Vitória Borges
Desde o início da carreira, Beyoncé elevou não apenas o padrão da música pop, mas também redefiniu os limites de versatilidade e transição entre os gêneros musicais. Dito isso, é inegável dizer que a artista não é uma das cantoras mais bem consolidadas no mundo da Música. Em seu mais recente trabalho, o documentário Renaissance: A Film by Beyoncé, a performer mergulha nas profundezas da criatividade e da expressão artística, e revela uma jornada única conduzida por ela mesma. O longa acompanha o trajeto da Renaissance World Tour desde o primeiro show em Estocolmo (Suécia), até o último ato em Kansas City (Estados Unidos), expondo os altos e baixos dos bastidores da produção de uma das turnês femininas mais lucrativas da história.
Beyoncé Giselle Knowles-Carter é a grande cabeça por trás de todo o espetáculo. A dedicação integral em cada aspecto da produção, sua mente criativa e convicção inabalável em forjar seu legado dominam seu compromisso com o público. Renaissance é meticulosamente dirigido e coreografado pela cantora, que mostra habilidade como diretora e brilha em cada cena do longa, demonstrando um domínio impressionante da linguagem cinematográfica. Assim, ela se solidifica como uma artista que vai muito além dos limites do palco.
Imersa em cada faceta da criação, Knowles-Carter expõe sua visão artística pulsante e determinação incansável por trás das câmeras. Através de uma combinação habilidosa de imagens deslumbrantes, coreografias elaboradas e narrativa poética, a cantora convida o público a testemunhar sua jornada de autodescoberta e empoderamento, dando abertura mais uma vez para sua grande influência cultural.
Do glamour presente no palco às reflexões íntimas nos bastidores, o filme oferece uma visão abrangente da complexidade de persona pública e privada de Beyoncé. As abordagens cinematográficas não convencionais presentes na produção criam alusões que levam a obra a um patamar diferenciado, guiando o espectador a uma imersão criativa dentro da brilhante mente da cantora. Ela não tem medo de explorar a feminilidade e o poder, e o faz com uma honestidade e vulnerabilidade cativantes.
Entre os closes de looks majestosos e as narrações diante das cenas do documentário, vemos a artista em sua mais pura simplicidade. É nítido perceber que a presença de sua família desempenha um grande papel em meio a isso tudo, já que a todo momento da produção é possível ver os familiares presentes nos bastidores, seja dando ideias ou até mesmo compartilhando grandes e chamativos momentos nos shows.
A inclusão de imagens e momentos compartilhados com seu marido, Jay-Z, e filhos, Blue Ivy, Rumi e Sir, adicionam uma dimensão muito humana e tocante à experiência cinematográfica. Ao mostrar esses momentos de conexão e afeto, Bey revela não apenas sua faceta como um grande ícone global, mas também o seu lado mãe e parceira. A dinâmica familiar retratada em Renaissance: A Film by Beyoncé transmite uma mensagem poderosa sobre a importância do apoio e da união na jornada pessoal e profissional, contribuindo para a autenticidade e a profundidade emocional da obra.
Ao invés de criar um filme direto e que fosse apenas focado em mostrar um show qualquer da Renaissance World Tour, Beyoncé se preocupou em mostrar como o espetáculo foi feito e como cada pequeno detalhe importa. A exploração de temas como identidade, empoderamento e autenticidade adicionam camadas de complexidade à obra, elevando-a para além de um simples registro de performances.
Uma das características mais marcantes de Renaissance é sua abordagem inovadora à narrativa visual. Beyoncé não mentiu quando disse a famosa frase “You are the visual baby!”, já que seus fãs realmente se fazem muito presentes em diversas cenas do documentário. O apelo visual é verdadeiramente deslumbrante. Cada frame é arrebatador e concebido para ser transmitido de maneira tão sentimental e majestosa que está claro que a cantora criou um santuário de liberdade e alegria para os membros da BeyHive – sua comunidade de fãs. As filmagens dos bastidores e do material de entrevista expõem seu processo de produção e convidam o espectador a mergulhar profundamente na mente e na alma da artista.
O documentário não é somente uma obra visual: a trilha sonora é também uma experiência transcendental. Bey preocupou-se em expandir sua expressão artística em uma mistura vibrante de ritmos, juntamente com letras poderosas que revelam a profundidade e dão significado à história do álbum homônimo, o que contribui para a criação de uma experiência sensorial completa. Assim como numa sinfonia, cada música completa perfeitamente a estética visual do longa e mantém a autenticidade da produção.
É palpável dizer que Beyoncé está vivendo o auge de sua carreira. É possível notar isso em diversas cenas do longa, sendo ela mesma natural e mostrando um pouco de sua originalidade e de jornada pessoal. Em Renaissance, ela conecta elementos tão complexos da própria vida e personalidade que nos fazem lembrar sempre do nosso poder de moldar nosso próprio destino e narrativa. A cantora prova por A + B que toda a sua espera vale a pena.
Ao desafiar todas as normas estabelecidas e abraçar a sua verdadeira voz, Renaissance: A Film by Beyoncé é, sem dúvida, uma celebração de sua extraordinária carreira. É impossível não pensar em como a famosa Queen B poderá superar a si mesma depois desse trabalho. O triunfo do documentário eleva todos os padrões do que é possível ser feito na arte e na expressão criativa e prova mais uma vez que a cantora é uma das artistas mais influentes de sua geração.
Por fim, o que torna Renaissance: A Film by Beyoncé uma obra cinematográfica envolvente e magnética é a forma como não somente trata Beyoncé como a estrela da produção, mas como a artista também preza pela dedicação e preocupação com os bastidores e controle criativo da turnê. O filme por si só busca transcender as fronteiras do convencional e convida o espectador a uma experiência visual e emocional muito intimista, sendo considerado como uma conquista monumental no mundo do Cinema e da cultura pop.