A maturidade do Converge em The Dusk in Us

Nilo Vieira

The Dusk in Us, nono álbum do Converge, não traz novidades à carreira do quarteto de Massachusetts. Os integrantes são os mesmos, design gráfico e produção são novamente assinados, respectivamente, pelo vocalista Jacob Bannon e o guitarrista Kurt Ballou. A dinâmica musical também não mudou: vocais urrados, timbres sujos e controlados, estruturas tortas e dissonâncias. Continue lendo “A maturidade do Converge em The Dusk in Us”

Slipknot: o horror cotidiano, de Iowa a Botucatu

Adote animais e louve o Cramunhão

Nilo Vieira

O segundo disco do Slipknot é uma audição dolorosa (já comecei o texto dando piada de graça pra detratores). Urros quase ininterruptos, linhas percussivas marretadas, guitarras de afinação baixa com timbres que beiram o nojento, intervenções eletrônicas barulhentas. Pra coroar, a masterização, vítima da loudness war, joga todos os níveis no vermelho. 14 faixas, 66 minutos de duração. Continue lendo “Slipknot: o horror cotidiano, de Iowa a Botucatu”

Sepultura Endurance é um exercício de autoafirmação pela metade

O Sepultura do presente: orgulho e resistência
O Sepultura do presente: orgulho e resistência

Gabriel Leite Ferreira

Manter-se relevante por mais de três décadas no show business é proeza para poucos. O Sepultura, mais do que ninguém, tem plena noção disso. Do início precário em Minas Gerais ao posto de uma das maiores bandas de heavy metal do mundo e os atritos posteriores, a banda fundada pelos irmãos Cavalera superou barreiras até então intransponíveis – e ainda hoje, sob a batuta do guitarrista Andreas Kisser, não pode se dar ao luxo de se acomodar como outras bandas do segmento. Logo, batizar um documentário sobre a trajetória do grupo como Sepultura Endurance (do inglês “resistência”) é, no mínimo, adequado; o problema é que o material não faz jus à carreira do Sepultura do Brasil.  Continue lendo “Sepultura Endurance é um exercício de autoafirmação pela metade”

Há duas décadas, o Brasil invadiu o metal

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Uma releitura de 1000 Cruzeiros: porque o metal é a real moeda brasileira

Nilo Vieira

O heavy metal passava longe de ser uma novidade no Brasil: o primeiro álbum do estilo (a estreia homônima do Stress) estava quase com quinze anos, bandas já embarcavam em turnês internacionais e o mercado especializado era sólido, indo de selos independentes à programas na MTV. No entanto, não é exagero afirmar que o ano de 1996 viu o metal brasileiro firmar seu nome, definitivamente, no cenário mundial. Continue lendo “Há duas décadas, o Brasil invadiu o metal”

Black Sabbath em São Paulo: o funeral elétrico

Ozzy Osbourne, Tony Iommi e Geezer Butler: pais de tudo o que é pesado
Tony Iommi, Ozzy Osbourne e Geezer Butler: pais de tudo o que é pesado

Gabriel Leite Ferreira

Horas antes do último show do Black Sabbath em terras brasileiras, o céu nublado já denunciava a chuva iminente. Era São Paulo, a terra da garoa, saudando os pais do heavy metal em sua turnê derradeira. A The End Tour teve início no dia 20 de janeiro de 2016, em Omaha, nos Estados Unidos, e acaba no dia 4 de fevereiro de 2017, em Birmingham, na Inglaterra, a terra natal de Ozzy Osbourne, Tony Iommi e Geezer Butler. Foi lá que o trio mais o ex-baterista Bill Ward, afastado da excursão por questões contratuais, deu forma ao gênero mais controverso da história da música moderna na década de 70. Não por acaso, a noite foi tipicamente setentista – para o bem e para o mal.

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A Tribe Called Quest e Metallica: os dois lados da nostalgia

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João Pedro Fávero e Nilo Vieira

Este mês foi marcado por dois lançamentos muito aguardados de artistas seminais em suas áreas: o álbum final do grupo de rap A Tribe Called Quest, We Got It From Here… Thank You 4 Your Service e Hardwired… To Self-Destruct, nova empreitada do Metallica. Além de serem discos duplos com títulos enormes, possuem o apelo nostálgico como semelhança notável e são exemplos distintos de como construir o futuro se utilizando das raízes do passado. Continue lendo “A Tribe Called Quest e Metallica: os dois lados da nostalgia”

Slayer: 30 anos da epidemia sangrenta

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Nilo Vieira

“O que é a vida? É o princípio da morte. O que é a morte? É o fim da vida. O que é a existência? É a continuidade do sangue. O que é o sangue? É a razão da existência!” – Zé do Caixão

Lançado em outubro de 1986, Reign in Blood é o terceiro disco do Slayer, quarteto californiano de thrash metal. No entanto, apesar de possuir antecessores, é considerado pelo guitarrista Kerry King como o primeiro álbum “legitimamente Slayer”, onde o grupo enfim encontrou sua própria identidade e as influências da New Wave of British Heavy Metal (presentes na estreia Show No Mercy) ou do Mercyful Fate (crucial para as composições de Hell Awaits serem mais longas) não mais transpareciam.

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Mayhem em São Paulo: uma celebração macabra

Nilo Vieira

Poucos artistas conseguem ter uma relação tão estreita com um gênero musical a ponto de serem capazes sozinhos de representá-lo, não somente no som, em sua integridade. As transformações de Madonna ao longo de sua carreira condensam boa parte da história da indústria pop, os Stones são a mais certeira representação do estereótipo “sexo, drogas & rock ‘n’ roll”. Todavia, é em um nicho bem mais obscuro que podemos observar o quão influente culturalmente uma banda pode ser: trata-se do black metal, cuja força mais representativa são os noruegueses do Mayhem.

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Brasil, um país de extremos

Nilo Vieira

Não é novidade alguma afirmar que o Brasil é um país de contrastes. Em contraponto à beleza natural do país, a desigualdade social sempre se fez presente. Ao passo em que a miscigenação nos trouxe tanta riqueza cultural, os mais peçonhentos tipos de preconceitos nunca abandonaram nossa sociedade. O carisma do brasileiro sempre encontrou no oportunismo dos tiranos um grande inimigo; e por aí vão os incontáveis arquétipos intrínsecos à nossa história. Apesar de alguns avanços notáveis, a Terra de Vera Cruz continua não sendo um país de todos e nem para todos.

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Bauroots Bloody Roots: Sepultura no Sesc

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Nilo Vieira

Para o bem e para o mal, pode-se afirmar que existe uma inconstância nos trinta anos de carreira do Sepultura. Discos irregulares, problemas com gravadoras, saídas de integrantes, fãs puristas e polêmicas que a imprensa insiste em incitar são alguns dos fatores que contribuíram para que a banda não fosse ainda maior do que é. Porém, esses mesmos desafios forçaram o grupo a sempre buscar novas alternativas – tanto sonoras quanto profissionais – e a permanecerem inquietos, mesmo que nadando contra a corrente. Continue lendo “Bauroots Bloody Roots: Sepultura no Sesc”