A Freira 2 é tão aterrorizante que até mesmo encarar a tela se torna um desafio assustador

Imagem escura de uma cena do filme 'A Freira II'. No centro, um homem jovem de pele clara, cabelos escuros e cacheados. Seus olhos estão em um verde brilhante, boca aberta, e um líquido preto escorre por sua face na região da cabeça, olhos e boca. Ao fundo, vê-se a silhueta de uma freira com uma luz azul intensa ao redor. O cenário se passa em um ambiente antigo.
A Freira 2 adiciona mais um item na coleção do universo Invocação do Mal (Foto: Warner Bros. Pictures)

Guilherme Barbosa

Em 2013, James Wan apresentou ao mundo Invocação do Mal, filme que deu início a um universo repleto de histórias que se conectam entre si, criando uma instigação nos espectadores a fim de acompanhar todas as narrativas que compõem esse espaço sombrio. Uma década depois, em 2023, o diretor Michael Chaves, que dirigiu o ‘esquecível’ Invocação do mal 3: A Ordem do Demônio, adiciona um novo capítulo para essa coleção com A Freira 2, continuação da história que se iniciou em 2018, quando não funcionou tão bem. Dessa vez, o longa não apenas manteve o mesmo caminho, mas até mesmo intensificou, o que resultou em uma experiência que, em comparação, pode ser considerada ainda mais decepcionante.

Embora a premissa seja amedrontadora, o novo projeto não apresenta muitas inovações no enredo em relação ao seu antecessor. Em 1956, após os acontecimentos do primeiro filme, um padre é assassinado e a suspeita da propagação do mal se mostra cada vez mais verdadeira. Ao pensar que havia escapado de Valak, a entidade demoníaca, a Irmã Irene (Taissa Farmiga), novamente é convocada para investigar as ocorrências e encarar, mais uma vez, esse inimigo.

As semelhanças com o longa anterior não se limitam exclusivamente ao roteiro. A atmosfera sombria e os sustos previsíveis são elementos que parecem ter sido reciclados, deixando o público com uma sensação de déjà vu. A falta de originalidade no desenvolvimento da trama contribui para uma narrativa que não consegue sustentar o mesmo nível de tensão e interesse que Invocação do Mal e Invocação do Mal 2 proporcionaram. Esperava-se que fosse apresentado uma certa evolução, porém, a repetição de alguns pontos gerou uma decepção nos fãs.

Imagem vertical, ao fundo há uma porta e em sua esquerda tem uma estante com livros antigos. No centro está a personagem Irmã Irene, uma mulher branca, utilizando vestes de freira, uma roupa longa e preta. Atrás dela, à sua direita está a Irmã Debra, uma mulher preta que usa as mesmas vestimentas.
O novo longa não consegue manter o mesmo sucesso de Invocação do Mal, criado por James Wan (Foto: Warner Bros. Pictures)

Apesar de contar com um bom elenco, a presença de nomes reconhecidos não consegue compensar as lacunas do roteiro. Taissa Farmiga, de novo no protagonismo, oferece uma atuação competente, no entanto, a falta de desenvolvimento significativo da personagem compromete o envolvimento do espectador. Stormi Reid (Euphoria), que interpreta a Irmã Debra, tem seu brilho apagado, de certa forma, devido à ausência de crescimento e profundidade da beata. O protagonismo da Freira, que dá nome ao filme, se mostra ter sido ignorado, resultando em cenas de destaque escassas e uma falta frustrante de intensidade, terror e violência. A ausência de progresso nos arcos principais também deixa a desejar, o que prejudicou a capacidade do projeto de alcançar as expectativas criadas por conta do elenco famoso.

A Fotografia de A Freira 2, realizada por Tristan Nyby, mantém a estética gótica e a paleta de cores sombrias, características marcantes do universo cinematográfico criado por James Wan. A direção de Michael Chaves tenta capturar a essência do Terror, mas o resultado final é uma repetição de clichês que já foram explorados em filmes anteriores do mesmo gênero. A falta de inovação, tanto no aspecto visual quanto no narrativo, contribui para a sensação de que a obra é mais uma tentativa de capitalizar o sucesso do original do que algo autêntico e memorável por si só.

Imagem retangular. Ambiente escuro cheio de escombros de construção, como pedras e pedaços de madeira. Na imagem há quatro pessoas presentes, na esquerda, está a personagem Irmã Irene, uma mulher branca, utilizando vestes de freira e um salto de baixa altura. Em sua mão direita há uma lanterna e o lado esquerdo de seu rosto, em evidência na imagem, está mais escuro por conta de uma sombra. Ao fundo, no centro, está a personagem Irmã Debra, uma mulher preta, também utilizando as vestes de freira e salto de baixa altura. Em sua mão esquerda também há uma lanterna e a luz gerada ilumina seu rosto. Na esquerda, estão as personagens Sophie e Kate de perfil, Sophie está em evidência na foto, uma mulher branca de cabelo preso utilizando um macacão marrom e camiseta listrada. Ao lado aparece apenas a silhueta de Kate, que é uma mulher branca.
O roteiro consegue deixar a experiência com o novo filme pior do que o seu irmão mais velho (Foto: Warner Bros. Pictures)

As cenas assustadoras presentes durante os 110 minutos de duração do longa falham, na maioria das vezes, em gerar, de fato, susto ou medo nos espectadores. Com a previsibilidade presente em todas as cenas, a audiência já espera que pode se assustar, decepcionando na criação do suspense. Mesmo com a adição de um elemento feito para assustar, como o bode que foi criado para fazer uma alusão ao diabo em uma brincadeira entre as crianças da história, o filme ainda mantém a previsibilidade e não gera maiores emoções no público.

É evidente que, por se tratar de um longa-metragem que faz parte do universo de Invocação do Mal, A Freira 2 é um longa que reverbera na mídia, mas por pouco tempo. Ele mostra que se trata de um filme criado para o público não muito exigente do Terror, que o coloca como plano de fundo em encontros com amigos. Mesmo com um roteiro fraco e com muitas lacunas, Michael Chaves poderia ter feito um trabalho diferente e tentar contornar os problemas que aconteceram em seu irmão mais velho. Contudo, pela falta de inovação e a repetição de erros, The Nun 2 (no original) não se destaca e se torna uma obra muito fácil de ser esquecida pelo público.

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