Toy Story 3 mostra que a franquia conseguiu crescer ao lado do público

Relembrar Toy Story 3 traz à tona emoções que confirmam seu papel marcante entre as produções da Pixar (Foto: Reprodução)

Bianca Penteado 

O ano era 1995 e pela primeira vez Woody (Tom Hanks), Buzz Lightyear (Tim Allen) e seus amigos, marcavam presença nas telonas dos cinemas, com Toy Story. O longa-metragem, que pioneiro no uso integral de ferramentas de computação gráfica, teve destaque pela trama incomum que carregava: um mundo onde brinquedos são seres vivos que, na presença de humanos, fingem ser inanimados. O sucesso foi tanto, que o tempo passou e, ao passo que seu público crescia em tamanho e idade, a obra foi sequenciada, com seus enredos amadurecendo paralelamente aos fãs.

Liderando as bilheterias mundiais, Toy Story 3 foi lançado em 2010. No filme, a vida de Andy (John Morris), agora com 17 anos e partindo para a faculdade, não tem mais espaço para seus brinquedos. Os amigos que restaram, incapazes de atrair a atenção de seu dono como antigamente, encaram sentimentos anteriormente pouco explorados: o abandono e a rejeição. 

Em meio a mudanças, os brinquedos, recusando o destino que lhes era proposto – a lixeira ou o sótão –, decidem, exceto por Woody, ir para uma creche em busca de uma nova fase: alegrar outra criança. O cowboy, no entanto, ainda muito apegado ao dono, não consegue se desprender do papel, de uma quase onipresença, que adotou para si ao longo dos anos.

Chegando na creche, os personagens ficam empolgados pela ideia de nunca serem esquecidos ou descartados (Foto: Reprodução)

Após um primeiro olhar, a trama de Toy Story 3 possui um grande potencial de análise. Um filme que cumpre seu papel tanto com o público infanto-juvenil quanto com o adulto. Com uma trama que quebra a expectativa, outrora construída, de uma amizade eterna, o diretor Lee Unkrich, consegue com êxito articular uma profunda humanização nos brinquedos. Em meio a perseguições extremamente previsíveis e um senso de humor afiado, componentes que já fazem parte do caráter das distribuições da Walt Disney Pictures, os protagonistas do longa encaram a ressignificação de seus laços e de suas funções.  

 Lotso (Ned Beatty), o fofo ursinho com cheiro de morango, é um dos vilões mais reais produzidos pela Pixar. Chefe de uma hierarquia de brinquedos construída dentro de Sunnyside, a creche para qual nossos protagonistas foram enviados, ele é fruto da exclusão social. Abandonado e substituído, Lotso acredita que todos os brinquedos não passam de pedaços de plástico destinados ao lixo e que, se ele não foi amado, ninguém deve ser.

Toy Story 3 possui uma carga emocional superior aos irmãos mais novos. Agora, acompanhamos a trajetória dos personagens, vemos brinquedos quebrando outros brinquedos, e torcemos para que, no final, eles voltem a sentir o apreço de uma criança. Em seu momento mais trágico, numa cena que se tornou icônica entre as produções do estúdio, assistimos, emocionados, aos nossos queridos protagonistas desistirem de lutar, encarando a própria morte frente a frente.

Sem escapatória, os amigos dão as mãos, lembrando que, independente da situação, eles têm uns aos outros (Foto: Reprodução)

A animação é, como já esperado, impecável. Ainda que os anos decorridos tenham-na tornado parcialmente ultrapassada quando comparada às produções atuais do estúdio, a obra é sensorial. A execução perfeccionista do detalhamento e das texturas, principalmente do plástico, do tecido e da pelúcia, destacados pelos ambientes coloridos, atribui ao filme Toy Story 3 um caráter quase palpável. 

Toy Story 3, que comemora seu décimo aniversário em 2020, mistura emoção, ação e comédia. Acabou sendo o segundo filme da Pixar a ser indicada ao Oscar de Melhor Filme, depois de UP – Altas Aventuras (2009), e ganhar dois prêmios. Com um brilhante potencial de encerramento, fundamentado na esperança em relação ao futuro, com um fundo musical simbólico de “You’ve Got a Friend in Me”, para muitos, retribui as expectativas e emoções sustentadas pelo público, ao longo dos anos, e marca o fim de uma época na qual cresceram, embalados por essas cativantes aventuras.

Boy, you’ve got a friend in me (Foto: Reprodução)

Um comentário em “Toy Story 3 mostra que a franquia conseguiu crescer ao lado do público”

  1. Muito bom o texto
    Interessante por abranger gerações que foram felizes curtindo as aventuras
    Parabéns Bianca

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