A Short n’ Sweet Tour! é a primeira turnê de arena da cantora (Foto: Sabrina Carpenter)
Marcela Jardim
Com os hits Espresso, Please Please Please e Taste, o sexto álbum da cantora Sabrina Carpenter ganhou uma turnê mundial com prováveis datas na América Latina. Short n’ Sweet foi lançado em Agosto de 2024 e conta com 12 faixas cuidadosamente produzidas, revelando uma maturidade artística impressionante. O single Taste teve um videoclipe muito bem executado, protagonizado pela artista junto a atriz Jenna Ortega, e conta com mais de 100 milhões de visualizações no Youtube em menos de três meses de lançamento.
A Short n’ Sweet Tour! iniciou um mês após o lançamento do disco, em Columbus, Ohio, trazendo uma produção impecável e um show repleto de energia e emoção. Carpenter passou por 25 estados norte-americanos até Novembro e, então, retornará aos palcos em Março de 2025, em Dublin, capital da Irlanda, iniciando a etapa europeia da turnê. Durante uma apresentação inesquecível, a cantora revelou em um show que o Brasil está nos planos, gerando enorme expectativa entre os fãs latino-americanos.
A setlist oficial da Short n’ Sweet Tour! é um espetáculo cuidadosamente planejado, com 20 canções que capturam a essência da artista. As 12 faixas do aclamado álbum Short n’ Sweet são acompanhadas por hits de seu trabalho anterior, emails i can’t send (2022), formando um repertório equilibrado e eletrizante. O show começa com o contagiante single Taste e culmina de forma apoteótica com o irresistível hit Espresso.
A produção é um verdadeiro deleite visual, com Sabrina Carpenter trocando entre quatro figurinos deslumbrantes. As peças exibem modelos únicos, cores vibrantes e, claro, muito brilho, com a assinatura inconfundível da artista: suas icônicas botas de plataforma reluzentes. Do sofisticado baby doll combinado com lingerie colorida ao macacão preto rendado adornado com penas, passando pelo conjunto de top e saia brilhantes, cada look reflete o estilo ousado e criativo de Carpenter, elevando ainda mais a experiência do espetáculo.
Como prova da paixão de seus fãs, o aplicativo Sabrinalert virou sensação. Criado para adivinhar os figurinos de cada show, o app viralizou no X e no Instagram, gerando uma onda de empolgação. Jovens admiradores se divertem especulando as cores, texturas e detalhes das peças, mostrando como a turnê transcende a música e se torna um verdadeiro evento cultural.
Com o sucesso, com certeza, vêm as polêmicas que a cantora não conseguiu escapar. Nas redes sociais, usuários acusaram a artista de usar playback em algumas músicas, teorizando que ao menos 30% é dublagem, 30% é backing track e apenas 40% ela está realmente cantando. “Eu canto ao vivo em todos os shows 100%. Vocês gostariam de falar com meus engenheiros de áudio?”, provocou Carpenter.
Porém, esse não foi o único alvoroço da Short n’ Sweet Tour!, visto que muitas pessoas demonstraram desconforto com a sensualidade de algumas partes do concerto. Desde o lançamento de Feather, single de seu quinto disco, em que a compositora aparece dançando em cima do altar de uma igreja, e de sua performance no VMA, ela recebe críticas por seu conteúdo ser considerado sensual demais.
A cantora declarou à imprensa que não liga para as acusações e, caso alguém se sinta desconfortável, que não vá ao show. Além disso, durante o ato de Bed Chem, um dos mais polemicos em razão da encenação de uma cena de sexo com um de seus dançarinos atrás de uma cortina, Carpenter fez inocentemente uma brincadeira infantil com seu parceiro, batendo as mãos e alfinetando os críticos de plantão.
A particularidade das apresentações da compositora foram um dos grandes destaques de sua última turnê. Uma das estrofes finais de Nonsense, em que a cada show a cantora alterava uma parte da letra da canção, não acontece mais. No entanto, durante um trecho da performance de Juno, Carpenter encena uma posição sexual distinta a cada noite, dialogando com um trecho da música: “Quer experimentar algumas posições esquisitas? Já tentou essa daqui?”.
Não somente, antes do início da mesma faixa, a cantora prende alguém da plateia por ser muito bonito(a) – com algemas rosas –, consolidando momentos de proximidade, divertimento e descontração com seus fãs. Outro acontecimento interessante: o giro de uma garrafa de cerveja no palco para decidir qual será a música surpresa da vez, podendo ser de outras artistas como ABBA, Madonna e Shania Twain, ou dela mesma.
A Short n’ Sweet Tour! posiciona Sabrina Carpenter como uma artista ousada e multifacetada, capaz de provocar e cativar simultaneamente. Sua habilidade de conectar-se com o público por meio de performances dinâmicas e interativas, como o uso de elementos surpresa e momentos de descontração com os fãs, é louvável e reforça sua autenticidade. Contudo, o teor fortemente sensual de seus shows e a abordagem provocativa em músicas como Juno e Bed Chem têm gerado divisões.
Parte do público enxerga essas escolhas como uma evolução criativa que reflete seu amadurecimento artístico, enquanto outros as veem como uma apelação que desvia a atenção de seu talento vocal e composicional. O resultado é uma turnê que, embora marcante, levanta questionamentos sobre o equilíbrio entre Arte, provocação e estratégia comercial.
Ainda que polarizadora, a tour consolida sua identidade artística, mostrando que Carpenter não teme arriscar e romper expectativas. Suas respostas afiadas às críticas, sejam sobre playback ou sensualidade, demonstram autoconfiança e um desejo de se afirmar como mais do que apenas uma cantora pop: uma performer completa.