Marcela Lavorato e Rebecca Ramos
Em 1997, ao lançar o álbum Sobrevivendo no Inferno, os Racionais MC’s propuseram, pela primeira vez na grande mídia, uma reflexão acerca das dificuldades enfrentadas pelas pessoas na periferia, além de questionar o que leva certos indivíduos neste contexto ao dilacerante sistema carcerário. Embora seja incerto o número de participantes de facções dentro de presídios, certamente é algo a ser discutido. O Primeiro Comando da Capital, popularmente conhecido como PCC, tem uma presença enorme dentro e fora das prisões, mas continua-se a ignorar este fato, uma vez que é de extrema delicadeza debater sobre como são tratados indivíduos periféricos num contexto prisional e seus efeitos na sociedade civil.
“A cadeia é um moedor de ser humano”. A frase dita pelo ex-agente penitenciário Diorgeres Victorio é o ponto de partida que a direção de PCC: Poder Secreto – exibida pela Max, antiga HBO Max – evidencia durante os quatro capítulos da obra. Entre Carandiru, Pedro Juan Caballero, Taubaté e Presidente Venceslau, os presídios são idênticos – não há nenhuma atividade de ressocialização; há somente o trancafiamento. E é a partir daí que começamos a entender o surgimento da facção.