Melhores discos de Julho/2018

Assim como a família Carter, o mundo da música parece ter saído de férias (Reprodução)

Egberto Santana, Gabriel Leite Ferreira e Leonardo Santana

O contraste com o mês anterior foi grande: julho foi paradíssimo. Mundo afora, nenhum grande lançamento nos chamou a atenção. Em terras tupiniquins, no entanto, o quadro foi um pouco melhor.

Carne Doce – Tônus

indie rock

Em Tônus, Salma Jô canta o sexo e o amor de maneira sutil, à semelhança do último trabalho de Elza Soares. O terceiro álbum dos goianienses aposta em timbres suaves e arranjos repetitivos para criar um clima confortável e sensual – a primorosa capa que o diga.

Mesmo nas faixas que lidam com questões mais ácidas, como “Besta” (sobre ser artista) e “Golpista” (título autoexplicativo), Salma não entrega nada de mão beijada. Em vez disso, ela prima pelo subjetivo, e ao final das dez canções Tônus revela toda sua honestidade. (GF)


DUDA BEAT – Sinto Muito

mpb, pop

É verdade, Duda sente muito. Demais. A estreia da pernambucana é sofrência do início ao fim. No entanto, a coleção de 11 faixas passa longe do piegas: a dor de cotovelo aqui é força motriz de uma arte fina, única e brasileira.

Misturando a teatralidade de Bethânia a interferências do mangue beat e do forró, a ex-backing vocal justifica o nascimento de seu projeto em julho. No mês dos cancerianos (conhecidos por sua sensibilidade apurada), o disco é mais que bem-vindo, com sua poesia de amor superlativo e desilusões das mais doídas. (LS)


Garbo – jovens inseguros vivendo no futuro

pop

Gabriel Soares aprendeu sozinho as técnicas de produção musical. Concebida no quarto de seu compositor, a estreia do paulistano capta muito bem essa atmosfera íntima e adolescente, ao mesmo tempo em que brinca com as possibilidades no pop e na música eletrônica. Lembra a Björk de Vespertine. (LS)



Denzel Curry – TA1300

trap rap, hip-hop

TA1300 (lê-se TABOO) é composto por 3 atos do já conhecido expoente da era do Soundcloud Rap, Denzel Curry. Dividido em Light: The Beginning, Grey: The Middle e Dark: The End que juntas formam o corpo do seu terceiro álbum. Seu estilo intenso e agressivo o marcam como um grande nomes do hardcore hip hop atual e agora com cada vez mais inovação no trabalho artístico.

Durante as 13 faixas, hits para balançar a cabeça como num show de metal se destacam, mas ao mesmo tempo canções onde o rapper de Miami explora o refrão grudento e cantado, entregando sua versatilidade em todos os âmbitos, com versos melódicos e críticos embalam o ritmo do álbum. Se o que se espera de uma audição comum são atos únicos e particulares entre si, aqui a sintonia vai crescendo e se transformando durante o decorrer das faixas, começando com algo suave e melódico para terminar com batidas rápidas e o flow intenso do rapper, conversando com cada título de cada ato.

E claro, como o título entoa, a lírica de Denzel não ia deixar de fora assuntos como a política de Trump e violência policial, o crescente uso de doenças mentais no meio do gênero, visto como autopromoção pelo rapper de Miami e as recentes mortes de jovens rappers que tem tomado o noticiário americano. O mais marcante em TA1300 talvez seja todo o embalo que as faixas trazem em cima desses assuntos, com um rtimo banger bem definido e evoluído que dão a qualidade a um de seus melhores trabalhos. (ES)

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