Nota Musical – Junho de 2022

Arte retangular na cor amarela mostarda. Do lado direito está a caixa de um CD, este decorado por uma foto de quatro artistas: Trixie Mattel, Ludmilla, Muna e Johnny Hooker. Já ao lado esquerdo, está escrito, em branco, na área superior, “nota musical”. Ao centro, o logo do persona, um olho com a íris na mesma cor do fundo. Logo abaixo, o texto em preto “junho de 2022”.
Destaques de Junho de 2022: Trixie Mattel, Ludmilla, Johnny Hooker e MUNA (Foto: Reprodução/Arte: Henrique Marinhos)

Entre fogueiras e bandeirolas de São João, o universo do pop em junho recebeu visitas quentes. Depois de muito tempo distante dos holofotes, foi a vez de Beyoncé hastear suas bandeiras e renascer. No single BREAK MY SOUL, de seu tão esperado futuro álbum, intitulado Renaissance, a texana quer a emancipação pela dança e pela liberdade do movimento que apenas a Música house faz florescer. Ao se debruçar sobre as sonoridades das pistas de dança, a cantora está distante de abandonar o político; ainda mais quando retoma, na canção, as potências negras e queer do Disco, da bounce music, reverenciada na sample de Big Freedia, uma de suas maiores representantes. 

Assim, a Queen B inaugura o sétimo Nota Musical de 2022: ao entoar versos compostos pela raízes gospel que fundam a performatividade do ballroom, a favor da libertação das massacrantes rotinas que assolam os cotidianos depois do isolamento social, o trabalho de Beyoncé é de resgate. O house enfrenta o apagamento vindouro da apropriação por parte de DJs homens, cis, heterossexuais e brancos, trazendo um movimento combativo encabeçado por mulheres pretas que sempre tiveram um papel significativo na composição do que hoje é conhecido como Música pop. Acenando ao clássico Show Me Love, de Robin S., também sampleado anteriormente por Charli XCX neste mesmo ano, a proposta é de que haja espaço para a dança, mas que não fique no esquecimento o quanto esses ritmos vieram de um espaço de resistência à dor e à marginalização. 

Os gritos de afirmação e potência queer coloriram os projetos de outras artistas, e a apresentação de Madonna no Terminal 5 de Nova Iorque durante o evento WoW, Finally Enough Love, em celebração ao Mês do Orgulho LGBTQIA+, ganhou destaque. Como uma verdadeira rainha do pop, ela parece ser de fato incansável e também lançou a coletânea de remixes Finally Enough Love. O disco celebra duas conquistas recentes da cantora: tornar-se a primeira artista a chegar 50 vezes ao topo da parada Dance Club Songs, da Billboard, e ser a única artista a ter 50 hits em primeiro lugar em qualquer parada da revista estadunidense. Os lançamentos não param por aí, e Madonna deve lançar em agosto a versão Finally Enough Love: 50 Number Ones, formada por um total de 50 faixas. Enquanto esse mimo não chega, podemos escutar o single Ray Of Light (Sasha Ultra Violet Mix Edit) [2022 Remaster], disponibilizado nas plataformas de streaming também em junho.

Quando o assunto são rainhas e diversidade, a drag queen Trixie Mattel e seu novo projeto em tons de rosa ganham protagonismo. Em meio a uma turnê ao lado de sua amiga e parceira de negócios Katya, e ao lançamento de sua própria série de renovação de um motel, a artista encontrou espaço para, no Mês do Orgulho, lançar seu disco duplo. O The Pink & Blonde Albums abraça suas diversas facetas, do amor apaixonado vibe dos anos 60 até a sensualidade inebriante de uma artista no auge de sua Arte. 

A paleta de cores do mês chegou até o vermelho, típico de outra loirinha que deu as caras em Junho de 2022. Em mais uma de suas aventuras pelas trilhas sonoras — nas quais encanta desde 2012, com sua original ao lado de The Civil War para Jogos Vorazes —, Taylor Swift continua se deliciando no som soturno de folklore e na identidade alternativa de evermore para embalar Where The Crawdads Sing — estrelado pela querida e maravilhosa Daisy Edgar-Jones. 

Foto de divulgação do The Pink & Blonde Albums. Na imagem a drag queen Trixie Mattel aparece em um cenário todo rosa segurando um telefone com fio na mesma cor, a artista ainda usa uma roupa e uma peruca seguindo o leque de tons rosa.
7 anos depois de ser apresentada ao mundo em uma performance quieta na sétima temporada de Drag Race, Mattel conquistou cada espaço que ocupou, e à medida do sucesso atual, continuará o fazendo (Foto: Jon Sams)

Nossas playlists também tiveram a honra de ser agraciadas pelos recomeços. Demi Lovato saiu da reabilitação outra vez e retornou com a sonoridade pop rock dos primeiros anos de sua carreira. Em SKIN OF MY TEETH,  o melhor da potência vocal de Demi é trazido para o pré-refrão extasiante. A faixa é o primeiro single do seu oitavo álbum de estúdio, HOLY FVCK, cujo lançamento está previsto para agosto. 

Como hiatos e períodos complicados sempre fazem parte da rotina, tivemos a volta de figurinhas engavetadas. Halsey, finalmente, passou por cima das burocracias e empecilhos impostos por sua gravadora para o lançamento de novas músicas, trazendo ao público So Good – seu primeiro single desde o álbum If I Can’t Have Love, I Want Power.  Na faixa, que conta com a produção de Max Martin, a artista relembra um amor de desencontros e lamenta o fato do relacionamento não ter tido sucesso. Com um ritmo suave e delicado, a canção vem acompanhada por um clipe – dirigido por Alev Aydin – que passeia por lembranças e possibilidades. Sem ser surpreendente e impactante, a aposta foi substanciada por sentimentos singelos e comedidos.

A previsão do tempo é: simplicidade. Após o lançamento pouco impactante de Solar Power em 2021, e depois da chuva de críticas recebidas, Lorde protagonizou o clipe do single The Path. A produção audiovisual, dirigida pela própria cantora e seu parceiro Joel Kefali, traz a mesma estética ensolarada que vem sendo trabalhada desde o início da era. No vídeo, a kiwi se une a sua comunidade para dançar e exaltar a chegada do verão. Imerso em tons de vermelho e amarelo, o sol ainda parece insuficiente para tirar Lorde do morno.  

Já que o assunto é previsão, os planos para o futuro de Lizzo e Rina Sawayama chegaram. A primeira liberou o já imerso em polêmicas Grrrls, novo single do vindouro álbum Special. Rina Sawayama, por sua vez, trouxe mais uma prévia do seu disco, cujo lançamento está marcado para o dia 2 de setembro. A nova faixa, Catch Me In The Air, não dá conta de acompanhar as expectativas criadas pelo primeiro single do álbum, This Hell

Foto de divulgação de Grrrls. Na imagem, Lizzo aparece em frente a um plano sólido de tons escuros. A artista usa um tipo de balaclava brilhante e só mostra seu rosto, tudo está tratado com um filtro em preto e branco.
Criticada por utilizar um termo capacitista na letra de Grrrls, Lizzo não demorou para reconhecer publicamente o erro, e serviu de exemplo para outros artistas ao ser rápida em alterar o verso problemático (Foto: Atlantic Records)

As personalidades icônicas também marcaram o novo lançamento de Grace Gaustad. Com uma letra repleta de disco sticks e referências a divas pop, o seu novo single, GAGA, chegou às plataformas de streaming todo trabalhado no brilho e no estrelato. Mas o verdadeiro auge do lançamento está, provavelmente, no clipe que acompanha a canção. Nele, Gaustad se reúne com personalidades do RuPaul’s Drag Race e, juntas, as artistas percorrem momentos icônicos da carreira da Mother Monster, trazendo referências explícitas para os olhos – e ouvidos – super atentos dos little monsters. Ao lado de PILLBX e Everybody’s Friend, singles também disponibilizados no mês de junho, GAGA abre caminho para o álbum PILLBX: whts ur fantasy

Para fechar as cortinas do pop internacional, o BTS lançou Proof. A coletânea de sucessos marca o início da pausa das atividades em conjunto dos sete integrantes. Antológico, o álbum conta com várias demos e três músicas novas. Entre elas, o dueto de Agust D e Jimin em Tony Montana e o single Yet To Come (The Most Beautiful Moment). Conan Gray também fechou as contas e liberou todas as faixas do lancinante Superache – que até então nos vinha sendo apresentado em parcelas. 

Contrariando um cosmos de frustrações, a extraordinária, provocativa e até mesmo cômica performance de Trashy Ladies Medley, de 1975, finalmente chegou ao canal oficial de Cher no YouTube. Realizada no The Cher Show, a apresentação traz a reunião da dona do hit Believe com ninguém menos que Bette Midler.

O cenário pop brasileiro também recebeu várias novidades e lançamentos no mês de junho. No disco Em Nome da Estrela, a magia de Xênia França é a variação. Em sua investida de estruturar a negritude nos mais diversos campos imaginativos, a cantora agora tece sua harmônica mistura das musicalidades da MPB, junto a um jazz contemporâneo no território lírico dos sonhos. Indo dos versos de Dádiva, acompanhados por belíssimas cordas, até os meandros rítmicos que vão do blues ao maracatu em Ancestral Infinito, o álbum é um ponto de ruptura ao determinar um universo amplo de sonoridades e influências.

Também se jogando em um projeto musical ambicioso, Johnny Hooker lançou o álbum ØRGIA. Inspirado pelo livro Orgia – Os Diários de Tulio Carella, Recife 1960, o novo disco beira o conceito de álbum visual ao construir uma espécie de filme – repleto de ambientes noturnos, sexo e solidão – com as letras, clipes e visualizers que o compõem. Indo do brega ao electro-rock, Hooker nos presenteia com canções inéditas e outras já conhecidas, como Amante de Aluguel e Nhac!, colaborando ainda com o fenomenal Silva na faixa Maré. 

Cinco anos após o lançamento de Recomeçar, Tim Bernardes está de volta para presentear o cenário da Música nacional com o acolhedor e delicado Mil Coisas Invisíveis. Em instrumentais poéticos e extremamente bem produzidos, o cantor explora os estágios da vida, além de nos mostrar o mundo com a sinceridade de sentimentos invisíveis e tocantes. 

Em Meu Santo É Forte, MC Tha encontra e leva Axé para todos os lugares. Fruto de releitura de músicas da cantora Alcione, lenda da Cultura brasileira, o EP recupera canções de menor alcance popular, e as submete à produção contemporânea. Indo do samba ao funk de atabaques, passando por twists de suingue, MC Tha questiona a grande intolerância religiosa que assola o Brasil. 

Se no EP Clarissa a cantora retratava o amor como um sentimento que andava na corda bamba, Caminhada mostra autossuficiência e companheirismo. Aqui, Clarissa não precisa se apequenar para caber em alguém, mas se mostra inteira o suficiente para trilhar um caminho em um relacionamento saudável. A dona do hit pop punk nada contra (ciúme) também lançou amor desalinhado, em parceria com o cantor português Diogo Piçarra. Em um dueto emocionante e harmonioso, os dois refletem sobre o quão belo e doloroso um término de relacionamento pode ser.

a foto mostra uma estatueta, parecida com as de premiação, sobre um fundo branco. A estatueta possui formato de mulher, sua cor é um dourado rosado e em sua base, há os nomes de Pedro Sampaio, Anitta, Dadju, Nicky Jam e MC Pedrinho. Acima da estatueta, há os escritos “Dançarina Remix”.
PEDRO SAMPAIO se junta a MC Pedrinho, Nicky Jam, Dadju e Anitta no single DANÇARINA [Remix] (Foto: Warner Music Brasil)
Já Pabllo Vittar, embora tenha soltado a pérola “mi español es muy ratatá”, comemorou o primeiro aniversário de Batidão Tropical lançando o single Ama Sofre Chora (Spanish Version). Gloria Groove, por sua vez, disponibilizou sua versão de Maniac, hit dos anos 1980 originalmente lançado por Michael Sembello, que estará na trilha sonora de Cara e Coragem, a nova novela da Rede Globo.

No começo de junho, IZA disponibilizou o single Fé. A canção recebeu um videoclipe estonteante, dirigido por Felipe Sassi, e faz parte do ciclo do seu ainda inédito segundo álbum de estúdio. A cantora também colaborou no single Cangaceira, do grupo Falamansa. A faixa ganhou um clipe, em que IZA interpreta uma divindade cheia de flores, no estilo God is a woman, de Ariana Grande. 

O pop brasileiro recebeu o lançamento de Vestido de Amor, lead single do próximo álbum de Chico César. Além disso, Anitta, junto a LUCK MUZIK, disponibilizou o single TROPA, uma colaboração com o jogo Free Fire. A música ainda ganhou um videoclipe, dirigido por Christian Breslauer, responsável pelo clipe de Boys Don’t Cry.

Pelo terceiro mês seguido, Rody Martinez marcou presença no cenário pop brasileiro; dessa vez, com o lançamento do single Lambada. Quem também retornou foi Priscilla Alcantara, com a faixa-título de seu disco do ano passado, Você Aprendeu A Amar?. O single seria só mais uma vítima das atuais estratégias de lançamento duvidosas da cena, se não fosse a arquitetura sonora completamente desajustada que desperdiça até mesmo a força da participação de Emicida. 

Juliette, a campeã do BBB 21, lançou Solar, que faz parte de uma série de singles que sucedem o criticado EP que leva seu nome. A canção mostra uma persona mais sensível e contemplativa, e ainda pega emprestado os versos de um poema antigo da cantora. O destaque de junho no cenário pop brasileiro, no entanto, é de Ludmilla: a artista marcou presença no BET Awards, sendo a única indicada do país na premiação. 

Antes disso, ela disponibilizou o Medley Lud Session numa parceria estonteante com Luísa Sonza, mesclando as canções Tudo porque você mentiu; penhasco.; CAFÉ DA MANHÃ ;P e Doutora 3. Luísa, por sua vez, também participou do single de Baco Exu do Blues, Hotel Caro. Ao falar sobre os momentos de luz e de escuridão de um relacionamento, os cantores discorrem sobre os antagonismos de um sentimento que chega ao fim, deixando peças demais para trás. 

a foto mostra o cantor Gilberto Gil. O cantor está de pé, com as mãos juntas na altura do peito. Ele é um homem negro, com cabelo crespo curto e branco, com barba curta branca. Gilberto usa uma camisa verde escuro, e está na frente de um fundo branco.
Se viva, a “primeira dama do rock brasileiro” e a “primeira estrela do pop juvenil do Brasil” também completaria 80 anos: nascida no mesmo dia em que Paul McCartney, Celly Campello gravou verdadeiros clássicos da Música brasileira, tais como Estúpido Cupido, Banho de Lua e Broto Legal (Foto: Pedro Napolinário/Altafonte)

Alô, alô, Gilberto Gil, aquele abraço! Em junho, o homem que anda com fé completou 80 anos. Além de todas as homenagens e especiais televisivos recebidos, o cantor foi presenteado com um museu virtual no Google Arts & Culture, intitulado O Ritmo de Gil. Dentre as preciosidades reunidas na exposição, o maior tesouro é um disco perdido do cantor e compositor baiano. Gravado em 1982 para o mercado internacional, o álbum sem título não chegou a ser lançado na época – e foi encontrado só em 2020, pelos pesquisadores Chris Fuscaldo e Ricardo Schott. A coletânea está agora disponível para o público, que poderá ouvir oito faixas em inglês, e uma em português, além de contar com uma participação da estadunidense Roberta Flack. Os fãs da lenda da Música brasileira também foram presenteados pelo próprio: o veterano juntou os filhos e netos na série documental Em Casa com os Gil, para a gravação de um álbum homônimo. O encontro de gerações resgatou clássicos do cancioneiro de Gil, como Barato Total, Drão e Sítio do Picapau Amarelo, trabalhos que marcaram a vida de muitas famílias. 

Enquanto isso, Tom Zé, que é sempre uma multidão em suas criações musicais, carregando as mais inesperadas referências histórico-culturais e zelando pelas pesquisas e explorações antes de dar vida a um projeto, concebeu Língua Brasileira, o novo disco do último tropicalista. A coletânea possui Felipe Hirsch como diretor artístico, que também dirige um espetáculo teatral-musical de mesmo nome, sob consultoria geral de Caetano Galindo. O álbum mostra os caminhos da língua, que vão do tupi-guarani à cultura celta, passando por descobertas feitas na Itália e por outros detalhes lindos e minuciosos, como a ligação ao quimbundo. Língua Brasileira, de modo geral, é uma reunião de informações que se encontram na margem do aprendizado oficial, como as origens desse nosso precioso bem sociocultural.

 A foto é a capa do extended play EPDEB. Sobre um fundo azul claro, somente partes do corpo de Juçara Marçal aparecem na imagem, sendo elas: as mãos e o cabelo com tranças azuis. Juçara é uma mulher negra
Juçara Marçal completa o álbum Delta Estácio Blues (2021) com o extended play EPBED [Foto: Juçara Marçal/QTV]
Ainda na MPB, a multiartista Anná divulgou sua própria versão de Súplica Cearense, e demonstrou mais uma vez que tem muita propriedade para dialogar com as mais distintas vertentes da Música brasileira. Ana Lélia, Márcia Tauil e Roberto Menescal estão reunidos novamente, e agora com a companhia de Tiãozinho. Juntos, os artistas lançaram uma releitura de Coisas do Brasil, uma composição de Nelson Motta e Guilherme Arantes. Djavan, por sua vez, divulgou Num Mundo de Paz, o lead single do álbum D

LUI e Bemti se uniram em Preciso Dizer Que Te Amo / Re-Veja [Ao Vivo]. Numa  belíssima releitura da composição de Cazuza, Bebel Gilberto e Dé Palmeira, a faixa recebeu um videoclipe comovente, dirigido por Fred Soares. Já Aquino e a Orquestra Invisível lançaram o single Quando Ela Foi. Em um ritmo animado e dançante, a banda explora novos sons, e mostra sua evolução desde o seu primeiro disco, Os Prédios Cinzas e Brancos da Av. Maracanã, lançado em 2021. A faixa ainda ganhou um clipe ao vivo, diretamente do primeiro show da banda no Circo Voador. 

Madu também marcou presença na MPB nesse mês de junho. Lançando o quinto single do vindouro disco Querubim, o cantor entrega sua própria versão de Amor Cinza, música composta – e já até gravada – por Mateus Aleluia, mais uma vez acompanhado pelas notas musicais do violão de Jean Charnaux. Para fechar os lançamentos da Música Popular Brasileira, temos a volta de Chico Buarque ao universo musical. 

Com a música Que Tal Um Samba?, o vencedor do Prêmio Camões contempla, em um tom crítico e político, um ar de enfrentamento e superação. A faixa poderia facilmente ser uma atualização de Apesar de Você: no meio de um ritmo gostoso de ouvir e elementos culturais, a esperança de que “amanhã há de ser outro dia” e de que as coisas ruins irão passar continua presente. E, mesmo com mais de 50 anos de carreira, podemos perceber como Chico Buarque ainda continua seu legado de consciência, de resiliência e de resistência ao autoritarismo governamental

A foto mostra Filipe Ret de costas, em um fundo preto azulado. Há uma luz azul que contorna o corpo de Ret.
Filipe Ret lançou LUME, com participações de Anitta e L7nnon (Foto: STEFFANY/@stefflima)

Continuando no território brasileiro, mas indo para a área do rap, Filipe Ret lançou o álbum LUME, seu sexto trabalho de estúdio. O projeto mostra o encontro do trap e do funk, e possui várias participações, como Anitta, MC Hariel, L7nnon, Caio Luccas e Cabelinho. Sob a energia de ritmos fortes, marcantes e festivos, as músicas falam sobre a vida nas favelas, as conquistas e a sedução. Além disso, o trabalho de Ret explora uma atmosfera dual e mais transparente do que nunca. 

A dupla de gêmeas Tasha & Tracie lançou, em junho, o single WILLY. Produzida por Pizzol, a música faz referência ao livro A Fantástica Fábrica de Chocolate. Usando jogos de palavras que relacionam chocolates e dinheiro, as irmãs trazem rimas melodiosas e a exaltação do poder das mulheres negras. MC Carol lançou Africano, música dedicada a seu noivo, que se tornou ainda mais especial com o videoclipe que acompanha a homenagem. 

Post Malone aparece sentado em uma poltrona preta, e está em frente a um fundo de pano preto, e em cima de um tapete cinza escuro. O cantor veste um terno quadriculado azul, uma blusa gola alta azul clara e botas marrom. Post Malone é um homem branco, e possui tatuagens faciais.]
Em um tom sombrio, Post Malone lança o aguardado álbum Twelve Carat Toothache (Foto: Adam Degross)

Adentrando o espaço do rap internacional, temos o retorno de Post Malone. Quase três anos depois do lançamento do aclamado Hollywood’s Bleeding, o rapper está de volta, com alguns dentes a menos, e com um tom mais sombrio no disco Twelve Carat Toothache. Ao unir forças com artistas como The Weeknd, Doja Cat e Roddy Ricch, Malone reflete sobre corações partidos e sobre o alcoolismo – que o faz feliz na mesma medida que o prejudica. O quarto álbum de Posty alcançou o segundo lugar da parada musical Billboard Hot 200, além de marcar o fim do contrato por obra com a gravadora Republic Records

Recebemos também o primeiro disco de Erica Banks, Diary of The Flow Queen. A responsável por Buss It, música viral da plataforma TikTok, mostra como vai com o flow de seus beats: Banks se autointitula “Flow Queen” – Rainha do Flow. Já Lil Nas X fez seu retorno pós-MONTERO junto do rapper NBA YoungBoy com o single Late To Da Party. O lançamento veio logo depois de Lil Nas ser esnobado pelo BET Awards; o cantor usou a faixa para mandar indiretas bem diretas para a premiação, e ainda recebeu um clipe. 

Uma colaboração entre Pharrell Williams, 21 Savage e Tyler, The Creator não poderia seguir um caminho diferente do sucesso. Em Cash In Cash Out, os rappers reafirmam os porquês de serem ganhadores do Grammy. Apostando em uma receita clássica e certeira, a faixa traz uma letra milionária em que os artistas fazem referência a artigos de luxo. A canção ainda recebeu um clipe em stop motion, dirigido por François Rousselet. 

Eu me sinto como uma deusa, eu me sinto como uma diva”, diz Princess Nokia, em seu single recém-lançado Diva. A rapper, completamente inspirada por divas pop, mostra, durante o clipe da faixa, sua ascendência porto-riquenha. A faixa fica ainda mais completa com a lista de verdadeiras deusas da Música, como Beyoncé, Shakira, Aaliyah e Britney Spears. Para ultimar o mundo do rap, Muni Long lançou a dançante Baby Boo, junto com Saweetie.

Já no mundo do R&B, Muni foi escolhida como parceira por John Legend para o single Honey. Em uma melodia doce e suave como o mel, a dupla reflete sobre o prazer feminino. A faixa se delicia em suas batidas vindas do jazz e dos vocais sensuais e harmoniosos do par. Também recebemos o retorno de Chlöe, com o single Surprise. Na música, a cantora expressa e explora sua sensualidade dentro de seu relacionamento, trazendo instrumentais envolventes, junto com vocais delicados e encantadores.

Após quase dois anos do lançamento de Nectar, seu segundo álbum, Joji está de volta com a canção Glimpse of Us. Em uma melodia emotiva e melancólica, com belas notas de piano, e com versos tocantes e lamentosos, o cantor compara um relacionamento atual a um do passado. Essa comparação se potencializa pela forma que Joji utiliza os pronomes ‘ela’ e ‘você’, para se referir ao seu amor atual e ao seu amor passado, respectivamente. Podemos ver isso nos versos “Porque às vezes eu olho nos olhos dela/E é aí que eu encontro um vislumbre de nós”.

O universo do R&B ainda recebeu de presente a versão deluxe de Ctrl, álbum de SZA que completou cinco anos em junho. O disco contém sete faixas inéditas, que dão uma cara nova para o primeiro grande trabalho de estúdio da artista. A revisitação mostra como SZA faz jus ao sucesso do pioneiro, que recebeu cinco indicações ao Grammy e que, mesmo após meia década, permanece na parada musical Billboard 200.

Para o Rock, o sexto mês do ano foi silencioso, mas imperial. Retomando os clássicos, o icônico grupo Kiss lançou o álbum Off The Soundboard: Live In Donington, com repertório gravado no festival inglês Monsters Of Rock, em 1996. Enquanto isso, Blondie contrariou as tradições e deu uma chance para as primeiras vezes, anunciando o primeiro box set da carreira, Blondie: Against The Odds 1974-1982 — com lançamento previsto para o mês de agosto. Para dar início a esse “projeto de arquivo”, a banda disponibilizou nas plataformas de streaming uma gravação intensa e inédita: um cover de Moonlight Drive, do The Doors.

As novidades e urgências do século também tomaram conta das fases de Yeah Yeah Yeahs. Depois de quase dez anos em hiato, a banda se alimenta da mágica de uma nova geração musical do pop rock com seu novo single Spitting Off the Edge of the World. Numa explosão emotiva de sintetizadores digna do pop ecoante das baladas oníricas de M83, o retorno do trio de rock, sempre formativo de estardalhaços, agora se apoia em um gigantesco sentimentalismo de uma produção muito remanescente às sonoridades transcendentais de Perfume Genius.

Em contraponto, se apoiar na contemporaneidade deu a MUNA um ar de reprodutibilidade técnica. A banda, apadrinhada por Phoebe Bridgers, lançou seu quarto disco de estúdio, batizado com o nome do grupo. Embora o trabalho, modesto em extensão e alcance, edifique as 3 artistas em potenciais ainda não explorados em sua carreira, as canções parecem se esforçar demais, mergulhando em tendências mercadológicas para a justificativa de escolhas estéticas e de estilo. Silk Chiffon, single de barulho que divide os vocais com a madrinha do indie, bota para quebrar, assim como a extravagante What I Want. Feito para ser ouvido e cantado a plenos pulmões num carro em alta velocidade durante o Mês do Orgulho, MUNA oferece menos do que poderia.

Os tons noturnos da vez ficaram por conta de Soccer Mommy. Mais obscuro que seu trabalho em color theory, a cantora retorna com Sometimes, Forever envolvida pelas sombras e por autodescobertas pontiagudas, em especial as que dizem respeito a fatores imutáveis de seu cosmos. Além disso, as estrelas brilharam para Ozzy Osbourne e seu novo trabalho Patient Number 9, faixa-título de seu próximo álbum. A canção conta com a participação do ícone do rock Jeff Beck.

Capa do álbum Muna. Na imagem, quatro quadrantes guardam as fotografias das integrantes do grupo e o nome da banda. Naomi McPherson aparece no canto superior esquerdo e veste uma blusa verde, logo abaixo está Josette Maskin com uma camisa amarela e ao seu lado Katie Gavin com um top laranja.
MUNA surgiu em 2013 e ficou marcada por constituir representatividade queer focada em discussões de sexualidade e gênero (Foto: Saddest Factory Records)

E se até então os lançamentos pareciam um pouco mais calmos, a Música alternativa se definiu em turbilhões. No mais novo álbum de Mike Hadreas como Perfume Genius, Ugly Season, o compositor torna a visceralidade – encoberta pela beleza no abraço ou no abandono à corporeidade em Set My Heart on Fire Immediately e em No Shape, respectivamente – o cerne temático de seu projeto. Nessa crueza, que está refletida claramente em seus vocais distorcidos, nervosos e até mesmo suprimidos por instrumentações alucinantes, Hadreas expõe suas emoções sem meandros, com uma expressividade que dilui seu típico estilo narrativo de storytelling em composições quase impressionistas.

Passeando por pulsões que vão do barroco psicodélico de Scherzo, ao reggae na faixa-título para um maníaco disco mix em Eye on The Wall, Hadreas encontra na feiura e na dissonância dessas canções, pensadas originalmente para a peça de dança contemporânea de Kate Wallich, outras maneiras de lidar com o corpo queer. Sua lírica vai desde a sexualidade em Pop Song até o lapso de beleza ambient no fim do álbum, em Cenote. 

O transtorno musicalizado também foi a aposta de quem não aparecia há um bom tempo. Seis anos após o lançamento de Jet Plane And Oxbow, Shearwater volta aos holofotes com o seu décimo disco, The Great Awakening. As 11 faixas se derramam em águas turbulentas onde a única regra é não ter regras. No álbum, os instrumentais compõem uma musicalidade apocalíptica e incoerente. Em um ideal de combinações estranhas e estridentes, Shearwater nos apresenta críticas sob os contrastes de uma melancolia enérgica.

Chegando para cumprir promessas antigas, a dupla composta por Camae Ayewa (Moor Mother) e Zubeyda Muzeyyen (DJ Haram), finalmente trouxe o lançamento de seu álbum de estreia. Em uma atmosfera definitivamente distante do reconfortante, 700 Bliss traz à tona uma musicalidade anárquica. Imersos em um instrumental indômito, a bateria e o baixo são complementados por sons estrondosos. Aquilo que em um primeiro momento parece incômodo e mal executado, se mostra extremamente bem encaixado às temáticas retratadas nas músicas. Usando letras provocativas e incisivas, a dupla critica o abuso de poder e a marginalização da cultura preta. Em momentos contrastantes usam pontos humorísticos para compor uma narrativa caótica. Para quem não tem nada a declarar, 700 Bliss fala sobre muitas coisas que precisamos ouvir.

O ponto de equilíbrio em meio a tempestade foram as notas agridoces do lirismo, como acontece no segundo álbum da cantora italiana Francesca Burattelli, Battle Fatigue. Depois do sabor amargo tratado em Condition, chegou a vez da artista esmiuçar o amor em suas faces ternas e aflitivas. As 11 músicas do disco apresentam Francesca em completa experimentação. Aqui, sua voz mistura o canto e a fala, além de trazer interpretações em três idiomas diferentes: o inglês, o italiano e o dinamarquês. O ritmo tem um trabalho de cordas muito singular, em que guitarra e outros instrumentos se tornam um complemento ao tom adocicado dos vocais da artista. 

Capa do álbum Battle Fatigue. Na imagem, Francesca Buratelli aparece sobre um tipo de mesa, seus cabelos são longos e estão amarrados à moldura do móvel. Ao fundo, há um cenário marrom acinzentado. A artista veste uma espécie de collant com formas indefinidas em tons de laranja e bege.
Em uma visão de relacionamentos como universos intensos e multifacetados, Battle Fatigue respira em exaustão (Foto: Anyines)

Caminhando pela maturidade do sentir, as emoções foram alvo de transformações. No projeto de remixes de seu último álbum, o florescente e íntimo Colourgrade, Tirzah convida artistas que partilham e entendem as noções de delicadeza e sinceridade que atravessam suas canções, da mesma maneira que constroem novos territórios de experimentalismo acerca do conceito do remix

Na reinvenção da faixa-título, Arca trabalha com sintetizadores intergaláticos, enquanto recupera a  bela crueza do trabalho de Tirzah ao não ter medo de trazer momentos de silêncio e de dissonância aos ouvidos, principalmente no ressoar de um teclado que encobre misteriosos vocais distorcidos. Já no enigmático e mágico incremento de instrumentações por Lafawndah em Crepuscular Rays, há um perfeito híbrido dessas visões artísticas tão férteis, encontrando no cenário de remontagem e remixagem uma nova maneira de significação partilhada dos temas colocados originalmente pelo álbum. 

Onde há humanidade, há desabafo, e são em batidas imersas em uma euforia bagunçada, high on helium e cheias de torpor que Grace Ives compõe Janky Star. Álbum esse que, se estivesse em moldes literários, estaria muito mais para um livro de contos do que para um romance narrativo sustentado em uma linearidade. Formando pequenas caixinhas desorganizadas prontas para serem vasculhadas, a cantora conta com o produtor Justin Raisen, que passou pela produção de outras joias pop, como Baby, de Charli XCX. 

Mas diferentemente da superprodução e do complexo de estrela presentes no último projeto de XCX, Ives remonta-se em uma intimidade que, em faixas como Lullaby, conseguem alcançar um suprassumo de sinceridade ao narrar os nadas que preencheram o isolamento social pandêmico. A falta de pretensão nos versos de On The Ground constituem o mais perfeito pop para dançar sozinho, isolado do mundo afora e preso em seus fones de ouvido, já o uso de vocais distorcidos em Back In LA só reforçam a alegria letárgica do álbum. 

Como até as confissões ganham ares mercadológicos, mais um dos recortes sonoros comerciais de twigs, killer, vem com o direito a uma batida produzida pelo seu colaborador em CAPRISONGS, El Guincho. Acessando as sonoridades de um trap que consegue sustentar os sempre poderosos vocais da cantora em belas harmonias, a composição da estreante no Tiny Desk se coloca em direto diálogo com formas mais radiofônicas de se fazer pop, que se mostram até na espertíssima promo da música no TikTok, com um vídeo que se fez digno de tabloides de fofoca. Assim, o single mostra que CAPRISONGS foi apenas um pé dentro do mainstream em que twigs tem pretensão dar um mergulho.

As influências do pop também aterrissaram em ritmos psicodélicos. Em mais uma amostra de seu novo álbum, Shygirl expõe uma desconstrução melódica do pop que, no início, se assemelha a uma versão mais açucarada e revestida de glitter das batidas vocálicas do Medúlla, de Björk. Com a participação de Arca na produção, vozes são remixadas e reorganizadas em uma sinfonia febril e alucinante. Sob os versos imperativos de uma sexualidade que quase beira as exigências de uma dominatrix, completamente contrastadas com a suavidade que os vocais de Shygirl constroem a canção, Come For Me compartilha um luxo sinestésico.

Para quem sentiu falta de leveza e bom humor, temos o sempre satisfatório caminho de Phoenix, traduzido no sentir de uma delicada nostalgia, já eternizada por um vídeo dirigido por Sofia Coppola, ou no transporte às mais divertidas imersões no que seria o perfeito verão italiano regado ao 80’s disco. Ilustrada por um clipe recheado de uma jocosidade do início da era dos memes, com imagens históricas em um contexto meio besteirol, Alpha Zulu, o novo single da banda, representa o conforto na forma de um europop banhado nas influências remanescentes das batidas intermitentes de Jean Michel Jarre

Para acolher feridas com delicadeza, Angel Olsen nos trouxe sua sempre constante sutileza para discorrer sobre os mais diversos temas. Em seu novo álbum, seus discursos vão da paixão de ter se assumido lésbica e tornado seu relacionamento público, ao luto, com a morte de seus pais. Big Time abraça todas essas emoções, com a gigante ternura da Música country, mesmo que com uma lágrima no canto do olho. Ecoando esse carinho quase meloso de Big Star e Dolly Parton, a faixa-título é um epítome de uma declaração de amor dedicada a sua parceira, que consegue atravessar, mesmo nos momentos mais áridos e pessimistas do projeto, momentos de conexão, ainda mais na realidade pós-isolamento social.

Se Angel Olsen coloca uma pata no country, a vencedora de oito Grammys, Carrie Underwood, coloca o cavalo inteiro. A artista, que tem uma grande presença no gospel, apresenta pela primeira vez uma versão mais desprendida e ensolarada com o energético Denim & Rhinestones. Passando por temáticas que variam entre paixão e decepção, a cantora e compositora revela faces mais íntimas e compartilha lembranças da própria vida. Os instrumentais remontam um universo festivo com batidas bem marcadas que chegam a pender para influências do rock. Após mais de vinte anos de carreira em destaque no country, Carrie mostra que ainda sabe florescer vestindo seus jeans com strass.  

Foto de divulgação de Big Time. Na imagem, Angel Olsen aparece em frente a um cenário de árvores, montanhas e um céu em tonalidade rosa. A artista tem cabelos loiros e usa um penteado meio preso, ela veste um terno xadrez marrom sobreposto a uma camisa azul.
“Afaste as cortinas, me mostre a luz do sol” (Foto: Jagjaguwar)

Falando em grandes carreiras, os 40 anos de Neneh Cherry na Música renderam um disco eletrônico nostálgico. Em clima de renovação, a artista voltou trazendo The Versions como o oitavo disco de sua trajetória. O projeto é um conjunto de regravações de músicas pertencentes aos seus três primeiros álbuns e tem o objetivo de transportá-las diretamente dos anos 90 para a musicalidade de 2022. O compilado junta 11 artistas, entre mulheres e pessoas não-binárias, sendo a abertura, Buddy X, a única faixa que conta com os vocais de Cherry. A musicalidade brinca com uma multiplicidade de ritmos e varia entre jazz, R&B, pop e marcas de mixagem. Em The Versions, tudo que há de inovador e inventivo se articula em um misto de possibilidades.

Os Eletrohits também pousaram em solo nacional e em comemoração aos 20 anos de criação dos Tribalistas, Carlinhos Brown se juntou ao DJ e produtor musical Deeplick para transportar parte do repertório do trio artístico para o universo da Música eletrônica. O resultado é o EP EletroTribalistas, que conta ainda com uma canção inédita: a faixa-título – composição assinada por Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Marisa Monte e Deeplick

Seja nas multifacetas das emoções humanas ou nos gritos de resistência, o mês da diversidade foi para a Música uma ode aos recomeços. Chegado o fim da temporada de pink money, o Nota Musical de Junho também celebra em despedidas. O que o futuro reserva? Para descobrir mantenha os olhos – ou melhor, os ouvidos – bem atentos, pois em julho a seleção do Persona retorna assim como Kate Bush para mais algumas de suas dicas melódicas.


Texto: Jamily Rigonatto e Laura Hirata-Vale

Pesquisa e Pauta: Ana Júlia Trevisan, Bruno Andrade, Enzo Caramori, Eduardo Rota Hilário, Nathalia Tetzner, Raquel Dutra e Vitor Evangelista

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