Camila Ramos
Truque de Mestre 2 é um daqueles filmes que fazem parte da extensa lista das “Sequências que deram muito Errado”. Além de estragarem o foco do filme, ainda encheram as cenas com um péssimo alívio cômico, superando Vingadores 2. O filme, que tinha um bom elenco e uma história um tanto interessante, ressurgiu três anos depois decepcionando quem procurava um filme de truques de mágica.
O primeiro longa-metragem contava a história de um quarteto que agia como Robin Hood para entrar em uma organização secreta chamada “O Olho”; o grupo era perseguido por um agente do FBI interpretado por Mark Ruffalo, e este formava um par romântico com uma agente francesa da Interpol. Todo o enredo consistia em mostrar um truque impossível que depois era revelado como um plano bem arquitetado com ótimas distrações e, no final, um plot twist não tão bom assim.
O segundo filme, na verdade, só tem o mesmo nome do primeiro. Todo o truque foi descartado do enredo, dando lugar a uma complicada e nada atrativa história de vinganças que, em suma, não funcionou. Neste, os Quatro Cavaleiros estão bem fracos, todas as suas habilidades parecem ter sumido de suas cabeças como vento; ninguém do quarteto (e ouso dizer que ninguém do filme inteiro) conseguiu impressionar com sua mágica.
O elenco também ajudou o filme a ficar ruim. Senti falta de alguns personagens que eram bons no primeiro filme, como a única integrante mulher do quarteto e a agente da Interpol que era o par romântico convincente da história. Elas saíram e deram lugar a uma agente que aparece em pouquíssimas ocasiões e a nova Cavaleira interpretada pela Lizzy Caplan que foi, sem sombra de dúvida, a pior escolha de alívio cômica de todos os tempos. Todas as suas cenas foram com piadas ruins dela ou causada por ela, o que, devo dizer, as piadas dela acertaram mais que a do resto do elenco. O que posso dizer sobre o alívio cômico desse filme? Bom, pelo menos em Vingadores 2 o pessoal do cinema riu.
Outro ator que incrementou, dessa vez de forma positiva, foi o ator Daniel Radcliffe, que para um filme de mágicos não foi tanta surpresa assim. Sua atuação foi a melhor que vi até o momento, saindo do menino babaca de expressão única para um sociopata de luxo até que convincente. Talvez tudo o que ele precisava era um pouco de Las Vegas. Porém, o figurino único do filme todo continuou desde Harry Potter.
O injustiçado da vez foi Woody Harrelson, que interpretou duas personagens com personalidades distintas, irmãos gêmeos, mas não foi nada bem aproveitado. O “irmão gêmeo do mal” ficou bem ruim, foi outro alívio cômico ridículo, e ambas as personagens ficaram de escanteio o filme inteiro, mesmo com o irmão “bom” sendo um dos Cavaleiros (o personagem foi tão esquecido que não lembro de ver ele atuando sua habilidade de hipnose em nenhuma parte do filme). De qualquer maneira, a atuação de Harrelson foi boa, parecendo realmente dois irmãos completamente diferentes.
A parte técnica não foi a pior, tampouco surpreendeu. Houve muito mais cenas de mágicas impossíveis e/ou ridículas, quase todas sem explicação de como foram feitas (ao contrário do primeiro filme). Cena de truque muito extensa que no final, sem spoiler, não adiantou em nada e não fez o menor sentido. Câmeras lentas dos Quatro Cavaleiros enaltecendo a grandiosidade do grupo era uma marca que veio do primeiro filme e que fez sentido apenas no primeiro filme, além de ele ser usado exageradamente até cansar; me pareceu mais um grupo gângster que um grupo de mágicos.
Em suma, o filme teve muito mais pontos fracos que fortes, estas dá para contar nos dedos. Todo o conjunto (enredo, elenco, aproveitamento do elenco e efeitos visuais) caminhou o filme ao tédio e a 10 reais mal gastos. Uma coisa é fato, de truque o filme não tem nada, mas conseguiram inventar mágica de verdade com o exagero das habilidades. Mas fazer o filme sumir, isso, infelizmente, ninguém faz.