Os melhores filmes de 2016

Melhores filmes de 2016

O senso comum diz que 2016 teve uma escassez de bons filmes. Realmente, muitos dos hollywoodianos tiveram uma recepção morna, mas a lista de melhores do ano do Persona mostra que tivemos sim grandes marcos no cinema. Desde modos inteligentes de se fazer películas comerciais até a surpreendente ascensão de nosso continente. Aqui estão os cinco destaques escolhidos por nós:

5 – A Chegada

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Entre E.T’s, palavras, angústia e conceitos de tempo, A Chegada se revela um filme de ficção que vai além de uma simples narrativa sobre invasões alienígenas. Baseada no conto de Ted Chiang Story Of Your Life, a obra conta a história de como Louise Banks (Amy Adams), renomada linguista, conseguiu se comunicar com extraterrestres e evitar, com isso, uma guerra desnecessária entre as duas civilizações. Ademais, o filme nos leva a reflexões acerca de como entendemos o tempo (maneira linear) e do que aconteceria se o víssemos de outra forma (o que, de acordo com o filme, poderia incluir o fim de conceitos como passado, presente e futuro).

Com direção de Denis Villeneuve, roteiro de Eric Heisserer e a fotografia surpreendente de Joe Walker, A Chegada é uma história de personalidade que, apesar de conter seres de outro planeta, aborda de maneira interessante o sentimentalismo humano e seus efeitos. – Elisa Dias

4- Spotlight: Segredos Revelados

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Os discursos da equipe de Spotlight ao receber o Oscar de melhor filme refletem perfeitamente as mensagens do próprio filme: não há uma exaltação do cinema ou mesmo do trabalho nele investido, mas a esperança de que a comunicação possa mudar positivamente o mundo. E deixar essa impressão nesta ainda caótica transição das mídias é louvável.

À primeira vista as escolhas de direção de Tom McCarthy podem parecer simples e padronizadas. Na realidade, Spotlight se atém, assim como manda a tradicional “cartilha” do jornalismo, ao fundamental para contar uma boa história. Aliado a um elenco de primeira, o filme não chega a romantizar o jornalismo, mas nos lembra do como ele é ainda necessário. – Lucas Marques

3 – Boi Neon

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Os brasileiros que sonham escondidos por debaixo das coisas do cotidiano podem se ver representados em Boi Neon, o premiadíssimo filme brasileiro dirigido por Gabriel Mascaro que mostrou ao mundo um Brasil novo, colorido, mas, ainda, contrastante entre seus sonhos e a sua dura realidade. Aliás, Boi Neon é, sobre tudo, o lugar onde o Brasil esteve nos últimos anos. Para mostrar isso, encontramos aqui a saga de Iremar, o jovem peão que sonha em trabalhar na indústria têxtil do sertão nordestino.

Além do seu rígido alicerce sobre esses novos sonhos tupiquinins, o destaque em Boi Neon  também se deve pelo seu apelo estético que conversa com o que há de mais moderno no cinema mundial. Planos abertos, cores vivas e longas sequências mostram um debutante cinema brasileiro que não se alicia as grandes produções nacionais pouco representativas. É, portanto, um cinema brasileiro necessário para além das amarras televisivas. – Adriano Arrigo

2 – O Abraço da Serpente

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Por muito tempo as narrativas cinematográficas sobre a Amazônia estiveram na mão dos mesmos que a destruíram, perpetuando a visão dos nativos como seres selvagens e incivilizados em obras criminosas como Holocausto Canibal e Anaconda. Não mais. Agora a serpente é nossa.

O Abraço da Serpente retoma a selva para seus verdadeiros donos. A Amazônia aqui é sim violenta e febril, mas nossa, e nenhum conhecimento científico europeizado vale mais do que as tradições indígenas, apagadas cruelmente pelos colonizadores. Feito em um país onde a indústria cinematográfica luta para ressurgir após uma série de governos neoliberais e uma profunda guerra ligada ao narcotráfico, o filme não deve nada à clássicos canônicos como Apocalypse Now e Aguirre. Abraço é tão forte que até as duas maiores entidades representantes da homogeneidade do cinema ocidental e nortista, Cannes e Hollywood, tiveram que se curvar diante da genialidade da selva índigena colombiana. – Matheus Fernandes

1- Aquarius

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Ame ou odeie, Aquarius foi o filme brasileiro de maior repercussão em anos – mas pelos motivos errados. Lançado na ressaca do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, o mais novo trabalho de Kleber Mendonça Filho teve a polêmica alimentada por um protesto do próprio elenco contra a retirada da petista em Cannes. A partir daí, dá-lhe boicotes irracionais (Reinaldo Azevedo que o diga) e interpretações reducionistas da história de Clara (Sônia Braga).

Seria ignorância dissociar Aquarius e política, do mesmo modo que limitar a película a isso também o é. Aquarius é sobre as contradições da vida, metaforizadas na pele de Clara, uma mulher madura com um passado de militância política e um presente tipicamente burguês. É sobre amor, sexualidade e resistência. Uma obra universal – nem petralhas nem coxinhas estão imunes. – Gabriel Leite Ferreira

Votantes:

Adriano Arrigo: 5 – Mate-me Por Favor/ 4 – Boi Neon/ 3 – A Bruxa/ 2 – Aquarius/ 1 – Spotlight

Elisa Dias: 5 – Boi Neon/ 4 – Spotlight/ 3 – Looking: O Filme/ 2 – Mãe Só Há Uma/ 1 – A Chegada

Gabriel Leite Ferreira: 5 – A Chegada/ 4 – O Regresso/ 3 – Os Oito Odiados/ 2 – A Grande Aposta/ 1 – Aquarius

Lucas Marques: 5 – Boi Neon/ 4 – Aquarius/ 3 – A Grande Aposta/ 2 – A Bruxa/ 1 – O Abraço da Serpente

Matheus Fernandes: 5 – Kubo e as Cordas Mágicas/ 4 – Aquarius/ 3 – Anomalisa/ 2 – O Abraço da Serpente/ 1 – Carol

Nilo Vieira: 5 – Os Dez Mandamentos/ 4 – Demônio de Neon/ 3 – Cavalo de Turim/ 2 – O Abraço da Serpente/ 1 – Youth

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