Guilherme Luis e Cezar Augusto
Pabllo Vittar chega de cara nova com Não Para Não, seu novo álbum. Explorando ritmos como o brega e o tecnobrega, as novas música são uma junção da regionalidade do norte e nordeste brasileiros. O novo projeto foi gravado nos Estados Unidos e contou com artistas como Ludmilla, Dilsinho, Diplo e Urias. Aqui, Pabllo evolui e mostra versatilidade nos mais variados estilos musicais.
Os dois primeiros singles já deixam claro: o novo disco não pretende imitar Vai Passar Mal (2016), álbum que lançou a drag queen de São Luís do Maranhão para todo o Brasil. Ainda assim, sua pegada pop não ficaria pra trás: “Problema Seu” é, com certeza, seu vídeo mais pop e tem sua melhor coreografia. A faixa nasceu pronta para as pistas.
Por sua vez, “Disk Me” ousa por mostrar uma Pabllo desconhecida do grande público, com uma pegada muito mais romântica. O segundo single é um dos pontos altos do CD, com uma letra ótima e extremamente identificável ao grande público, assim como o hit “K.O”. A diferença é que aqui a artista se mostra mais introspectiva, fazendo da canção um paradoxo de sentimentos.
Ao mesmo tempo em que há a mesma essência de batidas dançantes, o álbum segue inovando com pegadas diferentes e atrativas. “Seu Crime” é outro destaque, produzida por Diplo. Baseada no tecnobrega, a música conquistou todos os fãs de primeira, e pede para ser single. É outro momento que aposta num ritmo menos animado sem deixar de ser dançante – o refrão com forró é sensacional e uma das maiores surpresas do álbum.
As participações são todas bem encaixadas. “Trago Seu Amor de Volta”, com Dilsinho, mistura pop e pagode e é uma linda composição. As vozes de ambos harmonizam muito bem – só precisava de um momento onde o pagode ficasse mais explícito para ser perfeita! Urias, a grande amiga de Vittar, empresta sua voz mais grave para um verso quase de rap em “Ouro”, que tem um dos refrões mais chiclete do disco.
E, por fim, Ludmilla canta em “Vai Embora”, faixa com muito R&B e funk. Vocais de muita atitude das duas cantoras – merece um clipe.
“Buzina” abre o disco com muita empolgação e ritmo. É a mais pra cima do álbum e a única composição da intérprete. “Não Vou Deitar” não é um destaque, mas também não é ruim; acerta na sanfoninha durante o refrão. “No Hablo Español” é maravilhosa e surpreendente: o título já soa estranho aos fãs, mas a história contada pela faixa é muito divertida, além de nos presentear com vocais mais graves. Excelente!
O encerramento vem com “Miragem”. Infelizmente, é a pior do disco. Não chega a ser ruim, mas não tem brilho próprio e a letra lembra muito “Perfect Illusion”, de Lady Gaga. Uma pena, já que o disco anterior encerrava com a maravilhosa “Indestrutível”.
“Problema Seu” é, com certeza, seu clipe mais caro e mais poderoso. O cuidado com efeitos especiais de alta qualidade demonstra isso.
O primeiro registro da drag queen trazia uma leva de músicas muito animadas, para as pistas. Composições dançantes, que a fizeram conhecida ao grande público. Ao mesmo tempo, Pabllo tinha (e ainda tem) completa noção do espaço de importância que tem no meio LGBTQ+ e usava suas músicas para militar muito.
O novo projeto tende a inovar nesse sentido. A cantora de “Corpo Sensual” já se configura como uma das cantoras mais importantes do pop nacional atual e pode dar mais da sua própria verdade, além de explorar novas sonoridades. O disco não traz uma faixa em que se fale especificamente sobre sexualidade ou identidade de gênero, e isso é incrível: afinal, essas pessoas não são nada além de pessoas, que sofrem por amor, querem dançar e às vezes não falam a mesma língua que o crush.
Ainda assim, Não Para Não toca em questões como representatividade de culturas marginalizadas, ritmos que fogem totalmente de um padrão televisivo, com batidas das raízes da parte norte do país. É, definitivamente, um dos melhores discos do ano. Pabllo, não para não. A gente implora!
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