Guilherme Luis
Os Jovens Titãs em Ação Nos Cinemas! é o mais novo filme do universo DC e, dessa vez, animado. A história acompanha esse grupo de super-heróis desconhecidos, jovens, inexperientes e… que não tinham relevância para ganhar o próprio filme. A jornada, portanto, é essa: os Jovens Titãs querem seu próprio filme e vão ter que se provar dignos de tal. Durante o filme. E eles lutam pra ter um filme. Sim, esse é um dos trabalhos mais metalinguísticos dos últimos anos.
Seguindo o estilo do excelente “Lego Batman” (2017), a nova animação pretende uma única coisa: soar o mais divertida, bizarra e inusitada possível. Diferente de Lego Batman, Jovens Titãs não tem limite na zoeira: a produção não descarta nenhum super-herói, filme (seja Marvel ou DC), acontecimento da indústria de filmes do gênero, ator ou personalidade e até filmes da Disney (!!!) tem espaço para a tiração de sarro aqui. O mais interessante é que nenhuma das piadas soa repetitiva, cansativa, chata, infantil, gratuita ou de mal gosto. É tudo feito com um grande cuidado, e é visível o trabalho que houve por trás para que o humor se encaixasse organicamente e não estivesse ali por estar, mas sim para agregar à narrativa. E, é claro, é interessantíssimo ver a DC sabendo rir de si mesma. Não vou citar nenhum momento para não estragar a surpresa, mas imagine qualquer das inúmeras vergonhas que a DC já passou nessa jornada de filmes de super-herói – ela vai ser citada, vai ser zoada.
Tal narrativa que se faz bastante simples. Apesar de ser uma ótima pedida para os adultos (com momentos e piadas que só eles vão entender), o roteiro se preocupa em estabelecer um arco dramático ao qual as crianças podem se identificar muito. Robin representa um tanto de gente quando se vê incapaz de se igualar aos grandes ídolos – e então luta para mostrar seu valor. Ele quer ser um super-herói de respeito na companhia de seus melhore amigos – quem nunca?
A dublagem é um espetáculo à parte. Não vi no original, mas a brasileira se faz como peça essencial do filme, visto que os dubladores estão com esses personagens há tanto tempo. O caráter que suas vozes imprimem a cada personagem é incrível (a Ravena só soa tão mal-humorada e entediada graças ao excelente trabalho de voz de Mariana Torres). As piadas são todas bem adaptadas ao português e, quando necessária, são deixadas em inglês mesmo (como o nome do vilão, que é Slade em vez de Exterminador).
A animação é fofa e segue o estilo do desenho da TV, com inovações pontuais. No início parece estranho de tão parecido que é, pois causa a impressão de se estar assistindo a um desenho televisivo só que no cinema. Contudo, o espectador acaba se acostumando e entendendo que aquele tipo de animação casa com a proposta despretensiosa do filme.
Importante destacar também que o filme é muito musical e que elas são bastante usadas na condução da narrativa. Por vezes, entretanto, soam cansativas (por serem longas, barulhentas ou estridentes demais) e esse é um ponto que deve agradar somente e exclusivamente aos pequenos. Sua função no enredo é até pedante, em alguns casos, trazendo algumas resoluções pra história que soam quase como um “Deus Ex-Machina”.
Sendo, por fim, uma mistura do melhor de “Lego Batman” e “Deadpool”, “Jovens Titãs em Ação Nos Cinemas!” é tão engraçado, aventuresco, despretensioso e referencial quanto eles. Não traz uma história tão inovadora mas diverte – principalmente seu público-alvo. Vale um destaque maior do que está tendo em meio a tanta mesmice nos filmes de super-heróis. Uma das grandes surpresas do ano e uma ótima pedida pros que não vão se arriscar em “A Freira”. Fiquem para a cena pós-créditos!