Milena Pessi
Se você está já terminou de assistir as seis temporadas de Grace and Frankie e não vê a hora da próxima ser lançada, O Método Kominsky é uma ótima opção pra matar a saudade dessa vibe cômica. Mas cuidado, as chances de se apaixonar pela série são muito grandes. Criada em 2019 por Chuck Lorre, nome que assina os grandes sucessos Two And A Half Men e The Big Bang Theory, Kominsky conta a história de amizade entre Sandy Kominsky e Norman Newlander. Encarando os desafios e os questionamentos da terceira idade, como crises existenciais, o medo da morte, a perda de amigos e pessoas amadas, doenças inesperadas e questionamentos sobre a vida.
Após quase 50 anos longe da televisão, a grande estrela de Hollywood Michael Douglas faz sua volta triunfante em O Método Kominsky. E ainda num papel que lhe rendeu um Globo De Ouro de Melhor Ator em Série de Comédia em 2019. Douglas interpreta Sandy, um ator com uma carreira estagnada e até em decadência. Sandy, sem grandes feitos no currículo recente, abre uma escola de atuação, junto com sua filha Mindy (Sarah Baker) em Los Angeles. Isso com o objetivo de treinar novos talentos que sonham em se tornarem grandes nomes do cinema. Ele é um homem da terceira idade que após três divórcios está aprendendo a amar novamente, e que apesar de encontrar muitos problemas por causa de sua idade, encara a vida com muito bom humor.
Sua dupla dinâmica é Alan Arkin. Ator e diretor norte americano, ele é conhecido por Argo e por interpretar o amoroso avô de Olive em Little Miss Sunshine (papel que lhe rendeu um Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em 2006). Arkin foi a escolha certa de Chuck Lorre para contracenar com Michael Douglas em sua nova série da Netflix, principalmente pela química dos vovôs. Arkin vive o renomado e bem-sucedido produtor de cinema Norman Newlander, que é obrigado a encarar um dos acontecimentos mais tristes de sua vida: a perda do seu grande amor para o câncer, a sua esposa Eileen (Susan Sullivan). Então a amizade e o apoio que recebe de seu amigo, e cliente, Sandy o fortalece para continuar.
A primeira temporada de O Método Kominsky nos mostra Norman aprendendo a viver um novo capítulo de sua vida: aquele no qual sua esposa não faz parte. Além de dar introdução à relação problemática que cultiva com sua filha Phoebe (Lisa Edelstein), viciada em drogas por mais de vinte anos, fora isso o homem lida com o reencontro a antiga namorada Madelyn (Jane Seymour). O personagem de Michael Douglas, por sua vez, encontra, após três casamentos falhos, uma nova chance de amar com Lisa (Nancy Travis), uma de suas alunas de teatro. Sandy ainda bate de frente com dificuldades financeiras por ser um ator sem muito sucesso, e lida com problemas que um corpo de 74 anos apresenta.
Na segunda temporada da série de Chuck Lorre, o personagem com grande destaque é Norman e as relações que está criando tanto com sua nova namorada quanto com sua filha. É lindo assistir o personagem de Alan Arkin, que antes pensava não ser possível se apaixonar por outra pessoa após a morte de Eileen, aprendendo a amar novamente com Madelyn e a perdoar Phoebe após tantos anos. Enquanto isso, Sandy é apresentado ao novo integrante da família: Martin, seu genro que possui quase a sua idade. No começo, ele fica meio receoso com o fato de Mindy estar namorando um homem bem mais velho, mas após o conhecê-lo, surge ali uma amizade inesperada.
Apesar de já possuir um elenco principal de muito peso, O Método Kominsky recebeu, em seu segundo ano, muitas participações especiais que deram um charme a mais para série. Allison Janney, atriz de Mom, vivendo si mesma, convidada de Mindy, para dar uma aula sobre atuação na escola de Sandy. Paul Reiser, o já citado novo namorado de Mindy, além de Haley Joel Osment, o menino de O Sexto Sentido, como Robbie, neto de Norman, e sua irmã Emily Osment (a Lilly de Hannah Montana), interpretando uma das alunas de teatro de Kominsky. Também bateu o ponto Kathleen Turner, parceira de Michael Douglas em diversos filmes, que retoma sua parceria na série de Chuck Lorre no papel da ex-mulher de Sandy e mãe de Mindy.
O Método Kominsky possui atuações impecáveis, participações pra lá de especiais, um texto muito inteligente regado à ironia e muito bom humor, marca registrada de Chuck Lorre. Mesmo com dois personagens principais marcantes e uma história interessante, continua sendo uma das séries mais esnobadas da Netflix e do Emmy. Em 2019, recebeu apenas duas indicações: Melhor Ator em Comédia para Michael Douglas e Ator Coadjuvante para Alan Arkin, não ganhando nenhuma das duas. Em 2020, competindo pelo segundo ano da série, não houve muita diferença. Com Kominsky indicado à Melhor Série de Comédia e nas mesmas duas categorias de atuação do ano anterior. Mesmo com sua alta qualidade, infelizmente, a chance da série receber algum dos prêmios é muito pequena.
Prêmios a parte, a química existente entre Michael Douglas e Alan Arkin é surreal. Sempre que estão contracenando, parece que assistimos mais um dia na vida de Sandy e Norman, enfrentando as dificuldades de serem pessoas na terceira idade, e não uma cena ensaiada, com os diálogos preparados por uma grande equipe. A história é interessante, com textos astutos cheio de sarcasmo, humor e referências, personagens bem estruturados e reflexões importantes. Mas o que a diferencia das outras séries é a inexplicável troca entre os dois personagens, fazendo ser impossível assistir apenas um episódio, a maratona é indispensável aqui. Independente de ganhar ou não um Emmy esse ano, O Método Kominsky é a série da Netflix que vale a pena ser assistida.