Milena Pessi
Quais são as chances de ocorrer um terremoto no momento em que você está fazendo um exame na ressonância magnética? Na vida real, poderia dizer que as probabilidades são bem pequenas, mas não para Zoey Clarke, a protagonista de Zoey e sua Fantástica Playlist. Tudo começou por causa de uma dor de cabeça interminável e terminou da maneira mais estranha possível: ela ganhou a capacidade de ouvir o pensamento das pessoas a partir de números musicais, porém, somente ela conseguia ouvi-los. No começo, a programadora via seu novo poder como uma maldição ou até mesmo um castigo, mas com o passar dos episódios, Zoey entende que foi por causa dele que se tornou uma pessoa melhor, mais empática e disposta tanto a ouvir quanto a ajudar aqueles que estão à sua volta.
A nova série da NBC, apesar de considerada por muitos um show leve, é capaz de fazer com que seus espectadores deem altas risadas, se apaixonem pelos personagens, escolham entre quem merece o amor de Zoey – Max (Skylar Astin) ou Simon (John Clarence Stewart) -, se sintam representados por Mo (Alex Newell) e se emocionem muito com a história. Tudo isso além da oportunidade de poder assistir Lauren Graham (a eterna Lorelai de Gilmore Girls) cantando Ke$ha, tudo isso em menos de quarenta em cinco minutos. Porém, o grande ponto de Zoey e Sua Fantástica Playlist não é a chuva de emoções que nos causa, mas sim a representativa e complexidade de seus personagens, e não apenas da protagonista.
Mitch Clarke (Peter Gallagher), o pai da Zoey, possui uma doença degenerativa que o faz perder um movimento de seu corpo a cada dia que se passa. No início da série, ele já se encontra em um situação difícil: não consegue mais se mexer, se alimentar sozinho e nem conversar. Em questão de meses, ele se tornou uma pessoa totalmente diferente por causa de sua doença, no qual levou sua família a se acostumar com esta nova e triste realidade.
Antes, Mitch era uma pessoa divertida e simpática, agora sua esposa Maggie (Mary Steenburgen) e seus filhos David (Andrew Leeds) e a protagonista mal conseguiam se comunicar com ele. Porém, Zoey agora tinha um novo poder: ouvir os sentimentos mais profundos das pessoas a partir de números musicais, e assim foi com seu pai. É emocionante assistir o reencontro de Mitch e sua filha ao som de True Colors da Cyndi Lauper.
A amizade entre Mo e a protagonista é outra relação que toma conta de Zoey e sua Fantástica Playlist. No primeiro episódio, ela é apenas a vizinha barulhenta que passa a noite inteira cantando. Porém, a partir do momento que Zoey ganha seu novo poder, ela pede ajuda de Mo, uma amante da música, para conseguir entender o que está acontecendo. A relação das duas começou por necessidade, mas se tornou uma bela amizade. Outro grande ponto sobre o personagem Mo: ela possui gênero fluido. O seu processo de auto aceitação e autoconfiança em ser quem realmente é se tornou um dos enredos mais emocionantes do show, além do privilégio de poder escutar a magnífica voz de Alex Newell (que interpreta Unique em Glee).
O enredo ainda conta com a indecisão amorosa de Zoey com Max, seu melhor amigo, e Simon, o seu crush da empresa. Se torna quase impossível escolher entre eles, pois os dois são extremamente amorosos, lindos, absurdamente talentosos, educados e cada um faz bem para a protagonista de um jeito diferente. Mas é muito difícil não ser time Max, principalmente com Skylar Astin se declarando para a protagonista ao som de Sucker e Shawn Mendes. Além da relação com sua chefe Joan, que inicialmente se trata apenas de respeito e companheirismo no trabalho, mas que com o tempo se torna maior do que isso: elas se tornam amigas. A patroa, apesar de parecer insensível aos assuntos particulares de seus funcionários, foi a pessoa que mais ajudou, escutou e apoiou Zoey em um dos momentos mais difíceis de sua vida.
Zoey e sua Fantástica Playlist é uma série gostosa de assistir que nos mantém envolvido com a história em todos os seus treze episódios, com a capacidade de nos fazer rir, chorar, cantar, dançar e tudo isso na mesma proporção. Se você está à procura de um show com uma trama interessante, leve, engraçada, inteligente, representativa, relações lindas, com uma pitada de romance e ainda, de bônus, muitas apresentações musicais de dar inveja, que vão desde de Jonas Brothers, Destiny’s Child à The Clash, a nova série da NBC, já confirmada para a segunda temporada, é a sua escolha.