Fuller House e os bons tempos que não voltam… Será?

full house

Camila Ramos

Full House, ou Três é Demais, é uma série de televisão americana que começou em 1987 e teve seu fim em 1995, um total de oito temporadas. Criada por Jeff Franklin, Full House conta a história de um pai recentemente viúvo que vai viver com o cunhado e um amigo para cuidar de suas três filhas. Durante as temporadas, a série conquistou o amor de várias pessoas, juntando novos personagens e lições de convivência em família, já que a cada episódio há um problema que é solucionado pela união e amor de todos.

Apesar de ser uma série de comédia, não há a presença de um humor engraçado, parece pleonasmo, mas não é. As piadas são forçadas e com pausa para esperar a risada do público, sem a espontaneidade que há em Friends, por exemplo. O personagem mais cômico de todos da casa é uma menininha que começou a série com nove meses e terminou com menos de nove anos, a icônica Michele. Essa mini personagem fez todas as partes em que aparecia serem as mais engraçadas dos episódios. Tirando ela da história sobra apenas um bando de adultos e crianças forçando piadas em uma história forçada.

Quase 30 anos mais tarde, em 2016, a linda família unida, apesar das “crises” em que passaram (como a irmã mais velha fugir para o porão porque não queria dividir o quarto com a irmã mais nova, drama puro), voltou para alegrar os fãs da série. Produzida pela Netflix, Fuller House estreou dia 26 de fevereiro desse ano, com uma história bem parecida: a então filha mais velha fica viúva e vai morar com sua irmã e uma amiga que a ajudam cuidar dos três filhos.

O retorno da série é bem produzido: nada mudou, mas tudo está diferente. As antigas meninas, hoje adultas, continuam com o mesmo “senso de humor”, com as mesmas piadas e quase com o mesmo modo de se vestir. Porém, os três atores mais velhos perderam sua caracterização dos personagens, principalmente o ator Dave Coulier, que tinha o papel mais cômico entre os antigos adultos, como o comediante imaturo Joey Gladstone. Outra falta foi da personagem Michele, interpretada pelas irmãs Olsen, o que pode não ser tão ruim assim, já que a personagem era extremamente carismática quando criança e hoje as atrizes já não são mais comediantes, não atuando juntas desde 2004.

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Em uma avaliação geral, a série original dos anos 80 é muito melhor do que a versão atual. Full House ganha disparado de Fuller House. Mas o que mais me intriga é que esta não é a única série antiga voltando para as nossas vidas, e principalmente, não é a única sendo produzida pela famigerada Netflix: Gilmore Girls (também conhecida por “Tal Mãe, Tal Filha”), Arquivo X, Um Maluco no Pedaço (que não voltará com o elenco original, mas sim como um remake), entre outras.

Hoje temos um apego com as séries de uma forma que antigamente não tínhamos. Portais online que trazem séries longas sem intervalos ajudam a fortalecer isso. Somos viciados em séries e trazer uma série antiga de volta as telas é uma jogada de nostalgia para obter lucro. Quem nunca ficou chateado por sua série acabar, aquela que você acompanhava todos os dias na hora do almoço? E então, os estúdios dão um alívio e dizem que não, não é o fim daquela série que você tanto amava, e sim, ela voltará para sua vida como se nunca tivesse saído.

Qualquer coisa que perdure por muitos anos no mercado acumula uma legião de fãs muito forte, e o amor desses fãs por tal produto também durará anos. Trilogias, sagas, novelas, séries. É muito mais fácil trazer de volta algo que já tem fãs (lê-se: lucro garantido) do que inventar algo do zero sem certeza se isso dará certo, se terá aprovação do público (lê-se novamente: lucro). Ora, os estúdios nada mais estão fazendo o que a Rede Globo faz há muitos anos, com o Vale a Pena Ver de Novo.

Não só as séries estão voltando do baú do passado, mas também os filmes: Star Wars, Star Trek (que, aliás, ganhará uma série nova e totalmente reformada em 2017), Jurassic Park, Mad Max, entre outros, são exemplos disso. O que podemos cogitar é que começou a existir nos últimos anos uma cultura da nostalgia na qual o lucro é certo, pois nenhum fã vai reclamar se sua série favorita, de quando eles eram crianças ou adolescentes, voltar. Ao contrário, muitos fãs pedem nas redes sociais para a volta de filmes e séries. Como acontece com Friends, todos os dias fãs clamam para, no mínimo, um episódio especial com todo o elenco, mas os atores são categóricos: não há sentido em voltar algo que já acabou, foi bom enquanto durou e nada mais.

Nesse contexto, os estúdios nada mais estão fazendo que a vontade da audiência, e trazendo alegria (dinheiro) para os fãs (produtoras). Reclamamos do passado que não volta… até os estúdios precisarem de dinheiro.

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