
Sinara Martins
Durante a noite da primeira segunda-feira de Maio, o Museu de Arte Moderna (MOMA), em Nova Iorque, deu espaço a cerimônia do Met Gala, um dos eventos mais aclamados do universo fashion. Para este ano, o dandismo negro se destaca como uma construção estética e política.
O código de vestimenta também é estabelecido anualmente e está sempre em harmonia com o tema da nova mostra do museu. O dress code da vez foi o Tailored For You (“sob medida para você”, em tradução literal) e o tema da exposição é Superfine: Tailoring Black Style” (em português, “Superfino: O Estilo Negro na Alfaiataria”). A temática surgiu pelo livro da co-curadora Monica Miller, chamado Slaves to Fashion: Black Dandyism and the Styling of Black Diasporic Identity, que aborda a arte de se vestir com Arte, política e empoderamento.

O dandismo é marcado pela sofisticação e elegância, aliadas à autenticidade e ao senso de pertencimento. No caso do dandismo negro, essa expressão ganha um sentido ainda mais profundo: ela se torna uma forma de contestação social, em que homens negros, historicamente marginalizados, utilizam o vestuário como instrumento de afirmação identitária e conquista simbólica de liberdade.
Durante o tapete vermelho, esperava-se que os convidados usassem da interpretação criativa para transformar figurinos com autenticidade, de maneira a expressar a identidade e o estilo pessoal. O foco estaria nas alfaiatarias reinterpretadas, lado a lado de silhuetas ousadas e acessórios.
Os figurinos sofisticados marcaram presença no tapete azul e cumpriram o papel esperado de estética refinada. Mas algo inédito aconteceu neste ano: os convidados homens tiveram a oportunidade não tão comum de se sobressair no tapete, com a tarefa desafiadora de transformar um terno em algo memorável.

Os homens tiveram a oportunidade de transformar ternos simples em elegância e os co-anfitriões Colman Domingo e Pharrell Williams conseguiram com precisão. Khaby Lame e Tyler Perry também foram destaques masculinos e favoritos, e parte memorável da noite foi estrelada por Damson Idris, que chegou vestido com trajes da Fórmula 1 e revelou por baixo do macacão um deslumbrante traje marsala.
O preto e branco prevaleceram durante a cerimônia e foram muito bem usados por Zuri Hall, Sarah Snook e Mona Patel. Acessórios como chapéus, bengalas e lenços de bolso também foram aliados da elegância em figurinos como o de Doechii, e das caudas de Diana Ross e Lauryn Hill.

Silhuetas, ao lado da sensualidade, foram o carro chefe de figurinos clássicos e bem executados como o de Kendall Jenner, Laura Herrier e Zoe Saldana. Enquanto a ousadia de Janelle Monáe, Ayo Edebiri, Alton Maison e Doja Cat também tiveram seu reconhecimento.
Em meio ao clássico refinado, o destaque da noite se deu em meio ao vermelho marsala, exalando poder quando alinhado aos acessórios de Teyana Taylor, que conseguiu o fascínio do público, junto dos figurinos luxuosos utilizados por Jodie Turner-Smith e Damson Idris.

Sem grandes performances, os momentos que ganharam destaque nas redes sociais foram o anúncio da gravidez de Rihanna e o lançamento inédito do novo álbum de André 3000, diretamente da cerimônia — com o artista vestindo o mesmo figurino da capa do disco como look do evento.
O dress code seguiu o padrão esperado, sem muitos convidados fugindo do tema. A ousadia e o vermelho marsala foram o passaporte fashion dos que se destacaram aos olhos do público, junto dos acessórios que compõem a essência do dandismo negro, que foi muito bem representado.