Entre encontros e reencontros, The L Word: Geração Q retoma o significado do amor entre mulheres

Cena de The L Word: Generation Q. Na imagem vemos parte do elenco da série reunido e se abraçando pelas laterais. Da esquerda para a direita encontra-se Finley, Shane, Alice, Bette, Dani, Sophia e Micah, respectivamente. Finley, mulher branca de cabelos curtos, usa calça marrom clara e camiseta listrada preta, vermelha e verde. Shane, mulher branca de cabelos castanhos curtos, veste uma regata branca e jaqueta de couro preta, em seu pescoço carrega um colar. Alice, mulher branca com cabelos loiros, usa um macacão jeans claro. Bette, mulher biracial de cabelos castanhos cacheados, veste uma calça marrom e uma camiseta social na cor branca que encontra-se com alguns botões desabotoados. Dani, mulher branca de cabelos castanhos escuros compridos, usa um cropped branco com uma amarração na frente com listras pretas e calça preta. Sophia, mulher negra de cabelos pretos cacheados, usa uma camiseta branca florida azul e uma jaqueta preta. Micah, homem de pele branca e cabelos pretos curtos, veste uma camiseta de botão na cor roxa estampada com desenhos em formato de V. Todos estão com sorriso no rosto. Ao fundo é possível ver uma placa azul “Welcome to SilverLake Sunset Junction” escrita em letras brancas e árvores verdes com flores rosas. O céu está na cor amarela e azul claro.
The L Word: Generation Q aborda temas presentes na comunidade LGBTQIA+ (Foto: Showtime)

Vitória Borges

Desde sua estreia em 2004, The L Word estabeleceu-se como um marco na representação LBGTQIA+ na Televisão. A série, que durou até o ano de 2009, conta a história de um grupo de amigas lésbicas e bissexuais que vivem na cidade de Los Angeles. O seriado tem dramas quentes, provocativos e repleto de diálogos inteligentes e personagens ricamente desenhados.

Aclamada por alguns e odiada por outros, The L Word: Generation Q (no original) nasce como uma continuação do seriado icônico. A obra, lançada quase 15 anos após a primeira, retoma sua narrativa e retorna com personagens excepcionais como Bette Porter (Jennifer Beals), Alice Pieszecki (Leisha Hailey) e Shane McCutcheon (Katherine Moennig).

Apesar de focar na vida das três melhores amigas, a produção conta também com a participação de rostos novos, que contribuem como uma cápsula do tempo no desenvolvimento da trama. Além disso, as figuras familiares já conhecidas pelo público atuam como uma ponte entre a série original e a nova geração de personagens – assim como o famoso Quadro de Pieszecki –, proporcionando certa continuidade que agrada tanto os fãs antigos quanto os novos telespectadores do seriado.

Cena da série The L Word: Generation Q. Na imagem vemos Shane, Alice e Bette tirando uma selfie na frente de um estabelecimento. Shane, mulher branca de cabelos castanhos escuros, veste uma camiseta branca e jaqueta de couro preta, seu braço esquerdo está esticado para cima de sua cabeça e seu dedo apontado para cima. Alice, mulher branca de cabelos loiros, veste uma camiseta amarela e segura um celular com suas duas mãos. Bette, mulher biracial com cabelos castanhos claros, veste uma calça social preta e uma camiseta social listrada branca e preta, em sua mão segura uma bolsa e em seu braço encontra-se um blazer, ambos na cor preta. Todas estão usando óculos de sol escuros. Centralizado ao fundo da imagem existe uma grande janela de vidro, do lado esquerdo é possível ver uma palmeira e no canto superior direito encontra-se um letreiro escrito “Dana’s” na cor branca.
Leisha Hailey e Kate Moennig são as únicas atrizes que estiveram em todas as temporadas da série original e de The L Word: Gen Q (Foto: Showtime)

Combinando com o enredo da série de 2004, em The L Word: Geração Q, a temática não é diferente. Amores e vivências do mundo sáfico são muito bem estruturadas e expostas durante as únicas três temporadas. Dessa vez, a produção da obra, comandada pela nova showrunner Marja-Lewis Ryan, também foca em questões que abordam conteúdos atuais e muito debatidos na comunidade LGBTQIA+.

A letra ‘Q’ do título da nova série se refere à palavra queer, presente na sigla ‘LGBTQIA+’ e que reflete a fluidez sexual da atual geração. A ampliação de personagens, com diferentes identidades de gênero e orientações sexuais, espelha um certo compromisso com a inclusão e legitimidade de todos os membros da comunidade. Além de promover novas perspectivas de mundo mais de uma década depois.

Durante a primeira temporada da produção, as figuras novas são apresentadas de maneira fluida e coesa: Dani (Arianne Mandi) e Sophia (Rosanny Zayas) são um casal de lésbicas que moram com Micah (Leo Sheng); Finley (Jacqueline Toboni) é melhor amiga de Sophia e trabalha na equipe do programa de TV de Alice; além disso, temos a mais nova namorada de Pieszecki, Nat (Stephanie Allyne) que, ‘de brinde’, vem com sua ex-esposa Gigi (Sepedih Moafi). Crises, sexo e muito álcool são a resposta para o desfeixo dessa temporada, que fisga a atenção do espectador do ínicio ao fim, deixando-o com um ‘gostinho’ de quero mais.

Cena de The L Word: Generation Q. Na cena vemos Gigi e Nat descabeladas encarando algo com cara surpresa. Gigi, mulher biracial de cabelos castanhos, veste um blazer listrado na cor preta e branca. Nat, uma mulher branca com cabelos castanhos médios, veste uma camiseta de alça também na cor preta. Ambas seguram taças com bebida em suas mãos. Ao fundo da imagem podemos ver pessoas em pé segurando copos de bebida.
O reboot aborda as adversidades da separação de Gigi e Nat (Foto: Showtime)

Entre brigas e intrigas, a segunda parte de The L Word: Geração Q gira em torno de dois ‘trisais’ diferentes. De um lado, encontramos Finley, Dani e Sophia e, do outro, Alice, Nat e Gigi. Abordando as reviravoltas e as consequências que suas ações podem acarretar, a temporada é movimentada por tomadas de decisões difíceis e complicações emocionais das personagens. Após fracassar em sua campanha eleitoral, Bette, por outro lado, lida com questões familiares e românticas, tentando encontrar um novo propósito para sua vida. Já Shane, lida com os desafios de administrar um bar e conciliar seu relacionamento com Quiara (Lex Scott Davis).

Outro assunto que também é muito bem discutido na segunda temporada do seriado está na relação de Angie (Jordan Hull), filha de Bette e Tina (Laurel Holloman), ao descobrir e perceber que tem sentimentos amorosos por sua melhor amiga Jordi – interpretada pela excelente Sophie Giannamore. Essa descoberta deixa o coração ‘quentinho’ pois se trata de um romance tão puro e natural que pode fazer o público se sentir amado ao perceber que está tudo bem ser LGBTQIA+, principalmente quando você se descobre durante a adolescência.

Cancelada em sua terceira temporada, a despedida repentina da série surpreendeu parte de seus admiradores. A trama, que nos deixou com diversos assuntos ainda em aberto, teve seu último episódio lançado em 2022. Durante a fase final da produção, antigos relacionamentos chegaram ao fim e novos amores também foram surgindo. O desfecho, que se passa um ano após a chegada da segunda temporada, mantém o famoso espírito inovador e inclusivo de The L Word: Geração Q, trazendo consigo a bagagem sobre os encontros, nuances e os desafios que permeiam a comunidade queer.

Cena de The L Word: Generation Q. Na cena vemos Bette, Tina e Shane sentadas em uma mesa conversando. Bette, mulher biracial de cabelos castanhos, usa blazer na cor bege, um de seus braços está apoiado em cima da mesa de madeira. Tina, mulher branca com cabelos loiros, veste um blazer na cor verde, sua mão direita está unida à mão esquerda de Bette. Shane, mulher branca de cabelos castanhos, usa calça vermelha e uma camiseta preta com bolinhas brancas, seu braço direito está levantado. Elas encontram-se sentadas em cadeiras de madeira com acolchoado preto. Ao fundo da imagem existem pessoas sentadas em sofás. O ambiente está bem decorado.
A música tema de Generation Q é Love is Love da banda Shooter Jennings (Foto: Showtime)

Apesar dos pesares, felizmente, temos um ponto positivo acerca da temporada final da trama: o relacionamento entre Bette e Tina, que cambaleou por anos com altos e baixos, e finalmente teve seu final feliz. Nas últimas cenas da produção, vemos as duas personagens se casando e vivendo seu romance da maneira mais bonita e harmoniosa possível, assim como deveria ter sido desde o início da primeira obra da franquia. 

Compreender que a clássica The L Word pavimentou o caminho para que futuras produções sáficas fossem ser realizadas é, de longe, impossível de negar. O revival que, agora, é produzido para a geração ‘Q’, proporciona uma plataforma muito poderosa para a comunidade queer. Celebrando a diversidade e a inclusão, a trama comprova a visibilidade autêntica da população LGBTQIA+ na mídia, destacando vozes, personalidades e histórias vivenciadas por pessoas do ‘vale’. 

De maneira geral, The L Word: Geração Q mantém o DNA da série original ao conseguir mesclar drama, romance e humor equilibrado. O reboot não é apenas a continuação de um seriado que marcou gerações, mas sim um projeto que aborda diversos assuntos presentes hoje em dia no ‘mundinho’ LGBTQIA+. Ao explorar essas temáticas, a obra mantém sua relevância cultural e social deixada pela antiga franquia e dá continuidade ao seu legado.

Deixe uma resposta