No tapete azul, a elegância encontra o luxo nas silhuetas, acessórios e cores neutras do dandismo

A colagem retrata oito pessoas negras posando com elegância em um tapete azul decorado com pequenos motivos dourados, em um evento de gala repleto de glamour, como o Met Gala. Ao fundo, uma parede azul com estrelas douradas e uma multidão de fotógrafos registra o momento. Cada pessoa exibe um visual sofisticado, que une referências históricas, afrofuturismo e o dandismo negro. À esquerda, a primeira pessoa chama atenção com um chapéu preto de aba larga, óculos escuros, casaco longo preto estruturado e aberto, revelando um conjunto prateado brilhante composto por um top decotado e calça de cintura baixa. Com porte firme, segura um charuto com atitude. Ao seu lado, a segunda pessoa ostenta um volumoso cabelo afro e veste uma camisa clara estampada com logotipos, combinada com gravata vinho e shorts xadrez bege. O look é completado com sapatos robustos bordô e meias altas, remetendo a um estilo escolar de luxo com irreverência.A terceira pessoa surge com um vestido branco justo adornado por longas franjas de contas vermelhas que caem pela frente. Usa um casaco de couro preto curto, luvas pretas e o cabelo está penteado em um coque baixo elegante. A quarta pessoa traz imponência com um terno escultural de ombros exagerados, com listras pretas e vermelhas, camisa branca e gravata listrada. Usa um chapéu redondo e um monoculo decorativo, evocando a estética vitoriana com toques afrofuturistas. A quinta pessoa esbanja leveza em um conjunto off-white com corset e saia ampla fluida, com mangas longas e translúcidas. Os cabelos soltos em ondas naturais e o colar de pérolas complementam o ar etéreo e refinado. Ao lado, a sexta pessoa se destaca com um conjunto de couro marsala com textura que lembra pele de réptil. A peça une um casaco longo de cauda dramática e calça ajustada. Um chapéu estruturado com aba alta e curva finaliza o visual com teatralidade e elegância.Na sequência, a sétima pessoa ostenta uma túnica branca bordada com pedras e uma capa azul royal fluida, combinando elementos de realeza e religiosidade. A barba aparada e o cabelo curto complementam o visual imponente. Por fim, a oitava pessoa exibe um terno branco com detalhes dourados e franjas pendentes na lateral da calça. Usa uma boina branca e um broche reluzente, mantendo uma postura confiante e sofisticada.
Neste ano, o código de vestimenta foi “Sob medida para você” (Arte: Sinara Martins)

Sinara Martins 

Durante a noite da primeira segunda-feira de Maio, o Museu de Arte Moderna (MOMA), em Nova Iorque, deu espaço a cerimônia do Met Gala, um dos eventos mais aclamados do universo fashion. Para este ano, o dandismo negro se destaca como uma construção estética e política. 

O código de vestimenta também é estabelecido anualmente e está sempre em harmonia com o tema da nova mostra do museu. O dress code da vez foi o Tailored For You (“sob medida para você”, em tradução literal) e o tema da exposição é Superfine: Tailoring Black Style” (em português, “Superfino: O Estilo Negro na Alfaiataria”).  A temática surgiu pelo livro da co-curadora Monica Miller, chamado Slaves to Fashion: Black Dandyism and the Styling of Black Diasporic Identity, que aborda a arte de se vestir com Arte, política e empoderamento. 

Visão ampla da icônica escadaria do Met Gala 2025, coberta por um luxuoso tapete azul profundo com detalhes dourados que lembram pequenas flores. As laterais da escada são decoradas com densos arranjos de flores brancas, formando corredores naturais que conduzem os convidados até o topo. No centro da imagem, uma figura vestida com um deslumbrante vestido vermelho de cauda longa e volumosa sobe as escadas, criando um contraste marcante com o azul do tapete. Centenas de fotógrafos e convidados observam atentamente dos dois lados da escadaria. A atmosfera é sofisticada e cinematográfica, destacando a grandiosidade do evento.
Este ano, fugindo do tradicional, o tapete azul tomou o lugar do tapete vermelho e deu espaço a sofisticação (Foto: Dimitrios Kambouris)

O dandismo é marcado pela sofisticação e elegância, aliadas à autenticidade e ao senso de pertencimento. No caso do dandismo negro, essa expressão ganha um sentido ainda mais profundo: ela se torna uma forma de contestação social, em que homens negros, historicamente marginalizados, utilizam o vestuário como instrumento de afirmação identitária e conquista simbólica de liberdade.

Durante o tapete vermelho, esperava-se que os convidados usassem da interpretação criativa para transformar figurinos com autenticidade, de maneira a expressar a identidade e o estilo pessoal. O foco estaria nas alfaiatarias reinterpretadas, lado a lado de silhuetas ousadas e acessórios. 

Os figurinos sofisticados marcaram presença no tapete azul e cumpriram o papel esperado de estética refinada. Mas algo inédito aconteceu neste ano: os convidados homens tiveram a oportunidade não tão comum de se sobressair no tapete, com a tarefa desafiadora de transformar um terno em algo memorável

Colman Domingo, A$AP Rocky, Lewis Hamilton, Pharrell Williams e Anna Wintour posam juntos no tapete azul do Met Gala 2025. Os quatro co-anfitriões masculinos usam trajes elegantes que refletem o tema “Superfine: Tailoring Black Style”: Colman está com um blazer quadriculado em preto e branco com uma flor grande na lapela; A$AP Rocky veste um sobretudo preto estilizado com camisa branca e gravata; Lewis Hamilton está de branco dos pés à cabeça, com um terno de alfaiataria refinada e boina combinando; Pharrell usa um casaco branco com calça preta e óculos escuros. Anna Wintour, ao lado deles, veste um longo vestido prata claro com estampas florais e capa azul clara, mantendo seu clássico corte chanel.
O Met Gala de 2025 marcou a primeira vez na história do evento em que os quatro co-anfitriões principais foram homens (Foto: Kevin Mazur)

Os homens tiveram a oportunidade de transformar ternos simples em elegância e os co-anfitriões Colman Domingo e Pharrell Williams conseguiram com precisão. Khaby Lame e Tyler Perry também foram destaques masculinos e favoritos, e parte memorável da noite foi estrelada por Damson Idris, que chegou vestido com trajes da Fórmula 1 e revelou por baixo do macacão um deslumbrante traje marsala. 

O preto e branco prevaleceram durante a cerimônia e foram muito bem usados por Zuri Hall, Sarah Snook e Mona Patel. Acessórios como chapéus, bengalas e lenços de bolso também foram aliados da elegância em figurinos como o de Doechii, e das caudas de Diana Ross e Lauryn Hill.

Diana Ross sobe as escadarias do Met Gala 2025, vestida com um impressionante vestido branco com longa cauda volumosa, adornada por penas e detalhes brilhantes que capturam a luz. A peça cobre quase toda a largura do tapete azul decorado com pequenas flores douradas, criando uma cena digna de conto de fadas. O cenário é ladeado por paredes e arranjos florais brancos que emolduram a escada. A artista é acompanhada por ajudantes e fotógrafos, enquanto o público observa maravilhado. A grandiosidade da cauda e o contraste com o fundo azul fazem dela o centro absoluto da imagem.
A peça usada por Diana Ross foi criada em colaboração com seu filho Evan Ross e apresentava uma cauda de 5,5 metros com o bordado dos nomes de seus cinco filhos e oito netos (Foto: Dimitrios Kambouris)

Silhuetas, ao lado da sensualidade, foram o carro chefe de figurinos clássicos e bem executados como o de Kendall Jenner, Laura Herrier e Zoe Saldana. Enquanto a ousadia de Janelle Monáe, Ayo Edebiri, Alton Maison e Doja Cat também tiveram seu reconhecimento.

Em meio ao clássico refinado, o destaque da noite se deu em meio ao vermelho marsala, exalando poder quando alinhado aos acessórios de Teyana Taylor, que conseguiu o fascínio do público, junto dos figurinos luxuosos utilizados por Jodie Turner-Smith e Damson Idris. 

A cantora e atriz Teyana Taylor posa no tapete azul florido do Met Gala 2025 com um look ousado, teatral e rico em referências históricas. Ela usa um conjunto de alfaiataria com listras verticais em preto e vinho, combinado a um colete vermelho, luvas de couro, gravata rendada e sapatos plataforma vermelhos. O visual é finalizado com uma longa capa de cetim vermelho escuro plissado, chapéu com pluma, broches, correntes e uma flor volumosa presa ao ombro. Ao fundo, fotógrafos e convidados observam enquanto Teyana domina a cena com atitude e presença marcante.
Taylor apresentou um traje inspirado nos zoot suits da era do Harlem Renaissance, adaptado ao tema da noite (Foto: Dimitrios Kambouris)

Sem grandes performances, os momentos que ganharam destaque nas redes sociais foram o anúncio da gravidez de Rihanna e o lançamento inédito do novo álbum de André 3000, diretamente da cerimônia — com o artista vestindo o mesmo figurino da capa do disco como look do evento.

O dress code seguiu o padrão esperado, sem muitos convidados fugindo do tema. A ousadia e o vermelho marsala foram o passaporte fashion dos que se destacaram aos olhos do público, junto dos acessórios que compõem a essência do dandismo negro, que foi muito bem representado. 

 

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