5 anos de Aladdin, o live-action que transborda magia

Cena do live-action Aladdin. O personagem Aladdin chega a Agrabah como o príncipe Ali. Estão parados, na frente da caravana, o Gênio, em sua roupa azul, três dançarinos à sua esquerda e três à sua direita, enfileirados. Atrás de cada trio há três dançarinas, vestindo roupas amarelas típicas da cultura árabe. Seguindo o padrão, há fileiras de diversos outros dançarinos e dançarinas, todos com roupas em cores vibrantes, como rosa e roxo. No centro da caravana, atrás do gênio, há um elefante e, logo atrás, um enorme camelo feito de outro no qual Aladdin (príncipe Ali) está sentado. Ao redor da caravana o povo de Agrabah comemora e caem confetes do céu.
O live-action de Aladdin esbanja riqueza de detalhes e cativa o público pelo visual belíssimo (Foto: Disney+)

Gabriela Bita

De cachorros que falam a leões hiperrealistas, a Disney tem protagonizado erros e acertos em seus remakes das clássicas histórias animadas. Já tem mais de uma década que a empresa vem expandindo seu catálogo com live-actions de seus sucessos, para a alegria de uns e infelicidade de outros. Em 2019, o estúdio brilhou nas telas com a adaptação de Aladdin, uma das mais fiéis – se não a mais – à animação homônima de 1992.

O jovem ladrão das ruas de Agrabah voltou às telas 27 anos depois de sua primeira aparição, em uma versão atualizada sob direção de Guy Ritchie, mas que não modifica a essência do original de 1992. Se na animação, o garoto desafortunado e a princesa Jasmine conquistaram o público ao cantarem sobre um mundo desconhecido voando em um tapete mágico, o live-action cativa ainda mais o espectador ao trazer essa e outras cenas para a realidade.

Cena do live-action Aladdin. Mena Massoud, intérprete de Aladdin, está centralizado e estende suas mãos para pegar a lâmpada mágica. O enquadramento é feito de cima para baixo, a lâmpada se destaca, um pouco mais alta do que o personagem, porém em desfoco. Aladdin olha fixamente para ela e abre suavemente sua boca, quase como em um começo de um sorriso. Ele está dentro de uma caverna cheia de ouro e tesouros; o ambiente possui um tom de azul escuro e uma luz ilumina o persongem e parte do objeto pelo lado direito. Os tesouros reluzem e criam um contraste no ambiente escuro.
Há cinco anos atrás, Aladdin esfregava a lâmpada mágica e liberava sua magia nas telas, dessa vez, no formato live-action (Foto: Disney+)

A união de Mena Massoud, Naomi Scott e Will Smith no elenco foi um dos pontos que garantiram o sucesso do longa. Os intérpretes de Aladdin, Jasmine e Gênio, respectivamente, conseguiram trazer os personagens do desenho para o mundo real, desde a caracterização até a incorporação dos traços de cada um por meio da atuação, demonstrando o estudo prévio do filme de 1992

A colorização é muito bem trabalhada e é um acerto como estímulo para conquistar o público e mantê-lo com os olhos na tela durante duas horas. Além da atraente cenografia de Gemma Jackson, os figurinos de Michael Wilkinson carregam as mais diversas cores que caracterizam não só o filme, mas também os personagens. Os tons escuros e fechados de Jafar contrastam com as tonalidades vibrantes utilizadas por Jasmine; as diferentes paletas também são exploradas com o personagem Aladdin enquanto o ladrão, vestindo tons terrosos e opacos, e como Príncipe Ali, adornado em cores claras que remetem à nobreza.

cena do live-action Aladdin. Aladdin e o Gênio estão no deserto conversando. Aladdin está à direita, de frente para o Gênio que está à esquerda; o primeiro está sentado em um assento de pano (um puff) e mantém os antebraços apoiados nas coxas com as mãos para baixo, entre as pernas. Ele olha para o Gênio com um semblante concentrado, levemente confuso. O Gênio está deitado, de bruços, em um puff com duas almofadas em cima. Ele se apoia nos cotovelos e levanta as mãos abertas na altura do rosto, gesticulando para Aladdin. Eles estão em cima de um tapete, Aladdin veste uma calça bege com listras pretas, uma camisa da mesma cor e estampa com uma sobreposição semelhante a um colete na cor vermelha. O gênio utiliza uma túnica azul e tem braceletes de ouro com pedras incrustadas, que no filme funcionam como as algemas que o ligam à lâmpada mágica.
A ambientação produzida também se mantém fiel à animação e aumenta a nostalgia carregada pelo filme (Foto: Disney+)

Não é uma tarefa fácil representar um personagem que já existe e possui uma marca entre o público, mas, felizmente, todo o elenco do live-action faz jus às figuras da animação. John August e Guy Ritchie acertaram ao seguir os moldes originais da animação no roteiro do longa, não há pontas soltas em sua concepção e a fidelidade com o nostálgico Aladdin de 1992 agrada as diferentes faixas etárias que contemplam o filme desde sua estreia. Agora, cabe a nós, meros espectadores, esperarmos que a continuação do live-action siga os modelos e a qualidade do irmão mais velho.

Apesar da exatidão entre o longa de 2019 com seu antecessor, alguns pontos inéditos são explorados no mais recente. Naomi Scott faz o público se emocionar ao cantar Speechless como Jasmine. A canção escrita por Benj Pasek e Justin Paul – que ganharam o Oscar de Melhor Canção Original por City of Stars, de La La Land –, além de causar arrepios em quem a escuta, traz ao filme um contexto atual sobre a sociedade e dá à jovem princesa a primeira oportunidade para demonstrar sua força e se tornar uma referência de poder feminino.

Mantendo o título de produção fiel à animação de origem, o live-action traz de volta para a produção de sua trilha sonora o compositor original das canções de Aladdin (1992), Alan Menken. Seguindo a premissa de que ‘em time que está ganhando não se mexe’, Menken realizou poucas mudanças nos arranjos musicais. Arabian Nights, por exemplo, teve algumas alterações em sua letra e tempo de duração. A vencedora do Oscar de 1993, A Whole New World, por sua vez, sofreu apenas uma pequena diferenciação em seu tom ao ser interpretada por Massoud e Scott.

cena do live-action Aladdin. A princesa Jasmine, interpretada por Naomi Scott, desce as escadarias do palácio de Agrabah. As escadas são de um tom de ouro envelhecido e possuem flores ornamentadas. Todas as paredes possuem grandes ornamentos que demonstram a riqueza do local e têm um tom um pouco mais claro que o da escada. Jasmine está no centro, ela usa um vestido rosa com detalhes em dourado e verde água. Há uma capa que se prolonga de seus ombros e ela usa os cabelos presos em um coque baixo. A princesa mantém a cabeça erguida e um semblante sério. A sua esquerda há um guarda segurando uma lança e um escudo e a sua frente uma de suas amas lidera o caminho.]
Jasmine, além de tudo, é um exemplo de força às garotas que assistem ao live-action (Foto: Disney+)

O remake ultrapassa os custos de produção de seus antecessores. Foram necessários US$183 milhões para que toda a riqueza do longa ganhasse vida, enquanto Malévola (2014) e A Bela e a Fera (2017), por exemplo, geraram gastos de US$180 e US$160 milhões cada, respectivamente. É facilmente visível o resultado de tamanho investimento, seja através da própria construção da cidade de Jasmine ou da cena de Aladdin e o gênio na caverna. Os elementos gráficos utilizados pela equipe de efeitos visuais, liderada por Alan Stewart, junto com o trabalho do setor de design de produção, coordenada por Gemma Jackson, fizeram com que o resultado final iluminasse os olhos dos espectadores, por meio da fotografia, arte e cenografia.

Sem poupar esforços para o desenvolvimento do live-action, a Disney conseguiu transportar a magia de seu slogan para a adaptação, o que resultou em um verdadeiro espetáculo visual. O ouro e a riqueza não ficaram apenas na cidade fictícia de Agrabah: apesar de ter sido um dos filmes mais caros da época, Aladdin alcançou a 8ª colocação entre as maiores bilheterias de 2019 e consolidou seu sucesso entre o público. 

cena do live-action Aladdin. A princesa Jasmine, interpretada por Naomi Scott, e Aladdin, interpretado por Mena Massoud, estão em pé, um de frente para o outro e de perfil para a câmera. Aladdin está disfarçado de Príncipe Ali, com vestes brancas, e segura um pergaminho aberto com ambas as mãos. Jasmine, à direita, veste seu vestido característico de seda turquesa e joias que combinam com a roupa, um colar e brinco de pedras (ambos de tamanho grande) e uma coroa dourada com também pedras turquesas incrustadas. Ela abaixa, delicadamente com uma das mãos, o pergaminho que o rapaz segura. A princesa mantém um semblante calmo, enquanto Aladdin levanta as sobrancelhas e morde o lábio inferior. Eles estão em uma das salas do palácio, atrás dos jovens há uma mesa com objetos de ouro e livros. A parede é ornamentada, também de ouro e com espaços que são ocupados por o que aparenta ser relíquias. O plano atrás de Aladdin e Jasmine está em desfoque.
O live-action de Aladdin prova que é possível fazer uma adaptação de qualidade e fiel à obra original (Foto: Disney+)

Apesar do passar dos anos, a produção continua atual, seja em sua parte estética, que permanece agradando o público e sendo referência para outras produções, seja na abordagem de temas que ainda permeiam a sociedade cinco anos depois do lançamento. E é nesse último ponto que se estabelece a importância dos remakes feitos pela Disney, pois, ao trazer um clássico de 32 anos para o contexto do século XXI, é permitido que as histórias que muitas vezes são valorizadas apenas por sua beleza, ou até mesmo considerada para crianças, reflita para as telas o meio social da nova época.

Deixe uma resposta