em estúdio, adicionando os ruídos e barulhos do cotidiano ao instrumental da obra. Somadas a esta imprevisibilidade e crueza sonora únicas, Fetch The Bolt Cutters constrói ao longo de treze faixas um olhar poderoso e libertador sobre os fantasmas do passado. 

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Kid Krow: a matéria-prima de Conan Gray é a tristeza

Conan Gray definiu seu álbum de estreia como ‘chaotic neutral’ (Foto: Reprodução)

Vitor Evangelista

Conan Gray nunca foi de pedir muito. ‘Take me where the music ain’t too loud’, ele canta numa das faixas que abrem seu encantador debut. O californiano de 21 anos é filho do Youtube e da Geração Z, é filho também de pais divorciados, mas disso falamos depois. Suas canções mantém uma máxima: são súplicas. O músico versa sobre corações partidos e amizades distantes. Temas comuns mas que ganham fôlego quando ele faz uso de suas vivências, seus respiros e, principalmente, a maneira como lida com a rejeição. No fim das contas, Kid Krow é uma prisão macia. Nunca seremos felizes? Não há resposta certa mas, se a incerteza vier com trilha sonora de Gray, tudo é suportável.

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The Strokes: nem tão novo, nem tão anormal

(Foto: Reprodução)

Maria Carolina Gonzalez

‘Descongelamos’. Foi dessa forma que Julian Casablancas deu boas vindas a 2020 antes de apresentar ao público do Brooklyn’s Barclays Center a música “Ode to the Mets”, faixa que compõe o novo trabalho do Strokes: The New Abnormal

A escolha do nome foi apropriada para definir este ano. Assim como aconteceu em outubro de 2001, Nova York ainda se recuperava do 11 de setembro quando o Is This It chegou em terras americanas, oferecendo a trilha sonora da década que começava de forma inusitada. Quase 20 anos após a estreia ofegante, o quinteto nova-iorquino mais uma vez dita o ritmo dos novos tempos. Tempos completamente anormais.

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As dúvidas e incertezas de um relacionamento chegam até mesmo para Lara Jean

Para Todos os Garotos: P.S. Ainda Amo Você é a segunda adaptação da trilogia de livros de Jenny Han (Foto: Reprodução)

Vinícius Santos

Quando se trata de comédias românticas, a Netflix não se recusa em exagerar nos caprichos. E não foi diferente em Para Todos os Garotos: P.S. Ainda Amo Você, a sequência do longa de Susan Johnson. O primeiro trabalho de Michael Fimognari como diretor traz reviravoltas na trajetória dos personagens que conquistam fãs desde a trilogia literária. Inclusive, com o lançamento do trailer, a obra já vinha recebendo críticas mesmo antes de sua estreia.

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