Ana Beatriz Rodrigues
Reviver histórias é uma viagem mágica ao passado e assistir aos live actions das nossas animações preferidas faz parte dessa aventura. Nos últimos anos, a Disney vem provando seu talento para fazer novas versões de seus clássicos, A Bela e a Fera e Mulan são a prova disso. E mais um presente chegou para todos aqueles amantes dos filmes infantis, Pinóquio ganhou duas novas adaptações. A Disney é responsável por uma delas e não possui previsão de estreia. Já a outra, a versão italiana, chegou no Brasil em 2021 e está indicada ao Oscar.
Pinocchio é um pouco diferente das animações conhecidas e possui a promessa de ser fiel ao livro clássico, esse que termina de uma forma trágica. Porém, nesse live action o final ainda é feliz, mas com vários toques sombrios. De forma geral, o filme cumpre o legado e apresenta a história do jeito real, por mais que tudo seja muito bizarro e até estranho de assistir. Mesmo que não seja confortável, o trabalho aqui realizado é belo em sua própria maneira.
As caracterizações dos personagens trazem a realidade deles do mundo dos desenhos. Federico Ielapi, o intérprete do Pinóquio, realmente parecia um boneco de madeira com vida. E é por essa incrível produção que o longa chegou no Oscar desse ano. O filme está indicado ao prêmio de Melhor Maquiagem e concorre com o poderosíssimo A Voz Suprema do Blues. Ainda que a Netflix leve mais esse prêmio, Pinocchio possui uma grande equipe. Mark Coulier, o chefe de departamento, ganhou todas as vezes em que foi indicado, com O Grande Hotel Budapeste e A Dama de Ferro.
Jessica Brooks também faz parte da equipe e concorreu na mesma categoria em 2019 por seu trabalho em Duas Rainhas. O figurino foi outra característica marcante no trabalho e Massimo Cantini Parrini traduziu significativamente os personagens do clássico, levando o time a concorrer em Melhor Figurino. Essas categorias servem para levar o reconhecimento merecido para esses trabalhadores que muitas vezes são esquecidos. Embora não ganhe o prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, Pinocchio levou vários para casa no David di Donatello, considerado o Oscar italiano.
E falando sobre reconhecimento, é uma pena que o Oscar não tenha categorias que premiam crianças, pois se possuísse Federico Ielapi como Pinóquio certamente concorreria e o fofo Alan Kim de Minari, também. A atuação de Federico trouxe a vida que faltava ao boneco de madeira. Com Roberto Benigni, o ganhador do Oscar por A Vida é Bela, como Gepeto, os dois formam uma dupla de pai e filho precisa para adaptação. Vale lembrar que essa é a terceira adaptação de Pinóquio que Roberto participa.
Vivendo novamente a história do homem pobre que constrói o seu próprio “filho” com madeira, Benigni traz a leveza do seu personagem. A direção de Matteo Garrone, de Dogman e Gomorra, traduz o clássico de Carlo Collodi de uma maneira a que não estávamos acostumados. Apesar das bizarrices e do estranhamento, o novo Pinocchio ainda mantém os valores e os ensinamentos do clássico.