Ettory Henrique Rios Jacob
Todos nós passamos por uma grande pressão durante o final do Ensino Médio e início da universidade. E não é incomum vermos pessoas que tem toda a sua vida traçada em um sonho desde criança. Essa é a premissa do novo filme da Netflix, Dançarina Imperfeita, que apresenta uma jovem no final do colegial certa sobre o seu futuro.
O filme começa com a protagonista Quinn (Sabrina Carpenter), uma garota que dedicou todos os seus anos na escola para entrar na sua universidade dos sonhos: a Duke. Aulas de instrumentos clássicos, projetos de caridade e trabalho voluntário no asilo da cidade foram recorrentes em sua vida para garantir seu plano. Jasmine (Liza Koshy), a melhor amiga e co-protagonista, por outro lado, dedicou seu tempo para praticar sua atividade favorita, que é a dança. Elas se conhecem ainda quando crianças nas aulas de ballet, mas Quinn mostrou-se uma negação para a prática.
No último ano escolar, de acordo com o planejamento de Quinn, era ano de entrar na Duke. A garota estava preparada, tinha todas as respostas prontas, fichas das atividades que participou e histórias que acreditava que iriam impressionar o avaliador. Mas o inesperado aconteceu. Uma inspetora diferente do usual acabou por quebrar as expectativas e planos da protagonista, o que a fez mentir sobre participar do grupo de dança regionalmente conhecido de sua escola. É certo que ela não mentiu, de fato Quinn fazia parte do grupo, mas apenas cuidava das luzes. Agora, ela e Jasmine vão ter que liderar uma equipe desajeitada para a vitória do campeonato regional de dança.
Dançarina Imperfeita com certeza não é o filme com o melhor roteiro ou melhor clímax. A produção consiste em mais um clichê adolescente com músicas, elementos da cultura pop atual e muitas coreografias. Apesar disso parecer um ponto negativo, ele exerce muito bem o papel de filme adolescente no mais puro estilo Disney Channel. Certos pontos da trama são realmente engraçados e o elenco apresenta uma sinergia excepcional. Em destaque temos a atriz Liza Koshy, que ganhou fama pelo seu humor cativante em vídeos do seu canal do Youtube
O crescimento dos personagens durante o filme também é interessante. Por ser voltado ao público jovem e pré-adolescente, o enredo poderia facilmente criar uma evolução rápida, tornando-os melhores dançarinos logo no início. Mas ela é feita de forma gradual, e, dentro dos primeiros trinta minutos da trama, há dúvida se o time, principalmente a protagonista, conseguirá evoluir na dança. Contudo, o final continua sendo um clichê para o gênero, a condução da narrativa torna evidente qual será o encerramento proposto, além de utilizar a clássica fórmula da mocinha e do galã com um passado sombrio.
O galã da história é outro destaque importante. Com um catálogo de produções originais onde os mocinhos são, em sua maioria, homens brancos e musculosos, em Dançarina Imperfeita o personagem Jake, interpretado por Jordan Fisher, é mais representativo por ser negro. Ele também apresenta um comportamento menos tóxico que os demais em filmes da própria Netflix, como A Barraca do Beijo. Porém, ainda não é o momento em que o serviço de streaming apresenta corpos gordos como personagem principal de um romance.
Antes mesmo de ser lançado, o filme recebeu uma série de críticas. Logo nos primeiros segundos, o trailer promocional mostra a personagem principal pedindo para Beyoncé abençoar seus movimentos durante a competição de dança. Com isso, uma série de questões foram levantadas quanto a constante insistência da Netflix em protagonizar histórias com atores brancos e dar aos atores negros apenas o papel de amigo do protagonista.
Dançarina Imperfeita não irá mudar o que conhecemos como filme adolescente e dançante. Mas caso queira assistir um conteúdo engraçado e um pouco clichê, ou apenas algo para passar o tempo, ele é uma boa opção. Em tempos que dia após dia notícias desesperadoras aparecem nos jornais, programas como este, no maior estilo teen e água com açúcar, ganham espaço.