Ana Beatriz Rodrigues
Diferentemente de modelo, ser uma miss vai além de desfiles em passarelas e ensaios fotográficos. A miss é responsável por representar sua cidade, estado ou país em uma competição. Ela precisa ser carismática e possuir um talento que impressione os jurados, e, além disso, é necessário seguir os terríveis padrões de beleza impostos pela sociedade. Em 2001, Sandra Bullock confirmou essas características em Miss Simpatia, filme roteirizado por Marc Lawrence. Nesse ano, a obra completa 20 anos e não poderia deixar de ser esquecida. Misturando ação e comédia, o filme que embalou muitas Sessões da Tarde explora esses concursos enquanto se desenrola um mistério envolvendo o Miss Estados Unidos.
O FBI investiga um possível atentado na maior competição de Miss nos EUA. Preocupados e com intenção de prender o culpado por isso, eles precisam se infiltrar para estudar o caso de perto. Para isso, eles escolhem a agente Gracie Hart, interpretada por Sandra Bullock, para se passar pela candidata do estado de Nova Jersey na competição. Só que Gracie não se comporta do jeito que o concurso pede. O resto da equipe não acreditava no seu potencial de se transformar de maneira tão rápida e ela surpreendeu deixando todos de boca aberta.
Histórias em que as mulheres precisam se transformar para chegar em algum objetivo ainda são comuns. Muitas crianças cresceram acompanhando séries e filmes em que a protagonista mudava completamente seu visual para conquistar o mocinho ou algum sonho. Um dos nomes mais comuns que retratam essa narrativa é O Diário da Princesa, o filme que mostra a garota Mia de 15 anos que passava por uma transformação radical para se tornar princesa do seu país. Ela abandona seus óculos e alisa seu cabelo para essa nova fase.
Esse discurso é extremamente perigoso para a formação de garotas na nossa sociedade. E a não correspondência com os padrões pode trazer consequências em diversos setores na vida do público. É, mais uma vez, o papel da Arte transmitir uma mensagem que seja saudável. Miss Simpatia possui alguns deslizes, mas não podemos assistir filmes mais antigos com um olhar anacrônico. Além do mais, a obra também coloca uma mulher em uma posição conhecida por ser ocupada majoritariamente por homens e isso também é importante.
Apesar desses defeitos, o filme é bom de assistir e traz conforto por fazer parte da vida de muitas pessoas. O efeito nostálgico ao acompanhar as quase duas horas do longa é significativo. O romance típico dos anos 2000 também é ponto importante de Miss Congeniality. O diretor Donald Petrie também é responsável por Como Perder um Homem em 10 Dias. Amigos do trabalho que se implicam, mas na verdade se amam, é uma história comum porém agradável para uma obra como esse. E o toque que incorpora ainda mais o longa é a trilha sonora. Com Dancing Queen e One In a Million, o filme se torna uma obra perfeita do início do milênio.
A protagonista vai além de sua beleza no concurso e mostra ser uma mulher engraçada e inteligente. Ela ainda descobre o verdadeiro suspeito pelo atentado e encerra o caso com um plot twist que até hoje pode surpreender o público. Infelizmente, seu talento tocando copos com água não foi capaz de conquistar os jurados e ela não se tornou a Miss dos Estados Unidos. Porém, Gracie Hart conquistou o coração de todos do concurso e se tornou a Miss Simpatia. Ela conseguiu cativar todos no filme e aqueles que assistiram a obra.