Após o sucesso da inauguração em agosto, o Cineclube retorna mais ousado™. Alternando entre os blockbusters comentados e produções polêmicas, selecionamos quatro filmes para tecer breves impressões. Confira:
Atômica
Do co-diretor de John Wick, David Leitch, Atômica segue o mesmo ritmo frenético de porradaria, com a heroína de ação Charlize Theron (a imperatriz Furiosa, de Mad Max) distribuindo golpes por duas horas em uma Berlim da Guerra Fria.
Se o roteiro de espionagem tem seus defeitos, o ponto forte do filme fica em sua curadoria sonora. As lutas são acompanhadas pelo melhor da New Wave, incluindo David Bowie, Siouxsie, The Clash e New Order. – Matheus Fernandes
It – A Coisa
It – A Coisa, segue o revival estético oitentista encapsulado no sucesso de Stranger Things. Porém, o filme tomou os parâmetros da Netflix muito ao pé da letra. Salvo a brilhante interpretação de Bill Skarsgård como Pennywise, todo o potencial psicológico que a obra possui foi transformada em excesso de piadas, aventuras e, o mais grave, numa pasteurização de temas que deixaram a obra no meio do caminho entre a sessão da tarde e o terror. – Adriano Arrigo
how does it feel??
mãe!
O filme tem causado reações distintas no público e na crítica. O contexto polêmico que a obra gerou já é um indicativo de que vale a pena conferir. O que quase ninguém tem negado é que o diretor foi capaz de criar, com certa ousadia, um filme complexo sem perder a condução de suspense da primeira parte e sem abrir mão do horror na segunda metade. As interpretações da parte final ficam à cargo de cada um, mas é evidente que a referência a mitos religiosos é um ponto fundamental do filme. Persona recomenda. – Eli Vagner
Polícia Federal – A Lei é Para Todos
A premissa oferecida pelo trailer era a de uma novela da Record transposta para as telonas, mas o filme imparcial (se há quem acredite que a Terra é plana em 2017…) sobre a operação anticorrupção mais pop do Brasil vai bem mais além. A produção mira na investigação humanizada de Spotlight, mas acerta em uma versão ainda mais hollywoodiana de CSI.
Com caracterizações ridículas (Ary Fontoura como Lula, que boa ideia!), atuações caricatas e roteiro com ritmo bizarro, o longa-metragem de nome longo falha até em se manter seguro às convicções que defende. Os esboços de autocrítica são tão rasos quanto qualquer discussão inflamada via memes no Facebook, e este talvez seja o mais pŕoximo de acerto aqui: o filme não poderia ter sido feito em outros tempos.
Com a parte 2 anunciada nos pós-créditos, o brasileiro mais otimista já pode ficar feliz: se na política ninguém se salva, ao menos a comédia continua garantida nos cinemas. – Nilo Vieira