Gabrielli Natividade
Para quem gosta de música, 2022 foi um ótimo ano, com diversos lançamentos incríveis de vários grandes artistas. Entre os novos projetos, está o segundo álbum do britânico Louis Tomlinson, Faith In The Future, que chegou ao público no dia 11 de Novembro. O disco é, desde de seu título até a última faixa, um exemplo de otimismo, esperança, mudança e maturidade, além de demonstrar perfeitamente que Louis finalmente se encontrou como artista solo, que sabe o que quer e está pronto para crescer cada vez mais como pessoa e como cantor.
O musicista precisou lidar com muita pressão para chegar onde está atualmente. Por ser ex-membro e o principal compositor de uma das maiores boybands do mundo, havia uma grande expectativa para que continuasse seu legado com suas grandes letras. Pode-se dizer que o cantor estava um pouco perdido para se inserir na indústria como solista, já que foi o último ex-One Direction a lançar um álbum – Walls foi ao ar somente em Janeiro de 2020, cinco anos após a pausa da banda. Os seus dois discos são muito distintos entre si: o primeiro é mais próximo do pop que fez parte de sua vida por cinco anos; o segundo, mais relacionado ao indie e ao alternativo. Apesar de Faith In The Future ser uma representação mais fiel de Tomlinson, ele não se arrepende de suas escolhas do passado. “Eu tenho muito orgulho do meu primeiro álbum. Eu não seria capaz de escrever Faith In The Future sem Walls, isso é parte do processo”, declarou para Lowkey Deep.
O trabalho foi um processo longo e digno de orgulho. Mesmo sendo o responsável por muitos hits pop, como Steal My Girl, Perfect, Back to You e Don’t Let It Break Your Heart, o britânico sempre demonstrou afinidade pelo estilo de música que está desenvolvendo recentemente. Na One Direction, o cantor compôs Little Black Dress, o mais distante que a banda chegou do gênero. Em seu disco de estreia, uma de suas faixas favoritas é Kill My Mind, sua primeira música a trazer a bateria e o baixo mais presentes. Já canções como Written All Over Your Face e The Greatest refletem perfeitamente a sonoridade desejada por Tomlinson em sua nova era. Ele pode ter demorado para se encontrar como artista solo, mas sua essência e estilo próprio sempre estiveram guardados em seu coração.
Além de Louis ter encontrado o estilo de música que realmente tem interesse em lançar individualmente, outro motivo que pode explicar a diferença entre seus dois álbuns é a mudança de gravadora. Durante a estreia de Walls, o músico era representado pela Syco Entertainment, a mesma gravadora responsável por toda a discografia da One Direction; já na era Faith In The Future, Tomlinson migrou para a Bertelsmann Music Group (BMG). Começar um novo ciclo com um time inédito foi ótimo para o cantor, ainda mais quando se considera os boatos de gestão abusiva envolvendo a Syco e o empresário Simon Cowell. As composições do segundo disco são mais profundas e isso não é à toa: Louis provavelmente conseguiu maior liberdade criativa em seu espaço de trabalho.
O novo projeto conta com 16 faixas e três singles, Bigger Than Me, Out Of My System e Silver Tongues. O britânico foi muito inteligente em escolher as três como representantes do álbum, uma vez que elas demonstram perfeitamente a ideia principal do disco, ou seja, recordar-se dos bons momentos do passado e desapegar do que for desnecessário para a jornada de seguir em frente com a consciência limpa. Em Bigger Than Me, Louis aceita que mudou, que todos mudam e que o mundo é maior do que ele. Em Out Of My System, ele percebe que já conquistou muito, mas que ainda tem muito para viver, e vai se livrar de todos os seus demônios para conseguir isso. Já em Silver Tongues, o cantor expõe como é muito mais fácil enfrentar o mundo com uma boa companhia ao seu lado. Tomlinson criou uma bela narrativa com seu novo trabalho, com todas as faixas conversando entre si e os singles carregando uma história linear e em comum que é muito especial.
Toda história precisa de um título, e Faith In The Future foi um grande acerto para a mensagem que o musicista quis passar. Tendo um histórico exemplar dentro de sua antiga banda, desprender-se da imagem de “Louis da One Direction” e recomeçar uma carreira praticamente do zero foi um desafio, mas o cantor se manteve de cabeça erguida na nova fase. Tomlinson tem obtido bons resultados, já que – com o novo álbum – conseguiu ocupar o primeiro lugar do official charts pela primeira vez. Além disso, ele irá começar uma turnê mundial com quase 80 shows já confirmados, e está planejando a terceira edição de seu festival de música, o The Away From Home Festival. “Meio que define minha própria jornada individual. Pessoalmente e profissionalmente, eu tive que ter fé no futuro“, disse o cantor em uma entrevista com Zach Sang.
Um ponto interessante no processo de criação do álbum é a forma como este foi divulgado. Os fãs do britânico sabem que ele adora enigmas e mensagens subliminares, e que nada do que é exposto ao público sobre seus trabalhos é por acaso – em Faith In The Future não seria diferente. Meses antes do disco ser lançado, Louis publicou em sua comunidade do YouTube 16 fotos com anagramas escondidos que formavam os títulos de todas as faixas do projeto. A jogada foi uma estratégia divertida e criativa de se promover e, ao mesmo tempo, aproximar-se da fanbase, que se empenhou em se reunir e solucionar o desafio.
Uma nova era começou para Louis Tomlinson e não é difícil perceber que grandes conquistas estão por vir. Com o otimismo mostrado no título, nos singles e em faixas como Chicago, The Greatest, Saturdays e Angels Fly, o britânico deixa claro que está preparado para explorar sua essência e seu estilo, e desenvolver cada vez mais sua musicalidade. O cantor pode ter mudado após os tempos de boyband, mas seu talento ainda é o mesmo, senão maior. “Esse é o tipo de álbum que eu sempre quis fazer, então sentar aqui agora com esse sentimento me dá muita confiança para o que está por vir“, afirmou para a Rolling Stone. Os fãs do cantor podem ter fé, porque o futuro da carreira de Louis ainda guarda grandes coisas.