Os Melhores Filmes de 2024

Sexualidade, Terror e protagonismo feminino foram os destaques do ano (Texto de Abertura: Davi Marcelgo e Guilherme Leal/Arte de capa: Nicole Tiemi Kussunoki)

Qual imagem te lembra o Cinema em 2024? A Zendaya com os seus twinks do tênis ou da ficção científica? O discurso poderoso da Demi Moore no body horror de Coralie Fargeat? Ou você se lembra da marcante cena de Eunice Paiva e seus cinco filhos na sorveteria? O fato é que as mulheres dominaram as telonas e foram reconhecidas pelo público e crítica com histórias memoráveis. Ao todo, 33 obras foram mencionadas na lista de Melhores Filmes do Ano do Persona. De profissionais do sexo a vampiros sugadores de casadas, os longas-metragens citados possuem uma caractéristica que os une: o êxito em provocar sentimentos que ultrapassam a pupila e acessam outras partes do corpo para te fazer sentir.

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Em um deserto de expectativas, Duna: Parte 2 é um milagre de adaptação

Aviso: Lisan al Gaib profetiza que haverá spoilers no texto a seguir

Cena do filme Duna: Parte 2: Paul Atreides, interpretado por Timothée Chamalet, caminha sobre as areais do deserto de Arrakis em direção à câmera. Paul é um jovem branco de cabelo curto liso. Na cena, ele utiliza um trajestilador, uma roupa cinzenta e justa com cabos e placas lisas que cobrem o corpo inteiro. Paul utiliza um capuz preto e uma capa cinzenta translúcida. O personagem está no centro da imagem com um sol batendo acima dele e montanhas atras de si. O céu é de um amarelo quase bege e não há nuvens. Os olhos de Paul nesta imagens são azuis.
O universo de Duna revolucionou a Literatura de ficção científica e, agora, revoluciona o Cinema do gênero (Foto: Warner Bros. Pictures)

Íris Ítalo Marquezini e Nathan Sampaio

Um dos exemplos mais utilizados em escolas para representar o conceito de uma história épica é A Odisseia, de Homero. A trama de voltar para casa, ficar distante da família e reclamar dos sacrifícios que são de heróis por direito fundou muito do que se entende pelo ocidente hoje. Acontece que não só de histórias monumentais viviam os gregos. As tragédias, compostas por pessoas paralisadas pelas teias do destino e de erros fatais irreparáveis, colocavam a audiência na linha tênue entre entretenimento e choque pelo que era representado nos palcos dos teatros. 

Ésquilo, em A Casa de Atreus, demonstra um exemplo de como determinadas crenças, ganância e crueldade podem condenar gerações de uma família a sofrer um ciclo de violência interminável. Duna: Parte 2 continua a mostrar a tragédia que acomete essa mesma linhagem dezenas de milhares de anos depois. A graça do filme é o diretor Denis Villeneuve somar o épico e o trágico igualmente, de uma forma que, como alguns diriam anos atrás, seria impossível. Para uma história com tanto peso na religião, Duna: Parte 2 faz a audiência acreditar que é possível ir ao cinema para presenciar um milagre.

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