A história contada por Pantanal é atemporal e se confunde com uma moda sertaneja que há décadas emociona peões: “ele tinha um cavalo preto por nome de Ventania e um laço de doze braças do couro de uma novilha”. Desde a primeira exibição da novela, em 1990, até o remake em 2022, a trama pouco mudou, ainda que o Brasil, acumulador de uma quantidade exorbitante de gado, tenha sofrido grandes transformações. Ao som da mesma canção, o ‘Véio’ Joventino cavalgou país afora até um dia sumir e deixar seu filho José Leôncio para trás. Ele, bicho do mato, se meteu com uma moça da cidade e da união nasceu Jove, o primeiro herdeiro sem padrão de boiadeiro que chegou para “cutucar a onça com vara curta”. Da luta entre humano e felino, a novela reviveu o seu destino.
A competição entre os streamings para conquistar o público no conforto de quatro paredes aumenta cada vez mais. Em 2022, não só assistimos às Melhores Séries, mas também o drama da perda bilionária da Netflix, a busca incessante pelo lucro com a introdução dos anúncios nas plataformas e a caminhada de ascensão da HBO até dentro das premiações. Talvez, no ano que vem, o Persona tenha que abarcar até os esportes que adentraram nesse mundo.
É nítido que a Netflix segue sendo a mandachuva: das 64 séries indicadas pela nossa Editoria, 25 pertencem à dona do tudum. Para além disso, a novela mexicana que a empresa vive após 200 mil assinantes pularem fora, e consequentemente as ações despencaram em 35%, nos alcançou. Se antes era divertido ver a vermelhinha fazer de tudo para que suas séries originais brigassem por prêmios, agora tivemos dor de cabeça ao descobrir a novidade polêmica e irritante de que o compartilhamento de conta na plataforma será cobrado.
Dentro desse cenário, vivemos um paradoxo: enquanto Wandinha, Heartstopper e Stranger Things foram as mais lembradas pelo Persona, mencionadas nove vezes cada uma, as melhores produções não são da nossa camarada Netflix. The Beare Ruptura (Severance, em seu nome original) empataram na liderança dos rankings, ambas com três menções na primeira posição de melhor série do ano. Parece que estamos divididos ou que a competição das empresas tem resultado em produções mais esplêndidas?
A coletânea da nossa Editoria também está alinhada com as maiores premiações da Televisão, mesmo sem ter a intenção. Enquanto aguardamos a lista de indicados ao Emmy 2023, fazemos nossas especulações. Desbancando suas concorrentes em uma competição interna, a HBOMax também preencheu um grande espaço na nossa lista. Com o lançamento estrondoso de A Casa do Dragão, o spin-off de Game Of Thrones enfiou o dedo na ferida de sua produção materna e foi mencionado oito vezes por nossos colaboradores. Em seu cangote está a segunda temporada de The White Lotus, com a mesma quantidade de menções e ganhando em número de troféus do Globo de Ouro deste ano por 2 a 1 da novela da família Targaryen.
Vale ressaltar que outras grandes produções premiadas ou aclamadas pelas críticas também foram lembradas, seja a polêmica história de Dahmer: Um Canibal Americano, a comédia de Hacks ou o terror genial de Yellowjackets. No entanto, não é isso que prezamos. Enquanto estiver despejando sua curiosidade e tempo na leitura de nossas indicações de Melhores Séries de 2022, saiba que priorizamos nos aventurar. Você encontrará produções nacionais extremamente políticas, como Rota 66, irá se deparar com romances britânicos, dois volumes de Atlanta muito esperados, e mais. Essa espontaneidade de obras é essencialmente quem somos, uma diversidade em construção. Aproveite, até Pantanal entrou na dança!