Gabriela Bita
Após 16 anos sendo o Dragão Guerreiro, Po volta às telas com a missão de se tornar Líder Espiritual do Vale da Paz. Em Kung Fu Panda 4, o jovem panda enfrenta uma jornada dupla enquanto busca um sucessor e luta contra a nova vilã da franquia. Divertido para as crianças e para aqueles que cresceram acompanhando a saga do protagonista, o filme é um ótimo acréscimo para o acervo da Sessão da Tarde, mas, infelizmente, não alcança o patamar consolidado por seus predecessores.
O roteiro de Jonathan Aibel e Gleen Berger possui pontos fracos que trazem um tom comum para a narrativa. Além da previsibilidade da história – logo nos primeiros dez minutos já é possível saber qual será seu desfecho –, é inevitável sentir um déjà-vu enquanto as cenas passam pela tela; é como se o longa já tivesse sido produzido anteriormente. Aibel e Berger pecam ao não incluírem uma quebra de expectativa ao enredo, levando a quarta produção da franquia a cair na mesmice e manter um clima monótono do início ao fim.
Um dos tópicos mais aguardados nos filmes da saga são os vilões. Em Kung Fu Panda 4, a Camaleoa tem seu potencial pouco explorado; há marcas em sua personalidade e história que, com um pouco mais de desenvolvimento, fariam da personagem uma vilã digna de comparação com Lord Shen. O mesmo vale para a luta final entre o Dragão Guerreiro e sua inimiga, ainda que o combate carregue um sentimentalismo, o tempo curto de tela reservado para a cena não permite que a emoção dure por muito tempo.
Apesar de utilizar o lado sensível e comovente que acompanha a história de Po desde o primeiro filme, na produção de 2024, Mike Mitchell se retrai na direção e a questão é explorada de forma mais rasa, tanto para o personagem principal quanto para os secundários. Pela proposta descrita na sinopse, seria condizente a trama possuir um drama acentuado, visando potencializar o fim do ciclo de Dragão Guerreiro de Po.
A dublagem brasileira ganha destaque na obra. Taís Araújo e Danni Suzuki brilham como a Camaleoa e a raposa Zhen, respectivamente. As personalidade das personagens sob as vozes de ambas são muito bem construídas e caracterizadas. O veterano na franquia, Lúcio Mauro Filho, continua a dar voz ao querido panda e cativa o público com o tom divertido e já conhecido de Po.
Kung Fu Panda 4 exala diversão, mas apresenta pontos que deixam a desejar quando levado em consideração sua posição na franquia. Apesar das falhas, o apego com a história e com os personagens não deixa com que a quarta aventura de Po caia no esquecimento. O longa é uma produção que vai para a lista de ‘filmes para passar o tempo’, aqueles que são assistidos em um domingo à tarde ou quando é necessário desligar a mente da correria do dia a dia.