No Dia Internacional da Mulher, o Especial da Globo Falas Femininas e o Roda Viva colocaram mulheres em frente e por trás de suas câmeras para debater questões que cercam a nossa existência
Raquel Dutra
Maria Sebastiana da Silva, Carol Dall, Gleice Araújo, Cristiane Oliveira e Tina dos Santos foram os nomes que protagonizaram um documentário especial na TVGlobo no Dia Internacional da Mulher. A alguns canais de distância da maior emissora do país, ia ao ar a edição semanal de um dos programas jornalísticos mais tradicionais do Brasil pautada unicamente por mulheres. Assim, a grade da programação principal da televisão brasileira na noite de 8 de março de 2021 não só não escapou ao assunto do dia, como foi tomada por quem o constituía.
“Quando um amor é mais forte do que a própria vida, ele não cabe numa só história”. Era o que dizia a primeira chamada da novela Além do Tempo, no ano de 2015, logo de início chamando a atenção do público, de forma sutil, à seu formato inovador e até mesmo revolucionário. Em seus 161 capítulos, a novela da seis, escrita por Elizabeth Jhin e dirigida por Pedro Vasconcelos, cumpriu sua missão em contar uma grandiosa história de amor, dividida em duas fases muito distintas entre si, que se comunicavam em excelentes sacadas de texto, um enredo muito bem amarrado e uma montagem de tirar o fôlego.
Em um ano livre da pandemia, janeiro é considerado o mês dos descartes. A temporada 2020 jogou todas as regras pela janela, entretanto, e lançar filmes no primeiro mês do ano ainda qualifica-os para a glória do Oscar. Dito isso, a Netflix continua sua linha de produção massiva em busca da estatueta dourada, e finalmente disponibilizou sua compra mais importante do Festival de Veneza: o brutal Pieces of a Woman. Na vizinhança ao lado, a Amazon nos agraciou com Uma Noite em Miami…, estreia de Regina King como diretora de longas.
No mundo televisivo, a Netflix reina soberana. O formato de maratona impera no mercado, e novas temporadas de (Des)encanto, o fenômeno Cobra Kai, e as avassaladoras estreias de Lupin e da controversa Fate: A Saga Winx foram pautas de conversas acaloradas nesse início de ciclo. Mas todos os olhos foram vidrados pela aparente esquisitice vintage de WandaVision, primeira investida televisa do Universo da Marvel e que, semanalmente, tem surpreendido pelo delírio.
O Cineclube voltou em 2021 para recapitular o melhor e o pior que passou na TV e no cinema. Para filmes, a regra é simples: entra na Curadoria do Mês o que foi lançado nas salas, no streaming ou o que vazou online. Quando falamos das séries, as que aparecerem aqui devem ser transmitidas por completo no mês (como a Netflix faz), ou finalizar a exibição da temporada (por isso a série da Feiticeira Escarlate só aparecerá em março, quando acabar seu percurso na TV). Por enquanto, vamos descobrir o que Janeiro de 2021 nos proveu em termos audiovisuais.
Um presidente ligado ao exército, uma primeira-dama com um passado duvidoso, um parrudo de passado polêmico que faz oposição ao governo e a maior cantora do país, além de muito sensual, canta em espanhol. Quem lê pode imaginar que isso seja um texto sobre o Brasil de 2020, mas na verdade são as personagens principais de Kubanacan, uma novela de Carlos Lombardi exibida pela Rede Globo entre 2003 e 2004 que retornou com seus — longevos e instigantes! — 227 capítulos na íntegra na Globoplay. A trama de dezessete anos atrás pode servir como esperança para os dias atuais ou uma grande retrospectiva da nossa história recente… o melhor é que se pode rir sem culpa!
Para não deixar o Dia da Consciência Negra passar despercebido sem nenhuma contribuição para o debate do racismo, em meados de outubro, a Rede Globo anunciou o especial Falas Negras, projeto idealizado pela autora Manuela Dias. Lançada no dia 20 de novembro, data emblemática, o projeto levantou expectativas, principalmente, dos negros pela sua proposta de composição totalmente negra, desde os atores até cargos mais elevados dentro de um projeto audiovisual, como é o caso de Lázaro Ramos, que assumiu o posto de diretor. Um ineditismo desagradável na maior emissora do país e sequer, no momento, concebível nas outras concorrentes.