Quando Charlie Parker morreu, em 12 de março de 1955, aos 34 anos, o médico legista testemunhou que seu corpo parecia o de um homem de 65, resultado de sua adição em heroína. Quando Chet Baker caiu da janela de um hotel em Amsterdam em 13 de maio de 1988, aos 58 anos, seu corpo aparentava ser de um homem de 80 anos, efeito da mesma devastação provocada por essa que foi a droga mais associada à história do jazz. Continue lendo “Born to be Blue: O Jazz e a Heroína”
“All girls to the front! I’m not kidding” (Todas as meninas para frente! Não estou brincando). Foi com esse pedido inusitado que as bandas riot grrrl – movimento que surgiu em meados da década de 90 – foram ganhando notoriedade dentro da cena punk norte-americana. Munidas de guitarras, baixos, baterias e microfones, elas bradavam “we want revolution girl style now!” (Nós queremos a revolução ao estilo das garotas agora!), pedindo visibilidade dentro de um movimento que se mostrava, apesar dos ideais libertários, cada vez mais misógino e distante das pautas políticas femininas. Escreveram fanzines, organizaram festivais, enfim: conseguiram provar que eram capazes de liderar não só suas próprias bandas, mas todo um movimento social. Elas deram uma nova cara ao feminismo.
Não é novidade alguma afirmar que o Brasil é um país de contrastes. Em contraponto à beleza natural do país, a desigualdade social sempre se fez presente. Ao passo em que a miscigenação nos trouxe tanta riqueza cultural, os mais peçonhentos tipos de preconceitos nunca abandonaram nossa sociedade. O carisma do brasileiro sempre encontrou no oportunismo dos tiranos um grande inimigo; e por aí vão os incontáveis arquétipos intrínsecos à nossa história. Apesar de alguns avanços notáveis, a Terra de Vera Cruz continua não sendo um país de todos e nem para todos.
Miles Ahead não segue o modelo de “cinebiografia hagiográfica”, característica de algumas produções cinematográficas que retratam vidas de artistas. Tampouco segue o padrão histórico-cronológico, que sintetiza os momentos mais expressivos da carreira de um artista tendo como pano de fundo um panorama sociocultural. Essas produções geralmente se baseiam em um retrato das dificuldades que o artista enfrentou até chegar ao estrelato, ressaltando as condições desfavoráveis de sua origem em contraste com o poder transformador de seu talento. Continue lendo “Miles Ahead: muito pouco sobre o Dark Magus do jazz.”
2016 segue sendo um ano difícil: as grandes expectativas acabam não fazendo jus aos lançamentos do ano – qualitativa e quantitativamente.
Todavia, quem estiver disposto a peneirar entre os mais diversos estilos musicais ainda achará algumas pepitas pelo caminho. Essas foram as nossas, a maioria encontrada aos 45 minutos do segundo tempo do mês de agosto – ufa! Continue lendo “Os melhores discos de Agosto/2016”
Beyoncé tem se tornado uma artista que dispensa apresentações. Desde sua juventude à frente do R&B empoderado do Destiny’s Child, passando por seus incontáveis hits cuidadosamente moldados pelos produtores mais competentes que sua gravadora pôde conseguir, a cantora tem se esforçado para ganhar lugar de respeito em uma indústria que, no fim das contas, ela domina. Lançando em meio a polêmicas, o aguardado Lemonade é uma narrativa sobre solidão, confiança (ou a falta dela) e contestação social. Continue lendo “LEMONADE: Amor, confiança e empoderamento”
Cantora americana encerra a última noite do Festival, em Bauru
Raíssa Pansieri
Na noite do último sábado, 13 de agosto, China Moses subiu aos palcos do Sesc Bauru para o encerramento da quinta edição do festival Jazz & Blues. Dona de um gingado marcante e de uma voz inconfundível, China provou que é uma artista completa. O talento da cantora vem das influências artísticas que cresceu ouvindo – entre elas, a própria mãe, Dee Dee Bridgewater. Continue lendo “Festival Sesc Jazz & Blues apresenta: China Moses”
Experimentação: essa é a palavra-chave que define o que o sétimo álbum dos Beatles representou no repertório da banda. Lançado em agosto de 1966, Revolver trouxe inovações não só para a banda inglesa, mas também para todo o cenário musical dos últimos anos da década de 60. Continue lendo “Revolver: 50 anos do início da fase psicodélica dos Beatles”
Em 2001, o estouro causado pelo segundo disco do Nirvana, o clássico Nevermind, estava prestes a completar uma década. Claro que existiu vida inteligente no rock (e fora dele também, obviamente) nesses quase dez anos, mas não era algo satisfatório para a indústria musical, que ainda clamava por um novo álbum que causasse fenômeno comercial parecido – e que trouxesse junto de si uma outra figura messiânica, para poder vendê-la como “a voz da nova geração”.
O mês de julho realmente foi um período de férias: mesmo com discos esperados e álbuns acima da média, o saldo foi de vacas magras. Mesmo assim, não foram 31 dias perdidos – cá estão oito lançamentos que merecem o seu tempo e atenção.