Trupe Chá de Boldo em São Paulo: Temperatura Inconstante

Banda empolgou o público com seu maior hit, mas decepcionou no desfecho do espetáculo

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A Trupe já conta com 10 anos de estrada (Foto: Divulgação)

Victor Pinheiro

O grupo musical Trupe Chá de Boldo trouxe seu repertório experimental para duas apresentações no Sesc Santana, em São Paulo, no sábado (16) e domingo (17). O setlist foi repleto de faixas do novo álbum da banda, Presente (2015), mas  também contou com sucessos da obra anterior, Nave Manhã (2012).

 Usando toda sua potência instrumental, a Trupe mostrou seus arranjos característicos para começar o espetáculo com força total e  arrancar aplausos, gritos e dança. O marcante trio feminino formado por Ciça Goés, Julia Valiengo e Leila Pereira, nos vocais, o rodízio de instrumentos entre os integrantes e as simpáticas performances no palco foram essenciais para levantar a apresentação.

 A banda iniciou o show com a faixa “O Fim é Só o Começo (Coração)” e já mostrou alguns traços peculiares como a forte presença da bateria e percussão, guitarras com distorções e saxofones que conferem um caráter elegante, porém leve às músicas. Em seguida foi a vez do grupo destacar que não compõe para ideais conservadores. Com uma letra sobre empoderamento feminino, “Meu tesão é outro” aproveitou bem o potencial das cantoras da Trupe, porém não animou.

 Mas foi  “Jovem Tirano Príncipe Besta” que realmente trouxe uma atmosfera morna ao auditório. Apesar de boa música, não conseguiu empolgar o público, mesmo que tenha rendido bons aplausos. O single “Diacho” era, com certeza, uma aposta para inflamar o ambiente. No entanto, falhou em aguçar os ânimos e, como se não bastasse, a sequência com “Lampejo” consolidou o clima estável do auditório.

 A partir de “Amores Vão”, faixa em tributo ao sambista Adoniran Barbosa, e “Moremaximo” que o show subiu de patamar. O ótimo instrumental da primeira música, junto com a elegância no arranjo e na composição da segunda preparava o espetáculo que aos poucos iria atingindo seu ápice. A Trupe então tocou “Cine Espacial”, que apesar do arranjo calmo e apreciativo não decepcionou (muito pelo contrário) e conseguiu manter os ânimos crescentes.

 Com arranjos dançantes e refrões muito bem elaborados e fáceis de cantar as execuções de “Smex Smov” e “Fogo Fogo” foram um sucesso. Finalmente o espetáculo estava pronto para atingir o seu clímax: era chegada a hora do maior sucesso da banda, “Na Garrafa”, do álbum Nave Manhã. Para melhorar, os integrantes ainda fizeram uma grande performance e provocaram o público a se encostar no palco. Dezenas de pessoas desceram para curtir a apresentação mais de perto e algumas se puseram a dançar. O Sesc estava fervendo.

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Performances no palco ajudaram a animar o auditório no domingo (Foto: Luiza Coimbra)

 A Trupe Chá de Boldo então se perfilou e cumprimentou o público dando a entender que o show se encerraria ali. Mas a banda voltou e tocou duas faixas de encerramento. Primeiro, outro grande sucesso de Nave Manhã, “Mar Morro”. A música destaca a voz do cantor Gustavo Galo, além de uma guitarra em ritmo de reggae e um baixo marcante. Em seguida, Galo agradeceu a Moisés, integrante do grupo Porcas Borboletas e convidado especial, que estava auxiliando a banda no concerto.

 O grupo apresentou uma breve introdução de uma obra do convidado e logo encaminhou o show para seu desfecho com “Uma Banda”. A música que se assemelha a uma ‘marchinha’ representa toda amizade entre os integrantes da Trupe. Contudo, foi uma péssima escolha para fechar o show e, logo na última execução, o ânimo esfriou.

 Em linhas gerais, Trupe Chá de Boldo foi uma boa atração para o domingo paulistano. Em um primeiro momento, a banda causa estranhamento com seu estilo experimental a quem não conhece, porém, seus arranjos bem elaborados são contagiantes – embora nem todos tenham funcionado no show de domingo. Para saber mais sobre a Trupe Chá de Boldo e fazer download gratuito dos discos, basta acessar o site da banda aqui.

 

 

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