Os 40 anos da epopeia de sentidos em Stop Making Sense

Cena de Stop Making Sense. Nela, vemos David Byrne, um homem branco de cabelos pretos. Ele veste um terno cinza e uma camisa cinza. O terno é consideravelmente maior que o corpo do cantor, ficando bastante folgado. Byrne está em pé, de olhos fechados e com a boca aberta em frente a um microfone. O fundo é preto.
Cabeças falantes nem sempre precisam fazer sentido (Foto: Arnold Stiefel Company)

Guilherme Veiga

Um tablado preto de teatro. Uma luz no fundo, de onde vem um par de pernas que veste uma calça cinza clara e um sapato terrivelmente branco. Essas pernas chegam até um microfone e então é posto um rádio ao lado. A mão do corpo a quem pertence tais pernas dá play no aparelho, e então uma bateria digital começa aquela que seria uma das versões mais emblemáticas de Psycho Killer. A câmera sobe até o vislumbre de um jovial David Byrne e o resto é história. Assim começa aquela que, posteriormente, seria considerada a obra definitiva quando o assunto é filmes-concerto: Stop Making Sense.

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Quem somos e para onde vamos: a Utopia de David Byrne

Cena do especial David Byrne’s American Utopia. A imagem mostra David Byrne, um homem branco de meia-idade, sentado à uma carteira escolar e segurando um modelo de um cérebro de plástico. Ele o estende à sua frente segurando-o com sua mão esquerda, enquanto aponta para ele com a mão esquerda apoiada. Ao fundo desfocada, há uma cortina feita de correntes finas prateadas.
O especial foi responsável por 6 das 130 indicações da HBO no Emmy 2021 (Foto: HBO)

João Batista Signorelli

Quem precisa de cabos? Eles enrolam, estragam, dão nó, e não te deixam sair do lugar. Se isso já é um pesadelo pra mim, que tenho que lidar com um computador que não funciona com internet sem fio e precisa ficar ligado na tomada pra não morrer, imagina para um grupo musical que precisa enfrentar todo dia uma teia de aranha no palco? David Byrne também se questionou, e chegou à conclusão de que dividir o palco com um emaranhado de cabos definitivamente não estaria mais em seus planos.

O resultado dessa simples decisão foi o gigantesco David Byrne’s American Utopia, um show que lotou teatros em 2018 e 2019, em uma aclamada turnê ovacionada pela crítica e pelo público, e que marcou passagem inclusive pelo Brasil, com apresentações em Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, e no Lollapalooza de 2018 em São Paulo. Paralisada pela pandemia, a performance já tem data marcada para voltar aos palcos da Broadway.

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