Juliana Dal Ri Galina
Considerada a “Rainha do Indie”, Lana Del Rey quis testar mais sons que vão além do indie em seu novo álbum, o que não é surpresa. Quem acompanha a cantora sabe que desde seu lançamento de 2019, Norman Fucking Rockwell!, ela vem fazendo sons que vão do pop ao estilo alternativo. No entanto, nesta nova obra Chemtrails Over The Country Club, Lana explora mais sua poesia em tipos musicais do indie, country e, principalmente, folk.
Lançado no dia 19 de março de 2021, através das gravadoras Polydor Records e Interscope Records, Chemtrails Over The Country Club contém 11 canções de puro aspecto vintage estadunidense. Começamos com a faixa-título que apresenta elementos como carros esportivos, viagens entre amigas e tardes na piscina, mostrando um verão bem típico californiano – característica comum nas suas obras.
No decorrer da música vemos que Lana quer mostrar seu lado jovem, livre e selvagem, presente também nos singles Dance Till We Die e Wild At Heart. Além de mostrarem um lado natural da compositora, a primeira tem um tema meio rock, com uma mudança no meio da música com o uso de baixos e bateria. Já a segunda apresenta tons calmos de violão, lembrando o folklore, de Taylor Swift.
Já que comentamos de folk, Yosemite é a que lembra o gênero com sua melancolia na poesia e na melodia. Nomeada com o nome de uma paisagem natural dos EUA, Yosemite Falls, Yosemite é a canção mais serena do álbum todo, já que traz uma letra nostálgica de um amor passado junto com um violão no fundo.
Ainda sobre ex-paixões, temos abertura do sertanejo americano em Chemtrails Over The Country Club com Breaking Up Slowly, em parceria com a cantora country Nikki Lane. Sendo a faixa mais curta, com apenas 2 minutos e 57 segundos, Breaking Up Slowly apresenta ritmo bem estilo country com as cordas do violão e baixo em sincronia com as vozes da dupla, cantando sobre términos difíceis, mas precisos. O single também apresenta referência vintage, citando os anos 60 através de Tammy Wynette.
Not All Who Wander Are Lost, que, mesmo com um som sertanejo americano, o uso intenso da voz remete a lembrar das notas vocais de AURORA, artista alternativa, em seu single Exist For Love. Comentando sobre a cantoria de Lana Del Rey, a cantora vem aprimorando e suavizando sua voz cada vez mais, que é perceptível na quarta faixa do álbum, Let Me Love You Like A Woman.
Interessante comentar que devido a esse canto ser tão calmo como um sussurro, Lana resolveu cantar justamente esta faixa na live do The Tonight Show. Ainda no indie, é curioso olhar que, Dark But Just A Game e Tulsa Jesus Freak são semelhantes no quesito de serem as únicas trabalhadas com batidas eletrônicas, enquanto o resto de Chemtrails Over The Country Club é mais acústico.
Para fechar o álbum, temos For Free e White Dress. A começar por For Free, temos a exposição de como trabalhar com música nem sempre é realmente recompensador e valorizado, o que é muito interessante, já que a canção é uma colaboração com Zella Day e Weyes Blood, cantoras que não dominam o mainstream como a Lana.
Vemos também essa temática de não-reconhecimento com White Dress, em que Lana Del Rey recorda do seu tempo antes da fama como Lizzy Grant – uma garçonete que adora Kings of Leon e White Stripes e vê uma virada na sua vida ao finalmente ser vista, como ela mesmo fala. O clipe conta com um cenário americano antigo de estrada, pôr do sol, dança de patins e entre outros.
Chemtrails Over The Country Club é a obra da Lana Del Rey que mais mexe com tantas áreas musicais, fazendo melodias incríveis e únicas, algo que ela vem produzindo desde Norman Fucking Rockwell!. O álbum reconforta a todos com sons calmos e cantorias leves, vindos do folk e country, e batidas mais aceleradas e cantos agudos, ao estilo alternativo.