The Vampire Diaries já fez 15 anos e não vai sair tão cedo do nosso cangote

os três protagonistas estão direcionados para a frente. Damon é um homem branco de cabelos pretos e olhos azuis penetrantes. Ele usa uma camiseta básica preta. Elena é uma jovem branca, magra, de cabelos castanhos lisos e olhos também castanhos. Veste uma blusa verde e uma jaqueta de couro. Stefan é um homem branco de cabelos castanhos, lábios finos e sobrancelhas grossas. Também usa uma camisa preta. Ao fundo, a sala da mansão Salvatore desfocada, com abajures de luzes amareladas.
Elena Gilbert tem o espírito de heroína que faz de tudo para proteger quem ama, apesar de parecer tão indefesa (Foto: The CW)

Beatriz Apolari

Em Setembro de 2009, aquela que poderia ser só mais uma história de vampiros viu a gloriosa luz do dia. A série The Vampire Diaries – ‘TVD’ –, da rede norte-americana de televisão The CW e dirigida por Marcos Siega, estreou com uma audiência de 4,91 milhões de espectadores e, até seu encerramento, em 2017, colecionou milhares de fãs. O show tem inspiração na saga de livros homônima, lançada em 1991 por Lisa Jane Smith, mas diverge da literatura em pontos que vão desde a aparência e sobrenome de alguns personagens, até a criação de novos.

Desenvolvida e produzida por Julie Plec e Kevin Williamson, a série Diários de Um Vampiro (na tradução para o português) está viva na memória afetiva de uma geração apaixonada por triângulos amorosos e vampiros. O engraçado é que, reassistir aos primeiros capítulos de ‘TVD’, faz com que Crepúsculo volte à mente de forma nada despretensiosa. A protagonista é apresentada como uma menina indefesa e sem muita personalidade, ela se encontra apreensiva para uma nova etapa de aulas na escola quando, de repente, dá de cara com um rapaz misterioso de topete, jaqueta de couro e óculos escuros, que transforma sua vida para sempre. Soa familiar? De fato, já vimos algo parecido na obra de Stephenie Meyer, mas não se engane: a série consegue explorar esse universo místico com uma maestria surpreendente, o que deixa a produção muito maior que um coração indeciso e sangue falso pingando na tela.

A trama acompanha a vida de Elena Gilbert (Nina Dobrev), uma adolescente que acabou de passar pelo trauma da perda dos pais em um acidente de carro. Ela vive com seu irmão caçula, o jovem revoltado Jeremy Gilbert (Steven R. McQueen), e sua tia, Jenna Sommers (Sara Canning), na pacata cidade de Mystic Falls. Sua vida ganha um novo tom de adrenalina quando conhece Stefan Salvatore (Paul Wesley), um rapaz misterioso que acaba de dar as caras na cidade. Com ele, vem também o irmão sarcástico Damon Salvatore (Ian Somerhalder), que parece estar empenhado em atrapalhar a felicidade de Stefan. Bem, você já deve ter imaginado que os irmãos Salvatore são vampiros e vértices do triângulo amoroso com Elena.

Stefan e Damon, ambos usando casacos de couro, na praça de Mystic Falls. Está de noite, e é possível ver o prédio da prefeitura ao fundo.
A série disponibiliza uma dupla de ‘crushes’ para todos os gostos: o moreno sarcástico e o cavalheiro simpático; ambos estão prontos para matar por você (Foto: The CW)

A dupla de galãs já costumava viver em Mystic Falls quando foram transformados, em 1864. Uma certa rivalidade entre eles surge por conta da disputa pelo amor de Katherine Pierce (Nina Dobrev), uma vampira idêntica à Elena, que, supostamente, morreu na mesma noite em que os irmãos tornaram-se seres sobrenaturais. Katherine, até então, só aparece em flashbacks, mas podemos perceber que suas únicas semelhanças com Gilbert são a aparência física e a posse do coração dos Salvatore. E aqui, Dobrev prova que está preparada para viver desde a mais sofrida das ‘mocinhas’ até a mais vil das antagonistas.

Contudo, é importante salientar que a série não explora somente a natureza dos vampiros, mas também de bruxas e lobisomens, por exemplo. No time das bruxas, a estrela é Bonnie Bennett (Kat Graham), melhor amiga de Elena que aprende a dominar seus poderes ao longo da temporada. Já como representante dos lobos, há o volátil Tyler Lockwood (Michael Trevino), que ainda não sabe sobre seus genes sobrenaturais. Em tese, nós telespectadores também não deveríamos saber até a segunda temporada, mas todos os takes de Tyler com uma lua cheia desproporcionalmente grande ao fundo passam o recado aos mais atentos.

Dentre os personagens que passam 100% humanos pelos 22 episódios, temos um destaque para Caroline Forbes (Candice King), que começa sendo uma ‘patricinha’ muito mesquinha e evolui para uma amiga bem menos desprezível. E é apenas uma prévia da grande personagem que ela se torna nas temporadas seguintes. Outro humano de destaque é Alaric Saltzman (Matthew Davis), que se mostra mais interessante que qualquer outro hater de vampiros por conta de seu passado trágico com Isobel Flemming (Mia Kirshner).

Elena Gilbert no cemitério de Mystic Falls. Ela usa uma blusa vermelha e jaqueta de couro. Ao fundo, vemos a lápide de seus pais envolta em névoa.
Elena Gilbert tem o espírito de heroína que faz de tudo para proteger quem ama, apesar de parecer tão indefesa (Foto: The CW)

Sabemos que nem tudo que amamos é perfeito, então chegou a hora de tratar dos tropeços. A série começa comprometida com a premissa dos diários mantidos pelos personagens principais, Elena e Stefan. Dessa forma, o recurso da narração – como se aquele texto estivesse sendo escrito – é altamente explorado, principalmente do ponto de vista da ‘mocinha’. Contudo, essa dinâmica começa a ser deixada de lado e a série perde um dos elementos que dá nome ao projeto.

As maiores falhas na direção e no roteiro estão nos primeiros episódios, principalmente no piloto. É importante citar a inexplicada relação de Damon com os corvos e a neblina, que o acompanham no primeiro episódio. Como ele fazia isso? Por que fez? Por que parou? Jamais saberemos. A direção do programa de estreia também parece um pouco mais perdida e dramática. Por vezes, Marcos Siega abusa de sequências com cortes dramáticos focados no rosto dos personagens para desesperadamente tentar trazer o clima de mistério. Além disso, o piloto é editado com músicas pop rock tocando ao fundo o tempo todo, de forma que, assistir se torna desafiador por conta de um ambiente cheio de informações. 

Depois desses escorregos de estreia, The Vampire Diaries se encontra e passa a executar seu papel como série teen de mistério com maestria. Ela entrega romance, amizade, drama, presas e muito suspense. Tudo que precisávamos para maratonar em 2009 – e hoje em dia também. Cada fim de episódio é pensado para atingir o clímax para te fazer sair correndo para ver o próximo. É, sem dúvida, o puro suco da década de 2000: sombrio e melodramático, do ‘jeitinho’ que amamos.

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