Vinícius Santos
Here we go everybody! Quem nunca se divertiu cantando a música de abertura e se imaginando vivendo o melhor dos dois mundos? Não é novidade que Hannah Montana foi um sucesso fenomenal. A franquia, que completa 15 anos em 2021, foi criada por Michael Poryes, Rich Correll e Barry O’Brien e conseguiu render ao canal de TV Disney Channel onze DVDs, dezessete discos, dois filmes, vinte e quatro livros e seis jogos eletrônicos oficiais, além de ser indicada a 4 prêmios Emmy.
A série foi lançada no dia 24 de março de 2006 e se baseia em uma história ficcional sobre uma garota comum que, em segredo, vive uma vida dupla como super estrela do pop. Como qualquer outro sitcom da emissora, Hannah Montana se constrói através da vida cômica da protagonista, amigos e família e envolve uma situação-problema para cada episódio – mesmo assim, há uma narrativa prolongada que permeia toda a série, construindo um arco com começo, meio e fim.
É exatamente essa trama principal que consegue prender o público e justifica o sucesso extraordinário que a protagonista Miley Stewart, interpretada por Miley Cyrus, conseguiu conquistar pelos 4 anos de exibição. Os personagens são cativantes e te prendem a uma atenção inexplicável, sem contar as músicas que não saem da nossa cabeça, como a faixa de abertura, The Best Of Both Worlds, e, quando o fazem, vão e tocam direto o nosso coração, a exemplo de Wherever I Go ou I Will Always Remember You.
Na série, Miley, com apenas 13 anos na época, vive com seu irmão, Jackson Stewart e seu pai, Robby Ray Stewart, interpretados por Jason Earles e Billy Ray Cyrus, respectivamente – inclusive Billy também é o pai de Miley na vida real. Já na trama, a jovem é uma estudante comum, com problemas comuns, relacionamentos que não funcionam, que tem que lidar com as notas da escola e enfrenta problemas básicos dos adolescentes estadunidenses, junto de seus melhores amigos Lilly (Emily Osment) e Oliver (Mitchel Musso). Ao mesmo tempo, Miley também precisa lidar com um grande segredo: ser uma estrela do pop com o codinome de Hannah Montana.
O enredo consegue usar e abusar de todo o crescimento e mudança da vida de Miley e em como ela começa aprender a conciliar e equilibrar seu dia a dia dividido. Entretanto, é importante ressaltar o salto de maturidade que a série sofreu entre as três primeiras e a quarta temporada, intitulada Hannah Montana Forever. Enquanto nos três primeiros anos o foco é mostrar o desenvolvimento da personagem durante sua vida dupla através de situações diferentes e engraçadas como Miley e Hannah a cada episódio, no último a coisa é um pouco diferente.
No quarto ano do seriado, nós já podemos ver uma Miley mais focada na nova fase de sua vida, se formando na escola e iniciando um novo relacionamento. Esse, inclusive, passa a arriscar a identidade dupla da personagem, e acaba fazendo com que ela comece a repensar e se desprender um pouco de sua segunda face, resultando, enfim, na revelação de seu segredo. A história, porém, não acaba por aí, porque nos últimos episódios da série o enredo gira em torno da dificuldade da protagonista em levar sua vida depois da convergência de ambas suas personalidades.
A série durou entre os anos de 2006 a 2010, e assim como na vida real, a história era contemporânea à realidade. Com isso, nós podemos notar ao longo do enredo a introdução de elementos da modernidade à medida que o tempo passa, além de algumas mudanças nos visuais das personagens, como, por exemplo, os aparelhos telefônicos e os cabelos e roupas marcantes de Hannah.
E a Disney soube bem se aproveitar disso. O universo criado pelo canal começou a sair da televisão e procurar outros novos meios de se expandir. A primeira grande jogada foi o lançamento das trilhas sonoras da série. Isso fez com que Hannah Montana se tornasse uma artista real, como todas as outras, com álbuns e músicas consolidadas. O feito ajudou a aumentar o apreço dos telespectadores. Agora as crianças não a viam mais como um sonho inalcançável e tentavam ter a vida que ela tinha, e os produtos lhes ajudavam a saciar essa vontade.
Logo depois, a carinha de Miley Cyrus com peruca não saia das nossas cabeças. Qualquer empresa que se prezasse lançava linhas da marca de Hannah Montana, fazendo com que a estrela se transformasse em umas das produções transmidiáticas de maior influência entre as crianças e adolescentes do mundo.
Falando sobre as expansões de conteúdo da série, temos aqui, talvez o que mais fez sucesso e foi o mais conhecido pelo público: Hannah Montana: O Filme. A obra traz novos rumos à história de Miley e mostra suas raízes, que, inclusive, já haviam sido citadas na série, mas nunca aprofundadas.
No longa, dirigido por Peter Chelsom e escrito por Dan Berendsen, a protagonista volta para o estado em que nasceu, Tennessee, e encontra novas dificuldades para manter sua identidade como superestrela em sigilo. Aqui podemos nos aproximar mais das origens dos Stewart e da relação de Miley com seus familiares, mostrando como sua vida dupla pode afetar diretamente seus comportamentos e costumes. O filme resultou em uma das músicas mais populares e emocionantes da franquia, The Climb.
No final, a identidade de Hannah Montana acaba sendo revelada em meio a todos os moradores da cidadezinha, mas, em uma reviravolta surpreendente, todos ali – isso mesmo, TODOS – decidem manter isso em segredo. Entretanto, parece que os telespectadores não se incomodaram muito com esse show de irrealidade, porque o sucesso do filme foi tão grande que o CD com a trilha sonora alcançou o primeiro lugar na Billboard 200.
Antes disso, a “carreira” de Hannah já estava nas alturas. O primeiro disco com músicas da série totalizou 281 mil cópias vendidas na semana de estreia. O álbum se tornou o primeiro proveniente da TV a alcançar o topo das listas de tendências dos EUA. Em junho de 2007, o segundo CD chegou ao primeiro lugar da Billboard 200 e ganhou o certificado Platinum pela RIAA após 3 milhões de cópias vendidas.
Depois, foi a vez da turnê Best of Both Worlds. Considerada um marco, talvez a transmidiação que a gravadora mais investiu, a turnê contou com uma apresentação de Miley sozinha e uma de Miley e Hannah Montana juntas, tudo isso com o uso de projeções no palco. Os ingressos se esgotaram em minutos e mais shows tiveram de ser agendados. Finalmente a Disney conseguiu o que tanto queria: a turnê acabava de lançar, oficialmente, a atriz como cantora pop e influência entre os jovens.
Não é por menos que Hannah Montana conquistou a todos e todas e se tornou o sucesso que foi. Os gêneros de comédia, musical e drama acentuaram ainda mais a narrativa e logo influenciaram muitas séries infanto-juvenis que viriam depois dela, como Austin e Ally, por exemplo. O interessante é que, mesmo depois de 15 anos, Hannah Montana ainda é uma referência do pop e um grande marco para a história dos sitcoms. Mas só mesmo Miley Stewart soube como viver o melhor dos dois mundos!