O primeiro filme da saga Star Wars após a venda da LucasFilm, do diretor George Lucas, para a Walt Disney apela para a nostalgia, porém a falta de ideias novas para a franquia causa um gosto amargo no final da sessão.
João Pedro Fávero
Em “O Despertar da Força”, trinta anos se passaram desde que os Rebeldes venceram o Império, mas uma nova ameaça, bem semelhante à já enfrentada nos filmes da trilogia original, entra em cena para governar a galáxia. Chamada de Primeira Ordem, o grupo liderado pelo Supremo Líder Snoke (Andy Serkis), por seus pupilos Kylo Ren (Adam Driver) e General Hux parece ter sido inspirado no regime Nazista e segue a mesma agenda do Império, incluindo os mesmos planos que fracassaram antigamente – como a Estrela da Morte, dessa vez maior e com um nome diferente: Starkiller. A única esperança da Resistência é Luke Skywalker e seu paradeiro é desconhecido.
Na verdade, o novo filme parece mais um remix do que uma sequência ou um remake. Han Solo (Harrison Ford) nesse filme faz a função de guia da jornada de Rey e Finn, o mesmo papel antes exercido por Obi-Wan Kenobi. Maz Kanata faz as vezes de Yoda, aconselhando sobre o universo Jedi, e o androide BB-8 traz a comicidade antes pertencente à R2D2 e C3PO.
As semelhanças com o primeiro filme não param aí: temos um androide com os planos que podem ajudar os mocinhos (a localização de Luke Skywalker), que cai em um planeta desértico e encontra uma companheira em Rey (Daisy Ridley). Mas o filme começa mesmo quando o Stormtrooper Finn se encontra com os dois, após se rebelar e soltar o prisioneiro rebelde Poe Dameron (Oscar Isaac), colocando a todos na mira da Primeira Ordem. A partir daí, a história segue levando o público a encontrar figuras familiares e outros novos personagens que emanam o espírito e o papel exercido por velhos conhecidos da saga.
É compreensível a decisão feita pelo diretor J.J. Abrams. Ao tentar inovar nos personagens e mudar o tom dos filmes na trilogia dos anos 2000, focando mais em batalhas com os sabres de luz do que na história em si, George Lucas foi criticado pelos fãs. Não que aqueles filmes tenham sido injustiçados, mas a memória tende a piorá-los – é possível afirmar que a segunda trilogia, mesmo sendo mais atual, envelheceu muito pior que à lançada na década de 80.
Abrams não quis repetir o mesmo erro. Assim, manteve o conceito de monomito, agarrado no estruturalismo e utilizado no primeiro filme da franquia para guiar a história da personagem principal, além de optar pelo uso de efeitos práticos (o grande truque dos Star Wars originais), deixando os efeitos especiais de hoje somente para ocasiões necessárias, como na captura de movimento usada para moldar Snoke e Kanata. Além disso, a protagonista feminina Rey tem muito carisma e é a melhor personagem do filme. Kylo Ren começa o filme imponente como Darth Vader, mas sua presença decai com o andamento do filme. Os personagens mais antigos servem como apoio para os estreantes tomarem o filme, não ocupando espaço na trama.
Por fim, “O Despertar da Força” é a melhor sequência desde o final da trilogia original, e faz com que você sinta estar assistindo a um legítimo filme de Star Wars. Todavia, fica devendo em uma história mais robusta ou original, sendo apenas uma diversão momentânea.
Igual Jurassic World? Classifico-o também como “sem nenhuma novidade”, apesar de ser um filme excelente, assim como a história de Jurassic Park com adição de mais efeitos visuais, a história também é muito parecida em ambos. Star Wars VII achei parecidíssimo com o episódio IV. Acho que vivemos em uma era de recesso intelectual. Felizmente tivemos Avatar que foi uma das idéias mais geniais dos últimos tempos da indústria cinematográfica. Uma sugestão para o site, deveria incluir uma sessão de games se possível, pois há muita semelhança com o novo mundo cultural que está se formando.
É, talvez esse paralelo seja possível sim. E a seção de games já está em andamento, mas agradecemos o comentário, volte sempre! 🙂