Rayanne Candido
Drama, suspense e mistério. Essas três palavras conseguem captar a essência de The Society, série da Netflix que promete despertar curiosidade no público. Quando a cidade de West Ham é permeada por um cheiro horrível de procedência desconhecida, o governo envia todos os estudantes de ensino médio para um acampamento enquanto o problema é resolvido. Ao retornarem à sua cidade natal, os jovens descobrem que assim como o mal cheiro, todos os outros habitantes da cidade desapareceram.
Com a cidade toda vazia e sem supervisão, o primeiro ato foi unânime: realizaram uma super festa repleta de álcool, sexo e drogas – é nesse momento em que os personagens e suas tramas pessoais são apresentados. Depois de muita bagunça e com a chegada da ressaca, os jovens caem em si e percebem que ninguém está indo os buscar. Estão à própria sorte. A partir daí, começam a investigar para onde todos foram, explorar os limites da cidade e implementar regras de convivência e táticas de sobrevivência.
Voltada ao público jovem adulto e inspirada no conto O Senhor das Moscas, o ar misterioso permanece em todos os momentos da trama e traços semelhantes a outras produções como Lost, The 100, Between e Under The Dome ficam cada vez mais perceptíveis. Escrita por Chris Keyser, a série apresenta uma primeira temporada de 10 episódios com aproximadamente 50 minutos de duração cada.
A série acerta em colocar figuras com diferentes ideologias juntos, simbolizando os distintos perfis encontrados em uma sociedade. Personagens de destaque como Allie (Kathryn Newton) e sua irmã Cassandra (Rachel Keller), Will (Jacques Colimon), Harry (Alex Fitzalan), Campbell (Toby Wallace) e Helena (Natasha Liu Bordizzo) possuem características louváveis de serem representadas, sem muita dificuldade o público consegue percebê-las. Para que haja um bom funcionamento dessa sociedade provisória, é necessário eleger uma liderança, é aí que as disputas de poder começam e a tensão aumenta.
Um ponto alto é a representatividade que a trama apresenta por meio de Sam (Sean Berdy), o personagem é surdo e a língua dos sinais é algo que chama bastante atenção ao decorrer das cenas. Outros assuntos e questionamentos que merecem destaque também são retratados, como homossexualidade, depressão, psicopatia, religiosidade e até mesmo a gravidez na adolescência. Com a ausência de figuras mais velhas e de recursos tecnológicos, a experiência é a única saída para essas situações.
O roteiro é bem construído com uma base necessária para o desenvolvimento. Tudo vai sendo entregue aos poucos, começando pela reação dos jovens, suas primeiras atitudes, e as preocupações que vão surgindo. É uma verdadeira ordem de ações e reações ao longo de cada um dos capítulos. Porém, o que auxilia no início acaba sendo um empecilho ao decorrer da trama, com esse ritmo lento muitas informações são apresentadas as pressas e arco final parece uma confusão.
A trilha sonora não decepciona e transmite a sensação necessária para cada cena, seja ela de alívio, mistério ou desespero. Com uma fotografia com aspectos soturnos, são raros os momentos de segurança e tranquilidade, a atenção é necessária para o que vai vir em seguida. Alguns detalhes minuciosos aparecem gerando curiosidade, pistas para se conseguir as respostas que todos almejam.
Com uma boa proposta, abordagens necessárias e personagens interessantes The Society é uma série para quem se interessa por premissas misteriosas e tem um tempo sobrando. Especialmente para o público jovem que acha que conseguiria viver sem os pais facilmente, essa produção veio para provar o contrário. Apesar de algumas informações serem entregues de uma forma muito rápida e não tão aprofundadas, a curiosidade para descobrir o que realmente aconteceu predomina.
