Megarrromântico e a sátira dos clichês convencionais

(Fonte: Reprodução)

Rayanne Candido

Imagine que você acordou e em um piscar de olhos sua vida se tornou uma verdadeira comédia romântica. Insano, né? É exatamente sobre isso que Megarrrômantico, a nova produção original da Netflix, se trata.

Natalie (Rebel Wilson) é uma arquiteta completamente frustrada com sua vida profissional e amorosa. Realista, ela prefere manter os pés no chão e fugir de tudo aquilo que a tire de sua zona de conforto. Principalmente, se essas situações forem cheias de clichês dignos de comédias românticas – as quais ela detesta. No entanto, após uma pancada na cabeça, a protagonista percebe que está em uma realidade alternativa de seu mundo. Tudo tomou um ar mais romântico e, o que antes se mostrava insatisfatório, agora se eleva a uma perfeição quase cômica.

A trama ironiza clichês já característicos das comédias românticas, se tornando uma sátira ao próprio gênero, o que torna a ideia genial. O filme ainda desenha arquétipos clássicos: Blake (Liam Hemsworth), um galã milionário que se apaixona por Natalie; Josh (Adam DeVine) o colega de trabalho deixado na friendzone; Donny (Brandon Scott Jones), o melhor amigo gay, e Whitney (Betty Gilpin), a amiga mais próxima que se torna a rivalidade feminina nessa realidade alternativa. Para completar a trupe, Priyanka Chopra é Isabella, com quem Natalie disputa um interesse amoroso.

No primeiro momento uma Nova York cinza e sem vida toma a tela. Contudo, quando a protagonista entra na magia das comédias românticas, a cidade renasce, colorida e barulhenta. A trilha sonora é animada e contagiante, propícia para as inúmeras coreografias presentes ao longo do filme.

Após sua vida se tornar uma verdadeira comédia romântica, todos os homens que cruzam com Natalie se apaixonam por ela imediatamente. (Fonte: Reprodução)

A talentosa Rebel Wilson, é a alma da produção. Conhecida pelo papel da “Amy Gorda” na trilogia “A Escolha Perfeita”, Rebel consegue mostrar todo seu brilho em Megarrromântico. Atua, canta e ainda dança, bem-humorada e cativante. Além disso, a protagonista foge da aparência padrão idealizada pela sociedade, reforçando ainda mais as bolas que o filme troca.

Um diferencial do gênero é que Natalie tem plena consciência de que está em uma realidade diferente da sua e tudo está multiplicado ao clichê. A protagonista diverte ao tentar descobrir se mais alguém tem noção da loucura que está acontecendo, porém, ao perceber que ela é a única, se deixa levar para ver até onde aquilo vai dar.

O decorrer da trama acontece com ela sendo direcionada pela a narração do filme que é feita, é claro, com sua própria voz. E como se já não fosse suficiente, percebe que não pode falar palavrões ou fazer sexo por que a classificação indicativa daquela realidade se encaixa na faixa dos 12 anos.

O elenco se complementa de uma forma especial, desvencilhando o telespectador da falta de aproveitamento do potencial da produção.  Apesar da trama se direcionar para algo que poderia se tornar inovador, falha ao simplesmente apresentar os inúmeros cenários e personagens estereotipados sem nenhum tipo de aprofundamento. A falta de ousadia ancora Megarrromantico.

Cena em que os dois possíveis interesses de Natalie se encontram, e ela fica em dúvida se deve ficar com o galã Blake, ou finalmente tirar Josh da friendzone. (Fonte: reprodução)

“Megarrrômantico” é a metalinguagem das comédias românticas. Cômico e descontraído, apresenta toda a leveza característica do gênero. Traz uma proposta diferente – mal aplicada – e apesar de não inovar de uma forma grandiosa, ensina duas grandes lições. Tudo depende da forma que se enxerga o presente, se com bons olhos, o melhor virá. E, principalmente, que uma vida com amor (próprio) é essencial.

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